Brasileiro explora "países que não existem"; conheça
Você já ouviu falar da Transnístria, Somalilândia ou da Abecásia? Provavelmente não, assim como a maioria das pessoas. Entretanto, isso não impediu o guarda florestal, Guilherme Canever de visitar esses e outros cinco “países que nã
Você já ouviu falar da Transnístria, Somalilândia ou da Abecásia? Provavelmente não, assim como a maioria das pessoas. Entretanto, isso não impediu o engenheiro florestal Guilherme Canever de visitar esses e outros cinco “países que não existem”.
O brasileiro visitou a Transnístria, Somalilândia, Kosovo, Saara Ocidental, Abecásia, Nagorno-Karabakh, Chipre do Norte e Palestina. A ideia de visitar os “países que não existem” surgiu depois de outra viagem que o engenheiro florestal fez e na qual ele acabou indo para a Somalilândia.
“Eu acabei viajando para a Somalilândia e me surpreendi com aquele país, que muitas pessoas nunca ouviram falar. A Somalilândia se separou da Somália em 1991 e desde então vem progredindo muito. Mesmo sem saber, era o início deste projeto que realizaria mais tarde.”
Os destinos acima são independentes, têm presidentes, moedas próprias, sistema de vistos e até controlam suas fronteiras. Apesar de tudo isso, não são considerados “países” já que não são membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
Depois de visitar a Somalilândia, Canever ficou intrigado e decidiu ir pesquisar o que é necessário fazer para que um local seja reconhecido internacionalmente como um país. “Comecei a me questionar o que era um país, quem que determinava isto e no que implicava o fato de um país não ser reconhecido. Por fim decidi que iria viajar para todos eles”.
VIAGEM
O fato de a maioria das pessoas não ter conhecimento sobre esses países torna ainda mais difícil o acesso a eles. O número de voos para esses destinos é limitado, mas Canever explica que é possível ir até alguns dos países vizinhos e fazer um tour.
“É possível combinar com países vizinhos e enriquecer a viagem. Dá pra combinar voos para Chipre do Norte, Kosovo e Moldávia, que é a porta de entrada para a Transnístria. Dá para montar a viagem inteira só com stop over e o preço não fica muito caro”, indica Canever.
Apesar de ser possível chegar de avião, durante sua viagem Canever acabou por fazer a maioria das etapas por terra, atravessando fronteira a fronteira. Ao todo, o brasileiro conheceu oito "países que não existem". E o tempo que ficava em cada destino dependia das atrações e do que conhecia no local.
“Eu mudava bastante, cheguei a ficar semanas em alguns e só um dia na Transnístria, por exemplo. Depende do interesse que se tem no lugar. Alguns desses países possuem grandes atrações turísticas, já outros não têm nenhum turista.”
DESTINOS
A maioria dos países que Canever visitou ficam em Europa, África e Ásia e boa parte deles faz parte da antiga União Soviética e da Península Balcânica. Apesar de serem desconhecidos do público geral, alguns dos destinos têm várias atrações turísticas.
“Se ficassem em países mais tradicionais para o Turismo estariam lotadas. As pinturas rupestres de Laas Gael na Somalilândia são um exemplo. Por outro lado, o monastério Novi Afon, na Abecásia, estava lotado de turistas, quase todos russos”, conta Canever.
Entretanto, apesar do atrativo turístico, o engenheiro alerta que tanto a comunicação quanto a infraestrutura nesses países são complexas e precárias devido à falta investimento. Além disso, o viajante alerta que é preciso saber exatamente onde se está, já que alguns dos destinos têm zonas de conflito.
O diferencial de viajar a esses destinos, para Canever, é a forma como os moradores locais tratam o visitante. “A população em geral é bastante simpática e receptiva. Quebra um pouco aquela relação que existe entre turista e prestador de serviço. Eles querem mostrar o melhor do país para que você tenha uma boa impressão.”
Os moradores, as histórias e as culturas locais são o grande atrativo desses destinos, em vez dos pontos turísticos. “Nestes lugares há histórias de vida incríveis, e as pessoas estão dispostas a compartilhar com você. São culturas fortes. Muitas vezes o nacionalismo tem a ver com os conflitos das independências. Muitas dessas culturas eram oprimidas, e este sentimento só floresceu mediante a repressão”, conta Canever.
O brasileiro considera a oportunidade da viagem única e recomenda o roteiro para qualquer viajante que gosta de países que eram da Península Balcânica. “Kosovo vem se desenvolvendo bastante. Os outros já exigem um espírito de aventura um pouco maior, um estilo de viagem bem específico. Mas para alguém que vá conhecer a Moldávia, existem até tours para viajar para a Transnístria. Eu fui por conta, mas é possível viajar para lá com tudo organizado”, indica.
PERRENGUES
Nem tudo são flores. Ainda mais quando se está em um país desconhecido e sem infraestrutura turística. Um dos primeiros desafios de Canever foi antes mesmo de embarcar, já que em geral era muito difícil encontrar informações sobre os destinos.
Quando tinha viajado, os imprevistos continuaram. Na Somalilândia, Canever e alguns moradores locais decidiram atravessar o deserto de Djibuti, em vez de usar a estrada principal. “O carro encalhou algumas vezes e a viagem acabou demorando bem mais que o esperado. Acabamos tendo que dormir no meio do deserto. Fomos presenteados com um churrasquinho de bode de moradores da vila mais próxima e a lua estava linda. Então foi uma boa experiência”, conta o viajante.
A caminho da Ossétia do Sul, ainda na Ossétia do Norte, Canever e os moradores que o acompanhavam foram para na delegacia por conta das fotos que estavam tirando. "Na Abecásia aconteceu o mesmo por tirarmos uma fotografia próximo da fronteira. Foi um grande susto e com a dificuldade de comunicação, acabou demorando para resolver a situação. Mas com boa vontade tudo deu tudo certo."
RESULTADO
A viagem para os chamados “países que não existem” deu frutos quando o engenheiro florestal voltou ao Brasil. Canever lançou o “Uma viagem pelos países que não existem”, livro no qual relata sua experiência de viagem, dá dicas para os que querem repetir o roteiro e ainda comenta sobre o que torna um destino um país.
“Apesar do livro mostrar partes turísticas destes lugares, e de como é viajar para lá, busquei relatar a história e conflitos que geraram a independências desses Estados. Não é só um livro para quem quer viajar para estas regiões, mas também para quem quer conhecer um pouco mais do mundo”, explica Canever.
O brasileiro visitou a Transnístria, Somalilândia, Kosovo, Saara Ocidental, Abecásia, Nagorno-Karabakh, Chipre do Norte e Palestina. A ideia de visitar os “países que não existem” surgiu depois de outra viagem que o engenheiro florestal fez e na qual ele acabou indo para a Somalilândia.
“Eu acabei viajando para a Somalilândia e me surpreendi com aquele país, que muitas pessoas nunca ouviram falar. A Somalilândia se separou da Somália em 1991 e desde então vem progredindo muito. Mesmo sem saber, era o início deste projeto que realizaria mais tarde.”
Os destinos acima são independentes, têm presidentes, moedas próprias, sistema de vistos e até controlam suas fronteiras. Apesar de tudo isso, não são considerados “países” já que não são membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
Depois de visitar a Somalilândia, Canever ficou intrigado e decidiu ir pesquisar o que é necessário fazer para que um local seja reconhecido internacionalmente como um país. “Comecei a me questionar o que era um país, quem que determinava isto e no que implicava o fato de um país não ser reconhecido. Por fim decidi que iria viajar para todos eles”.
VIAGEM
O fato de a maioria das pessoas não ter conhecimento sobre esses países torna ainda mais difícil o acesso a eles. O número de voos para esses destinos é limitado, mas Canever explica que é possível ir até alguns dos países vizinhos e fazer um tour.
“É possível combinar com países vizinhos e enriquecer a viagem. Dá pra combinar voos para Chipre do Norte, Kosovo e Moldávia, que é a porta de entrada para a Transnístria. Dá para montar a viagem inteira só com stop over e o preço não fica muito caro”, indica Canever.
Apesar de ser possível chegar de avião, durante sua viagem Canever acabou por fazer a maioria das etapas por terra, atravessando fronteira a fronteira. Ao todo, o brasileiro conheceu oito "países que não existem". E o tempo que ficava em cada destino dependia das atrações e do que conhecia no local.
“Eu mudava bastante, cheguei a ficar semanas em alguns e só um dia na Transnístria, por exemplo. Depende do interesse que se tem no lugar. Alguns desses países possuem grandes atrações turísticas, já outros não têm nenhum turista.”
DESTINOS
A maioria dos países que Canever visitou ficam em Europa, África e Ásia e boa parte deles faz parte da antiga União Soviética e da Península Balcânica. Apesar de serem desconhecidos do público geral, alguns dos destinos têm várias atrações turísticas.
“Se ficassem em países mais tradicionais para o Turismo estariam lotadas. As pinturas rupestres de Laas Gael na Somalilândia são um exemplo. Por outro lado, o monastério Novi Afon, na Abecásia, estava lotado de turistas, quase todos russos”, conta Canever.
Entretanto, apesar do atrativo turístico, o engenheiro alerta que tanto a comunicação quanto a infraestrutura nesses países são complexas e precárias devido à falta investimento. Além disso, o viajante alerta que é preciso saber exatamente onde se está, já que alguns dos destinos têm zonas de conflito.
O diferencial de viajar a esses destinos, para Canever, é a forma como os moradores locais tratam o visitante. “A população em geral é bastante simpática e receptiva. Quebra um pouco aquela relação que existe entre turista e prestador de serviço. Eles querem mostrar o melhor do país para que você tenha uma boa impressão.”
Os moradores, as histórias e as culturas locais são o grande atrativo desses destinos, em vez dos pontos turísticos. “Nestes lugares há histórias de vida incríveis, e as pessoas estão dispostas a compartilhar com você. São culturas fortes. Muitas vezes o nacionalismo tem a ver com os conflitos das independências. Muitas dessas culturas eram oprimidas, e este sentimento só floresceu mediante a repressão”, conta Canever.
O brasileiro considera a oportunidade da viagem única e recomenda o roteiro para qualquer viajante que gosta de países que eram da Península Balcânica. “Kosovo vem se desenvolvendo bastante. Os outros já exigem um espírito de aventura um pouco maior, um estilo de viagem bem específico. Mas para alguém que vá conhecer a Moldávia, existem até tours para viajar para a Transnístria. Eu fui por conta, mas é possível viajar para lá com tudo organizado”, indica.
PERRENGUES
Nem tudo são flores. Ainda mais quando se está em um país desconhecido e sem infraestrutura turística. Um dos primeiros desafios de Canever foi antes mesmo de embarcar, já que em geral era muito difícil encontrar informações sobre os destinos.
Quando tinha viajado, os imprevistos continuaram. Na Somalilândia, Canever e alguns moradores locais decidiram atravessar o deserto de Djibuti, em vez de usar a estrada principal. “O carro encalhou algumas vezes e a viagem acabou demorando bem mais que o esperado. Acabamos tendo que dormir no meio do deserto. Fomos presenteados com um churrasquinho de bode de moradores da vila mais próxima e a lua estava linda. Então foi uma boa experiência”, conta o viajante.
A caminho da Ossétia do Sul, ainda na Ossétia do Norte, Canever e os moradores que o acompanhavam foram para na delegacia por conta das fotos que estavam tirando. "Na Abecásia aconteceu o mesmo por tirarmos uma fotografia próximo da fronteira. Foi um grande susto e com a dificuldade de comunicação, acabou demorando para resolver a situação. Mas com boa vontade tudo deu tudo certo."
RESULTADO
A viagem para os chamados “países que não existem” deu frutos quando o engenheiro florestal voltou ao Brasil. Canever lançou o “Uma viagem pelos países que não existem”, livro no qual relata sua experiência de viagem, dá dicas para os que querem repetir o roteiro e ainda comenta sobre o que torna um destino um país.
“Apesar do livro mostrar partes turísticas destes lugares, e de como é viajar para lá, busquei relatar a história e conflitos que geraram a independências desses Estados. Não é só um livro para quem quer viajar para estas regiões, mas também para quem quer conhecer um pouco mais do mundo”, explica Canever.