Lummertz ataca burocracia e conservadorismo na política
“O Brasil está infernizando seu futuro com as doenças de seu passado.” Essa é a percepção do presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, acerca da contradição entre potencial turístico do País e o desenvolvimento do setor de
“O Brasil está infernizando seu futuro com as doenças de seu passado.” Essa é a percepção do presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, acerca da contradição entre potencial turístico do País e o desenvolvimento do setor de fato. Esses “paradoxos”, como classificou Lummertz durante painel no 28º Festuris, em Gramado (RS), precisam urgentemente ser revertidos, em sua opinião, para o Brasil vencer a “corrida turística” que já começou. A primeira solução seria, portanto, deixar o conservadorismo de lado e tratar o setor com seriedade, como gerador de empregos. Abrir a mente para o novo, para o que já é feito lá fora.
“Essa semana o Japão decidiu ampliar a meta de 20 milhões de visitantes internacionais no ano para 40 milhões. A França, que perdeu 11% de seu volume por conta dos atentados, lançou um conjunto de 59 medidas para que Paris volte a ter o Turismo forte de outrora. Isso sem contar o investimento da Barack Obama no Brand USA, por entender a seriedade do setor e sua importância para a economia. A corrida do Turismo já começou faz tempo, e a disputa chegou à América do Sul. A Inprotur, órgão de promoção da Argentina, tem um orçamento de US$ 100 milhões, enquanto o da Embratur é de US$ 17 milhões”, comparou. “Nosso País tem o maior potencial para o Turismo, mas aí vêm os paradoxos: burocracia, custo Brasil, ineficiência que nos coloca como 126º em termos de ambientes de negócios para o setor.”
Para Lummertz, em um País cujo próprio Estado tem inveja do empreendedor, cabe ao empreendedor romper essas algemas. “Mas um debate para derrubar vistos e evoluir nosso País como destino gerou a demissão de um general que classificava a proposta como duvidosa e perigosa. Pois bem, a Argentina, ciente da guerra pelo Turismo, isentou os norte-americanos da necessidade de vistos e já aumentou em 25% seu fluxo de visitantes internacionais em um ano. Enquanto isso esperemos o Itamaraty analisar nossa proposta para chineses com visto americano ou europeu já serem liberados no Brasil. O conservadorismo pode nos frear de novo. O mesmo conservadorismo que complica a situação dos parques nacionais e que taxa em 120% o equipamento dos parques temáticos como se fosse bem de consumo, apesar de ser bem de capital. É uma verdadeira auto-sabotagem o que estamos fazendo com nossas estruturas há muito tempo”, atacou.
Para ele, uma das principais soluções para o Brasil como destino é traçar parcerias público-privadas com empresas nacionais e estrangeiras para a infraestrutura do País avançar. “Temos de modernizar parques nacionais, cidades históricas sem acessibilidade, reformas previdenciárias e trabalhistas”, afirma. “A ineficiência do conjunto da nossa economia, que arrecada impostos e juros maciços sem gastá-los direito, reina aqui. Marinas, portos, cruzeiros, parques temáticos... Toda essa burocracia e essa estrutura tributária é muito paradoxal. Esse País é rico demais para ser tão fechado e conservador. Psiquiatria e política deveriam caminhar juntas no Brasil.”
NOVA EMBRATUR
O órgão acaba de completar 50 anos, e Lummertz garante que uma nova Embratur está por vir. O escopo será ampliado, e a Embratur se chamará Agência Nacional de Turismo - Embratur. "Estamos redesenhando a Embratur aos 50 anos por entendermos que existe uma competição internacional em curso. Os turistas procuram informação antes de viajar, portanto passaremos a investir mais no on-line. Também estamos com fortes campanhas de verão na mídia estrangeira. Isso é um investimento cujo retorno é rápido e seguro. Nossa proposta é aumentar o orçamento da Embratur para US$ 100 milhões, como já foi antes do governo Dilma."