Pipa (RN) vive sua pior crise no turismo
Pipa (RN) vive sua pior crise no turismo A Praia da Pipa, no municipio de Tibau do Sul, a 100 quilometros de Natal, no Rio Grande do Norte,
A Praia da Pipa, no município de Tibau do Sul, a 100 quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte, atravessa sua pior baixa estação. Há pousadas que vêm mantendo média de ocupação em torno de 10% ao longo do ano. Muitos hoteleiros estão demitindo pessoal e há pousadas e restaurantes fechados. O destino Pipa, que explodiu na década de 90, agoniza em meio ao mau momento do turismo em todo o Rio Grande do Norte. Dotada atualmente de hotéis de médio porte e de condomínios que têm ficado praticamente vazios o ano inteiro, Pipa sofre com fatores como a diminuição do número de vôos charteres internacionais para Natal, a falta de divulgação, a desvalorização do dólar, a concorrência do turismo dos cruzeiros marítimos e os poucos investimentos do setor público.
O hoteleiro Geovani Carvalho, do Hotel Ponta do Madeiro, um dos mais antigos da região, revela que o conceito de "alta estação o ano inteiro" da Pipa transfigurou-se em um novo e péssimo quadro para o setor. "Neste ano, tem pousada que registra 10% de ocupação média", informa. Ele reclama que a Pipa não consegue competir com destinos de sol e mar que recebem mais investimentos em divulgação e em infra-estrutura. "Não dá para competir com Porto de Galinhas, com o litoral baiano, com Fernando de Noronha e com outros destinos que contam com polpudos orçamentos para divulgação", observa.
Ele diz que a Pipa, no momento em que mais crescia, há cerca de quatro anos, teve a falta de sorte de ser atingida por diferentes problemas. "A falta de vôos internacionais para Natal reduziu o número de turistas estrangeiros, que eram os que mais freqüentavam a hotelaria daqui. Os brasileiros do Sudeste, por sua vez, estão cada vez mais interessados em viagens internacionais, em cruzeiros marítimos parcelados em várias prestações e em destinos bem divulgados, como as praias de Alagoas e Pernambuco", lamenta.
O gerente de hotéis Jailson Jarles, que já atuou em dois estabelecimentos da Pipa, acha que a rede de hospedagem local cresceu exageradamente. Ele atenta para o fato de Tibau do Sul ser um município de menos de dez mil habitantes e mesmo assim ter uma estrutura de mais de quatro mil leitos. A oferta é quase igual á da rede hoteleira de João Pessoa, uma capital de 500 mil habitantes. "Antes, as pousadas daqui tinham 20 apartamentos, no máximo. Agora há hotéis com 80 ou até 120 apartamentos. Há oferta em excesso, e isso também não ajuda a um destino em crise", comenta. Para ele, Pipa perdeu a identidade. "Não tem mais aquela atmosfera bacana de antigamente, de praia deserta e mística. Também não é um destino propriamente grande, massificado. Caímos num limbo", considera. Jailson se diz assustado com o sumiço dos visitantes. "Hoje Pipa só enche no Réveillon, na Semana Santa e em alguns feriadões.”
A exemplo de Geovani Carvalho, o executivo defende mais divulgação doméstica para contornar a queda no turismo estrangeiro. Ele acha que o destino tem argumentos para renascer. "Temos praias incríveis, uma linda reserva de mata atlântica, uma grande rede hoteleira e gastronômica. Enfim, acredito que podemos retomar os melhores momentos", destaca. Jailson também vê Pipa como um destino versátil, do ponto de vista dos custos.
O empresário português Nuno Veríssimo, que já gerenciou hotel em Pipa e hoje mantém um restaurante no local, acredita que a falta de divulgação "derrubou" o destino. "É muito simples. Até quatro anos atrás o destino estava na mídia, era divulgado pela secretaria estadual de Turismo. Depois que essa divulgação parou, a queda foi inevitável. Pipa não é um destino consolidado, como Porto Seguro ou Porto de Galinhas. É necessário mantê-lo constantemente na memória do mercado", opina. Nuno vai além: "O que se vê agora são empresários indo embora, empreendimentos imobiliários encalhados, pessoas perdendo seus empregos. Este município é riquíssimo. Só o que arrecada de imposto da hotelaria é dez vezes mais que Natal, proporcionalmente. Mas nada disso vira investimento em turismo", acusa.
A VISÃO PÚBLICA
O secretário de Turismo de Tibau do Sul, Cláudio Freitas, nega que o município tenha recursos suficientes para fazer divulgação ostensiva nos mercados doméstico e internacional. Ele acha que o destino avançou, nos últimos anos, em vários campos ligados ao turismo e defende que os empresários deveriam "arregaçar as mangas".
"Eles também deveriam divulgar o destino, se articular mais com os mercados, enfim, executar estratégias de crescimento. Nós investimos em campos como o Plano Diretor, que já foi colocado em prática, além de capacitação e planejamento. Como Pipa não é um destino planejado, necessita de melhorias em diversas áreas ainda, é claro. Ainda assim, fazemos o que está a nosso alcance para botar o destino em evidência. Prova disso é a realização da quinta edição do Festival Gastronômico, que acontecerá em outubro", conclui o secretário.
O hoteleiro Geovani Carvalho, do Hotel Ponta do Madeiro, um dos mais antigos da região, revela que o conceito de "alta estação o ano inteiro" da Pipa transfigurou-se em um novo e péssimo quadro para o setor. "Neste ano, tem pousada que registra 10% de ocupação média", informa. Ele reclama que a Pipa não consegue competir com destinos de sol e mar que recebem mais investimentos em divulgação e em infra-estrutura. "Não dá para competir com Porto de Galinhas, com o litoral baiano, com Fernando de Noronha e com outros destinos que contam com polpudos orçamentos para divulgação", observa.
Ele diz que a Pipa, no momento em que mais crescia, há cerca de quatro anos, teve a falta de sorte de ser atingida por diferentes problemas. "A falta de vôos internacionais para Natal reduziu o número de turistas estrangeiros, que eram os que mais freqüentavam a hotelaria daqui. Os brasileiros do Sudeste, por sua vez, estão cada vez mais interessados em viagens internacionais, em cruzeiros marítimos parcelados em várias prestações e em destinos bem divulgados, como as praias de Alagoas e Pernambuco", lamenta.
O gerente de hotéis Jailson Jarles, que já atuou em dois estabelecimentos da Pipa, acha que a rede de hospedagem local cresceu exageradamente. Ele atenta para o fato de Tibau do Sul ser um município de menos de dez mil habitantes e mesmo assim ter uma estrutura de mais de quatro mil leitos. A oferta é quase igual á da rede hoteleira de João Pessoa, uma capital de 500 mil habitantes. "Antes, as pousadas daqui tinham 20 apartamentos, no máximo. Agora há hotéis com 80 ou até 120 apartamentos. Há oferta em excesso, e isso também não ajuda a um destino em crise", comenta. Para ele, Pipa perdeu a identidade. "Não tem mais aquela atmosfera bacana de antigamente, de praia deserta e mística. Também não é um destino propriamente grande, massificado. Caímos num limbo", considera. Jailson se diz assustado com o sumiço dos visitantes. "Hoje Pipa só enche no Réveillon, na Semana Santa e em alguns feriadões.”
A exemplo de Geovani Carvalho, o executivo defende mais divulgação doméstica para contornar a queda no turismo estrangeiro. Ele acha que o destino tem argumentos para renascer. "Temos praias incríveis, uma linda reserva de mata atlântica, uma grande rede hoteleira e gastronômica. Enfim, acredito que podemos retomar os melhores momentos", destaca. Jailson também vê Pipa como um destino versátil, do ponto de vista dos custos.
O empresário português Nuno Veríssimo, que já gerenciou hotel em Pipa e hoje mantém um restaurante no local, acredita que a falta de divulgação "derrubou" o destino. "É muito simples. Até quatro anos atrás o destino estava na mídia, era divulgado pela secretaria estadual de Turismo. Depois que essa divulgação parou, a queda foi inevitável. Pipa não é um destino consolidado, como Porto Seguro ou Porto de Galinhas. É necessário mantê-lo constantemente na memória do mercado", opina. Nuno vai além: "O que se vê agora são empresários indo embora, empreendimentos imobiliários encalhados, pessoas perdendo seus empregos. Este município é riquíssimo. Só o que arrecada de imposto da hotelaria é dez vezes mais que Natal, proporcionalmente. Mas nada disso vira investimento em turismo", acusa.
A VISÃO PÚBLICA
O secretário de Turismo de Tibau do Sul, Cláudio Freitas, nega que o município tenha recursos suficientes para fazer divulgação ostensiva nos mercados doméstico e internacional. Ele acha que o destino avançou, nos últimos anos, em vários campos ligados ao turismo e defende que os empresários deveriam "arregaçar as mangas".
"Eles também deveriam divulgar o destino, se articular mais com os mercados, enfim, executar estratégias de crescimento. Nós investimos em campos como o Plano Diretor, que já foi colocado em prática, além de capacitação e planejamento. Como Pipa não é um destino planejado, necessita de melhorias em diversas áreas ainda, é claro. Ainda assim, fazemos o que está a nosso alcance para botar o destino em evidência. Prova disso é a realização da quinta edição do Festival Gastronômico, que acontecerá em outubro", conclui o secretário.