Companhias preferem investir em reformas de navios
As linhas de cruzeiros estão cada vez mais investindo na reforma de navios antigos, uma vez que o retorno se mostra maior do que o investido em novos. Na Europa, onde a maioria dos novos navios são construídos, cerca de 20,3% dos gastos das linhas de cruzeiros marítimos
As companhias de cruzeiros estão cada vez mais investindo na reforma de navios antigos, uma vez que o retorno se mostra maior do que o investido em novos. Na Europa, onde a maioria dos novos navios são construídos, cerca de 20,3% dos gastos das armadoras foram na reforma de frotas – um aumento de 5,7%, em relação a 2008, de acordo com um levantamento da Seatrade. No ano passado, por exemplo, a Carnival Corp. gastou mais na melhoria e reforma de sua frota do que na aquisição de novos navios.
Clientes e agentes de viagens, que traduzem melhor a situação, têm maior interesse nos recursos oferecidos pelos navios do que necessariamente em construções novas. Operada pelo Cunard Line, a Queen Mary 2 é um bom exemplo disso. A embarcação ficou parada em seu cais no Brooklyn (Estados Unidos), em julho, depois de gastar mais de US$ 132 milhões na “remasterização”, em uma das reformas mais caras da empresa. Após mais 25 dias na construtora naval Blohm & Voss, a Cunard adicionou 30 varandas-camarotes, 15 cabines individuais e reformou por completo o restaurante e o lounge.
O navio foi um dos 40 navios reformados nos primeiros seis meses do ano. De acordo com a Seatrade, foram gastos somente em manutenção cerca de US$ 1 bilhão – um valor superior ao que o Quenn Mary 2 valia quando foi lançado, em 2004.
Existe, porém, algumas razões pelas quais os negócios em segmentos de reformas estão crescendo nos estaleiros navais. Primeiramente, as frotas contínuas, isto é, que têm um tempo maior de operação e permanecem em condições de atuar, constituem a maioria. Na Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros (Clia), pelo menos 448 navios contínuos – e reformados – faziam parte da frota de seus membros, no ano passado. A regra de segurança dita que as embarcações devem passar por manutenções a cada cinco anos e, uma vez que a vida útil deles é de 30 anos ou mais, cada um pode obter, pelo menos, seis reformas.
Com isso, algumas linhas já estão diminuindo o ritmo de novas construções. A Carnival, com aproximadamente 100 navios, está aderindo à ideia e deve reformar duas ou três embarcações por ano daqui pra frente. Somente no ano passado, a empresa gastou US$ 981 milhões para a composição de novas frotas. Já em reformas e melhorias, segundo o relatório anual da própria companhia, os gastos alcançaram o valor de US$ 1 bilhão.
De acordo com o CEO da Norwegian Cruise Line, Frank Del Rio, a empresa praticamente dobrou o orçamento para a manutenção das frotas. Ainda segundo o levantamento da Seatrade, a Norwegian investiu cerca de US$ 35 milhões em cada navio. Em comentário a analistas de Wall Street, em novembro passado, Del Rio descreveu a situação como uma estratégia alternativa para gerar receita. "Acreditamos que o retorno sobre o capital investido nesses tipos de escolhas supera o de navios novos", disse ele. "Temos bilhões de dólares investidos nesses navios. Você tem que mantê-los nos mais altos padrões e deve esperar para atingir rendimentos mais elevados."
RECUPERAÇÃO
As linhas de cruzeiro também lutam para fazer com os seus navios mais antigos, que ainda têm valor, mas já não são muito competitivos na América do Norte, continuem a operar. Há dez anos, muitas embarcações foram transferidas para atuações em linhas europeias, porém como a Europa tem passado por uma situação econômica crítica, essa tendência foi revertida.
A Royal Caribbean, após retirar o Empress of the Seas da Pullmantur Brasil, reformou o equipamento e destinou-o para uso em rotas em Cuba, um mercado considerado emergente. Quem também navega agora pela ilha é Adonia, uma embarcação já bastante usada da P&O, e que a Carnival. transferiu para a Fathom – após uma temporada de seca em março, que incluía tanto trabalho técnico de manutenção quanto o de redecoração.
Enquanto os novos navios são construídos quase que exclusivamente na Europa, as manutenções são feitas no Canadá, nos Estados Unidos, em Cingapura e nas Bahamas. Este ano, o Grand Bahama Shipyard, na cidade de Freeport, é de longe o estaleiro naval mais movimentado, com 19 navios de cruzeiro prontos para reforma em sua programação. A Carnival e a Royal Caribbean têm ambas uma participação de 40% no estaleiro.
"Isso é o que as companhias estão fazendo. Estão reformando, não aposentando", disse o analista da Cleveland Research, Vince Ciepiel, que manifestou preocupação com frotas mais antigas. O levantamento da Seatrade identificou diferentes níveis de reforma, que vão desde a adição de nova pintura e tapetes, a um custo mínimo de entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões – que refizeram parte da QM2, por exemplo – a reformas com custos mais elevados, entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões, que envolvem uma combinação de melhorias técnicas, como novos purificadores de ar, e remodelação de ambientes comuns, tais como bares e restaurantes.
*Fonte: Travel Weekly