Rodrigo Vieira   |   04/11/2016 12:13

Lummertz ataca burocracia e conservadorismo na política

“O Brasil está infernizando seu futuro com as doenças de seu passado.” Essa é a percepção do presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, acerca da contradição entre potencial turístico do País e o desenvolvimento do setor de


Rodrigo Vieira
Vinicius Lummertz, da Embratur, um dos painelistas do 28º Festuris
Vinicius Lummertz, da Embratur, um dos painelistas do 28º Festuris

“O Brasil está infernizando seu futuro com as doenças de seu passado.” Essa é a percepção do presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, acerca da contradição entre potencial turístico do País e o desenvolvimento do setor de fato. Esses “paradoxos”, como classificou Lummertz durante painel no 28º Festuris, em Gramado (RS), precisam urgentemente ser revertidos, em sua opinião, para o Brasil vencer a “corrida turística” que já começou. A primeira solução seria, portanto, deixar o conservadorismo de lado e tratar o setor com seriedade, como gerador de empregos. Abrir a mente para o novo, para o que já é feito lá fora.

“Essa semana o Japão decidiu ampliar a meta de 20 milhões de visitantes internacionais no ano para 40 milhões. A França, que perdeu 11% de seu volume por conta dos atentados, lançou um conjunto de 59 medidas para que Paris volte a ter o Turismo forte de outrora. Isso sem contar o investimento da Barack Obama no Brand USA, por entender a seriedade do setor e sua importância para a economia. A corrida do Turismo já começou faz tempo, e a disputa chegou à América do Sul. A Inprotur, órgão de promoção da Argentina, tem um orçamento de US$ 100 milhões, enquanto o da Embratur é de US$ 17 milhões”, comparou. “Nosso País tem o maior potencial para o Turismo, mas aí vêm os paradoxos: burocracia, custo Brasil, ineficiência que nos coloca como 126º em termos de ambientes de negócios para o setor.”

Para Lummertz, em um País cujo próprio Estado tem inveja do empreendedor, cabe ao empreendedor romper essas algemas. “Mas um debate para derrubar vistos e evoluir nosso País como destino gerou a demissão de um general que classificava a proposta como duvidosa e perigosa. Pois bem, a Argentina, ciente da guerra pelo Turismo, isentou os norte-americanos da necessidade de vistos e já aumentou em 25% seu fluxo de visitantes internacionais em um ano. Enquanto isso esperemos o Itamaraty analisar nossa proposta para chineses com visto americano ou europeu já serem liberados no Brasil. O conservadorismo pode nos frear de novo. O mesmo conservadorismo que complica a situação dos parques nacionais e que taxa em 120% o equipamento dos parques temáticos como se fosse bem de consumo, apesar de ser bem de capital. É uma verdadeira auto-sabotagem o que estamos fazendo com nossas estruturas há muito tempo”, atacou.

Para ele, uma das principais soluções para o Brasil como destino é traçar parcerias público-privadas com empresas nacionais e estrangeiras para a infraestrutura do País avançar. “Temos de modernizar parques nacionais, cidades históricas sem acessibilidade, reformas previdenciárias e trabalhistas”, afirma. “A ineficiência do conjunto da nossa economia, que arrecada impostos e juros maciços sem gastá-los direito, reina aqui. Marinas, portos, cruzeiros, parques temáticos... Toda essa burocracia e essa estrutura tributária é muito paradoxal. Esse País é rico demais para ser tão fechado e conservador. Psiquiatria e política deveriam caminhar juntas no Brasil.”

NOVA EMBRATUR
O órgão acaba de completar 50 anos, e Lummertz garante que uma nova Embratur está por vir. O escopo será ampliado, e a Embratur se chamará Agência Nacional de Turismo - Embratur. "Estamos redesenhando a Embratur aos 50 anos por entendermos que existe uma competição internacional em curso. Os turistas procuram informação antes de viajar, portanto passaremos a investir mais no on-line. Também estamos com fortes campanhas de verão na mídia estrangeira. Isso é um investimento cujo retorno é rápido e seguro. Nossa proposta é aumentar o orçamento da Embratur para US$ 100 milhões, como já foi antes do governo Dilma."



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