Hugo Okada   |   28/12/2015 10:56

Como construir uma carreira de sucesso na hotelaria

O passo a passo para o sucesso no setor

O que uma pessoa espera quando decide trilhar o caminho da hotelaria? Quais são os anseios e as expectativas quando inicia um curso ou quando finalmente começa a estagiar em um empreendimento? Sabe-se que o setor hoteleiro é multifacetado, possui diversas funções que se encontram em um só ponto: o acolhimento ao hóspede. A hotelaria como indústria é também cheia de oportunidades para quem almeja voos mais altos, mas como chegar ao topo, alcançar a realização profissional dentro de uma área tão diversificada e concorrida? Diversos especialistas dão a sua própria receita do sucesso, com diferentes caminhos, mas todos com duas ressalvas em comum: a necessidade do conhecimento da operação hoteleira e de todas as suas áreas, além, claro, da atualização constante de processos e tendências.

O diretor de Vendas do hotel Holiday Inn Belo Horizonte Savassi, Marcos Nunes, conta que iniciou sua carreira influenciado pelo irmão César, que o aconselhou a matricular-se no curso de hotelaria do Centro Europeu, instituição referência no segmento em Curitiba. Logo começou como estagiário no setor de controladoria de um renomado empreendimento.

“Mesmo fazendo o curso ou estudando em qualquer outra instituição do mundo, você nunca sairá formado como gerente geral. Se você deseja trabalhar com hotelaria, você tem de conhecer e saber desempenhar todas as funções dentro do hotel. Você tem de amar o que faz e estar sempre disponível”, destacou ele.


Marcos Nunes é diretor de Vendas do hotel Holiday Inn Belo Horizonte Savassi

O Mapa da Mina para Estudantes, segundo Marcos Nunes:

1 – SAIBA ONDE QUER CHEGAR – “Desde o início eu já sabia onde queria chegar. Há de se ter um planejamento. Gosto de citar uma frase de Alice no País das Maravilhas, que diz: "para quem não sabe onde está indo, qualquer lugar serve". Isso não se aplica à hotelaria, é preciso fazer exatamente o oposto.”

2 – PLANEJAMENTO - “As pessoas pensam que somente as empresas necessitam de um planajemento estratégico. Enganam-se. Todos precisamos de uma estratégia.”

3 – ESTUDO
– “Estude muito. Nós nunca sabemos o suficiente. Quando você se torna expert em um assunto, há sempre outro à espera.”

4 – TRABALHO DURO – “Na hotelaria, como em qualquer outro setor, há de se trabalhar duro, dando sempre o melhor de si.”

5 – AUTOCONHECIMENTO – “Se você conhece seus pontos fracos, deve conhecer melhor ainda seus pontos fortes e saber como utilizá-los a seu favor.”

6 – NETWORKING – “Desenvolva uma rede de relacionamentos. Muitas pessoas que podem lhe interessar estão no Facebook, Linkedin. Cultive sempre, mesmo empregado. Não pense que o networking só é útil para uma recolocação no mercado”.

As considerações e dicas de Nunes refletem ações e características que devem permear a atuação de todos os profissionais do meio, iniciantes ou não. O fato é que hoje há dezenas de cursos que auxiliam na formação dos profissionais de hospitalidade, mas como esse tipo de serviço garantiu qualidade em um passado não muito distante, quando não se podia contar com as instituições de ensino?


UNIVERSIDADE X MERCADO
Para a professora dos cursos de Hotelaria e tecnólogo em Recursos Humanos do Centro Universitário Senac, em São Paulo, Claudia Martins Pantufi (foto), a diferença encontrada entre os hoteleiros dos anos 1980 e 1990 reside na “qualidade intuitiva” dos serviços no passado. “Nesse período você encontrava profissionais que se desenvolviam na prática. Hoje, você observa pessoas na hotelaria formadas em teoria e prática. É um mercado em constante movimento, e, no Brasil particularmente, ainda em construção, por assim dizer”.

“Quando o aluno possui recursos e tempo disponível para atividades extra-curriculares, como mais horas de estágio, ele consegue identificar as áreas que mais lhe interessam e passa a focar seu desenvolvimento nelas. Se o aluno não conta com essa possibilidade, ao ingressar no mercado de trabalho terá mais dificuldade para encontrar uma área onde se especialize, onde se identifique mais rápido. Mas isso não é necessariamente um “atraso”. Hoje, as empresas têm programas de recrutamento interno que promovem diversas ações para descobrirem, entre os colaboradores, talentos escondidos”, explicou Claudia.

Além disso, para o crescimento profissional é essencial uma boa formação. Outros idiomas, conhecimento de outras culturas, conhecimentos técnicos, gestão de conflitos, conhecimento da demanda do mercado e, principalmente, diante dessa demanda saber o que se tem pra oferecer e o que está faltando. "O profissional deve ter muito bem definido em sua mente no que pretende atuar. Se é um empreendimento com foco no corporativo, se é de lazer, se é do segmento de luxo. Deve também, desde o início de sua carreira, frequentar todas as feiras e eventos que conseguir, criar uma rede de networking e durante o período de estágio e tentar passar por mais de uma área. Isso tudo, mais a vontade, humildade, compreensão e organização, claro”, complementou Claudia.

EFEITO INVERSO
De acordo com a diretora da Ejzenberg Recursos Humanos e especialista em talentos na área de hotelaria, Vânia Ejzenberg, o mercado brasileiro atualmente conta com bons profissionais. “As universidades estão oferecendo melhores conteúdos, estão mais próximas do mercado e formam, sim, ótimos profissionais. Além disso, o País se beneficia de um efeito inverso: profissionais que saíram do Brasil para atuar em outros países estão retornando para o mercado brasileiro”.

Segundo Vânia, “é preciso desmistificar esse caminho estagiário-gerente geral. Nem todo mundo possui vocação para gerente geral. Há pessoas que podem ser ótimos estrategistas, mas que não possuem vocação para tal função. Não há receita, e sim empresas que possuem programas de formação gerencial ou utilizam coaching pessoal para a identificação de pontos positivos. A faculdade oferece um panorama, mas é somente trabalhando que se descobre o talento. A bagagem acadêmica mais a vivência prática é que definem onde o profissional melhor se encaixa”.

GESTORES
Os gestores de hotéis também desempenham um papel importante no desenvolvimento dos profissionais. Marcos Nunes também apresenta dicas importantes para a colaboração dos líderes no crescimento dos estagiários e trainees em hotéis.

“Acompanhar o estagiário é essencial. Investir em marketing é importante, mas deve-se pensar em treinamento e capacitação para os colaboradores. Vivemos em uma época de custos altos para receitas menores. Como exemplo, contratamos uma estagiária, e, antes mesmo que ela começasse, oferecemos um treinamento em gestão de marketing on-line. Deu certo. Confiar no estagiário e deixá-lo tomar decisões é importante, do contrário ele sempre dependerá de uma outra pessoa. Incentivando-o a resolver os dilemas, ele será proativo no futuro”, explicou o diretor.

Este último conselho, aliás, deu certo para o gerente do Windsor Barra, no Rio de Janeiro, Marcos Bezerra (foto abaixo). Segundo ele, o momento da virada aconteceu quando, depois de conhecer todos os processos iniciais dos departamentos, assumiu o primeiro cargo de liderança e começou a tomar decisões em nome da empresa. "Pude mostrar aos meus colegas que eles também poderiam tomar decisões considerando o pensamento da empresa”, revelou ele.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados