Pres. da ABIH escreve artigo sobre apart-hotéis no Rio
Pres. da ABIH escreve artigo sobre apart-hoteis no Rio O presidente da ABIH Nacional, Alvaro Bezerra de Mello, divulgou um artigo reafirmand
O presidente da ABIH Nacional, Álvaro Bezerra de Mello, divulgou um artigo reafirmando a posição da entidade contra a proliferação dos apart-hotéis, a falta de legislação para o setor e o exemplo do Rio de Janeiro, que estabeleceu regras rígidas para preservar a hotelaria. Leia abaixo o artigo na íntegra:
“No Rio, não!
O mercado imobiliário é de extrema importância para o crescimento de uma cidade. No Rio de Janeiro, bairros como Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e, mais recentemente, São Cristóvão, apenas para citar alguns exemplos, são provas disso, com construções de condomínios cada vez mais modernos e dotados de completa infraestrutura de serviços e lazer, que levam franco desenvolvimento urbanístico a essas regiões. Mas este não é o caso dos apart-hotéis, ou mesmo dos hotéis de residência.
Felizmente, o Rio de Janeiro observou, há quase dez anos, o malefício oferecido por esse tipo de empreendimento. Foi um modelo que não deu certo por aqui e evitou, a tempo, que passássemos, por exemplo, pelo que passaram as cidades de São Paulo e Curitiba, que, do início da década de 1990 para cá, experimentaram grandes prejuízos na hotelaria, por causa da construção indiscriminada de apart-hotéis, muitos deles, hoje, verdadeiras cabeças-de-porco no meio de bairros nobres dessas cidades.
Para se ter uma ideia da maior cidade do País, entre 1993 e 2003 houve uma acentuada construção de apart-hotéis em São Paulo, principalmente em função da busca de um melhor resultado imobiliário e não pela necessidade de equilíbrio entre a demanda e a oferta hoteleira. Em 2003, chegou-se ao número surrealista de 66 mil unidades hoteleiras, o equivalente à cidade de Nova York. Após esse boom, muitos hotéis fecharam e muitos apart-hotéis se transformaram totalmente em residenciais com serviços, ou mesmo prédios mistos, com escritórios convivendo com habitações.
O modelo do apart-hotel, ou hotel de residência, é imediatista. Em sua construção, criam-se empregos, sem dúvida. Certamente movimenta a economia. Mas acaba beneficiando apenas incorporadores, construtores e corretores. E mesmo assim, apenas em um primeiro momento. Não traz benefício algum para a cidade. É mais barato e rápido construir um empreendimento repleto de pequenos apartamentos no estilo quarto e sala, com metragem reduzida e obrigação de meia vaga de garagem para cada unidade, do que um hotel de qualidade. E, no fim das contas, os investidores acabam usando as unidades como residência, ou alugando, amparados pela lei do inquilinato, o que desvirtua a motivação do benefício concedido pela prefeitura.
Todos saem perdendo: o carioca, que, certamente, terá que lidar com mais carros sem vagas de garagem; o investidor, que não terá a rentabilidade desejada, pela deterioração do produto e, finalmente, a indústria do turismo da cidade, com menos ofertas de quartos hoteleiros.
Praticamente às vésperas da realização de uma Copa do Mundo, e com a possibilidade real de sediar uma edição dos Jogos Olímpicos, muito se fala do legado que eventos desse porte podem deixar para uma cidade. Pois sete mil novos quartos de hotéis, certamente, serão um grande legado. Isso significa que, sem considerar qualquer outro benefício, estamos falando de, pelo menos, sete mil novos postos de trabalho, entre diretos e indiretos.
O potencial do Rio de Janeiro para o turismo é inegável. Segundo dados recentes do Ministério do Turismo, em 2008, o Brasil recebeu 5,2 milhões de turistas estrangeiros. Desse total, mais de 30% deles passaram pela cidade.
E após a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que temos tudo para sediar, o Rio de Janeiro será uma cidade nova, muito mais atraente não apenas para o turismo de lazer, que é sazonal, mas para o segmento de negócios, que representa quase 65% da ocupação hoteleira da cidade.
O Rio de Janeiro precisa de quartos de hotéis, para que a hotelaria experimente, junto com todos os outros equipamentos urbanos, o crescimento que uma Copa do Mundo e uma Olimpíada podem gerar, pois apartamentos de sala, quarto, cozinha e banheiro, destinados à habitação, já têm suas regras de construção muito bem definidas pelo município.
Álvaro Bezerra de Mello
Presidente Nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)”
“No Rio, não!
O mercado imobiliário é de extrema importância para o crescimento de uma cidade. No Rio de Janeiro, bairros como Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e, mais recentemente, São Cristóvão, apenas para citar alguns exemplos, são provas disso, com construções de condomínios cada vez mais modernos e dotados de completa infraestrutura de serviços e lazer, que levam franco desenvolvimento urbanístico a essas regiões. Mas este não é o caso dos apart-hotéis, ou mesmo dos hotéis de residência.
Felizmente, o Rio de Janeiro observou, há quase dez anos, o malefício oferecido por esse tipo de empreendimento. Foi um modelo que não deu certo por aqui e evitou, a tempo, que passássemos, por exemplo, pelo que passaram as cidades de São Paulo e Curitiba, que, do início da década de 1990 para cá, experimentaram grandes prejuízos na hotelaria, por causa da construção indiscriminada de apart-hotéis, muitos deles, hoje, verdadeiras cabeças-de-porco no meio de bairros nobres dessas cidades.
Para se ter uma ideia da maior cidade do País, entre 1993 e 2003 houve uma acentuada construção de apart-hotéis em São Paulo, principalmente em função da busca de um melhor resultado imobiliário e não pela necessidade de equilíbrio entre a demanda e a oferta hoteleira. Em 2003, chegou-se ao número surrealista de 66 mil unidades hoteleiras, o equivalente à cidade de Nova York. Após esse boom, muitos hotéis fecharam e muitos apart-hotéis se transformaram totalmente em residenciais com serviços, ou mesmo prédios mistos, com escritórios convivendo com habitações.
O modelo do apart-hotel, ou hotel de residência, é imediatista. Em sua construção, criam-se empregos, sem dúvida. Certamente movimenta a economia. Mas acaba beneficiando apenas incorporadores, construtores e corretores. E mesmo assim, apenas em um primeiro momento. Não traz benefício algum para a cidade. É mais barato e rápido construir um empreendimento repleto de pequenos apartamentos no estilo quarto e sala, com metragem reduzida e obrigação de meia vaga de garagem para cada unidade, do que um hotel de qualidade. E, no fim das contas, os investidores acabam usando as unidades como residência, ou alugando, amparados pela lei do inquilinato, o que desvirtua a motivação do benefício concedido pela prefeitura.
Todos saem perdendo: o carioca, que, certamente, terá que lidar com mais carros sem vagas de garagem; o investidor, que não terá a rentabilidade desejada, pela deterioração do produto e, finalmente, a indústria do turismo da cidade, com menos ofertas de quartos hoteleiros.
Praticamente às vésperas da realização de uma Copa do Mundo, e com a possibilidade real de sediar uma edição dos Jogos Olímpicos, muito se fala do legado que eventos desse porte podem deixar para uma cidade. Pois sete mil novos quartos de hotéis, certamente, serão um grande legado. Isso significa que, sem considerar qualquer outro benefício, estamos falando de, pelo menos, sete mil novos postos de trabalho, entre diretos e indiretos.
O potencial do Rio de Janeiro para o turismo é inegável. Segundo dados recentes do Ministério do Turismo, em 2008, o Brasil recebeu 5,2 milhões de turistas estrangeiros. Desse total, mais de 30% deles passaram pela cidade.
E após a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que temos tudo para sediar, o Rio de Janeiro será uma cidade nova, muito mais atraente não apenas para o turismo de lazer, que é sazonal, mas para o segmento de negócios, que representa quase 65% da ocupação hoteleira da cidade.
O Rio de Janeiro precisa de quartos de hotéis, para que a hotelaria experimente, junto com todos os outros equipamentos urbanos, o crescimento que uma Copa do Mundo e uma Olimpíada podem gerar, pois apartamentos de sala, quarto, cozinha e banheiro, destinados à habitação, já têm suas regras de construção muito bem definidas pelo município.
Álvaro Bezerra de Mello
Presidente Nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)”