Brunna Castro   |   12/07/2016 11:23

Rombo fiscal do País poderá dobrar em quatros anos

O rombo fiscal pode chegar a R$ 281 bilhões em 2021 caso o País não aprove um teto para os gastos públicos. É o que aponta o Boletim Legislativo do Senado Federal de julho. O número é duas vezes maior do que o déficit previsto para 2017 de R$

O rombo fiscal pode chegar a R$ 281 bilhões em 2021 caso o País não aprove um teto para os gastos públicos. É o que aponta o Boletim Legislativo do Senado Federal de julho. O número é duas vezes maior do que o déficit previsto para 2017 de R$ 139 bilhões, valor que foi anunciado na semana passada pelo governo federal.

O cálculo dos consultores legislativos Paulo Springer e Francisco Mendes é de antes do anúncio do déficit, mas independe dele porque usa apenas a trajetória esperada de receita e despesa com base no primeiro quadrimestre deste ano. Pela estimativa dos consultores, o déficit em 2016 será de R$ 142,5 bilhões – visão mais otimista do que a meta estipulada pelo governo, de R$ 170 bilhões.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de teto dos gastos define que a partir de 2017, as despesas de todos os poderes não poderiam ter aumento real, passando a ser limitadas à correção pelo índice de inflação do ano anterior. O objetivo é reverter a tendência de aumento dos gastos federais, que foi em média de 6% acima da inflação por ano entre 1997 e 2015.

O Senado calcula que a aprovação da medida ajudaria também na redução na inflação e a recuperar a atividade econômica.

O estudo do Senado aponta a seguinte previsão para o resultado primário do governo com e sem a aprovação do chamado "Novo Regime Fiscal" (NRF):


Resultado primário sem tetoResultado primário com teto
2016-142,4 bilhões-142,8 bilhões
2017-183,6 bilhões-138,73 bilhões
2018-209,4 bilhões-122,02 bilhões
2019-231 bilhões-96,32 bilhões
2020-254,9 bilhões-61,51 bilhões
2021-281,3 bilhões-17,6 bilhões

O estudo também aponta a previsão para crescimento do PIB com e sem a aprovação da emenda:


PIB sem aprovação do tetoPIB com aprovação do teto
2016-3,2%-2,5%
2017-1,1%0,9%
20180,5%1,8%
20191%2,3%
20201%2,7%
20211%3%

"Como pode ser visto, a regra proposta pelo NRF é insuficiente para gerar resultados primários positivos até 2021, embora a tendência seja claramente de redução do déficit. Entretanto, o cenário alternativo, sem NRF e qualquer reforma, agrava ainda mais as contas públicas", aponta o documento do Senado.

NOVO REGIME FISCAL
Caso seja aprovado, o teto teria validade de 20 anos. A partir do décimo ano, o presidente poderá propor ao Congresso uma mudança na metodologia de cálculo que valeria para os anos seguintes.

O poder que descumprir o limite ficará proibido de conceder aumento a servidores, criar novos cargos, mudar carreiras ou realizar concursos. Ao Executivo, por sua vez, caso o limite não seja respeitado, fica proibido também o aumento de subsídios ou de desonerações que impliquem em perda de receita.

O estudo avalia que, na prática, "será muito difícil conseguir esse tipo de realocação", mas que a alternativa ao teto é a queda de receita futura e insustentabilidade do gasto até no nível atual.


*Fonte: Exame

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