Jujuy (ARG) tem primeiro voo da história para São Paulo
Jujuy é conectado a São Paulo pela primeira vez na história; objetivo é ser um respiro turístico para a Argentina, com destinos batidos para brasileiros como Bariloche e Patagônia
JUJUY (ARG) - Agora é oficial. Pela primeira vez a província de Jujuy, localizada no extremo Norte da Argentina e fronteiriça com os desertos da Bolívia e do Chile, está conectada diretamente à cidade de São Paulo. O voo inaugural entre os dois destinos aconteceu neste sábado (6) em operação da Aerolíneas Argentinas, que marcou a estreia histórica do trecho – nunca alguma companhia havia ligado os lugares anteriormente.
Parte de um esforço do governo local em promover o destino entre brasileiros, a rota até o momento é apenas temporária – os voos são fretados, operados por um Boeing 737-800 para 170 passageiros e a preço médio de US$ 400 (ida e volta). As saídas acontecerão todos os sábados a partir de agora até 17 de fevereiro, partindo às 7h35 do Aeroporto de Guarulhos, e retornando no mesmo dia, saindo às 19h45 do Aeroporto de Jujuy, na capital San Salvador. O lançamento veio, ainda, aliado a um pool de operadoras brasileiras, reunidas para serem as responsáveis pela venda de Jujuy no País.
Ao todo, foram investidos US$ 800 mil pelo governo da província para a operação. A aposta, e ao mesmo tempo grande desafio do destino, é emergir entre os brasileiros, tão acostumados com o restante dos atrativos do país.
“Bariloche, Patagônia, Buenos Aires... O brasileiro é o maior turista em números da Argentina em todas as regiões, exceto a região Norte”, lamentou o ministro do Turismo de Jujuy, Federico Posadas, um dos principais articuladores do novo voo. Segundo ele, as cidades mais conhecidas acabam eclipsando a província; países longínquos como França e Alemanha, inclusive, lideram a lista de principais emissores internacionais do destino, deixando o país vizinho para trás, algo que em sua visão é “inaceitável” e que deve ser alterado com as recentes ações promocionais.
NOVA POSSIBILIDADE ARGENTINA
O objetivo do governo do local, com o investimento feito, é mostrar os diferenciais de um destino considerado “novo”, um respiro turístico para brasileiros entre os destinos batidos do Sul do país, além da capital Buenos Aires. Enquanto outros locais da Argentina chamam atenção pelo frio e neve, Posadas destaca o clima ameno de Jujuy, e principalmente suas belezas de sua paisagem montanhosa, salinas e desertos. O destaque fica para a Quebrada de Humahuaca, Patrimônio da Humanidade desde 2003 e que conta com montanhas coloridas e ruínas incas entre seus atrativos.
Uma comparação com os desertos vizinhos de Chile e Bolívia – Atacama e Uyuni, respectivamente – é inevitável, e uma interligação de destinos é vista pelo ministro de Turismo da região não só como possível, mas extremamente benéfica.
“O público brasileiro conhece bem a algum tempo o Salar do Uyuni e o deserto do Atacama, com estilos parecidos com nossa região. Queremos agora mostrar as maravilhas daqui, e possibilitar que o viajante conheça os três em uma viagem só”, explica o ministro de Turismo da província.
“Um roteiro conectando os três é totalmente viável. Daqui (Jujuy) para San Pedro de Atacama, por exemplo, bastam algo em torno de três horas de carro ou ônibus, e de lá você já pode fazer o passeio do Uyuni”, argumentou Federico Posadas.
Outra avaliação feita pelo ministro é a possibilidade de Jujuy se tornar um hub para todo o Norte argentino, conectando outras áreas da região, como Salta, a maior cidade da América Latina.
AEROPORTO PECA, MAS SERÁ REMODELADO
Um ponto que o destino ficou devendo, mas que deve ter melhoras neste ano, é a infraestrutura de seu aeroporto. O Gobernador Horácio Guzmán, pequeno e não acostumado a voos internacionais, possui apenas duas cabines de imigração em funcionamento, o que pode fazer com que passageiros de um único voo encarem mais de uma hora de fila para ingressar na cidade.
Prevendo esse problema, inclusive pelo aumento da demanda brasileira que deve acontecer, o governo da província aprovou recentemente uma reforma de US$ 70 milhões no aeroporto. A urgência pela melhora é tanta que a previsão é que em seis meses a partir de agora as obras já estejam concluídas, levando o terminal a dobrar sua capacidade – hoje ela é de apenas cinco voos diários.
A rede hoteleira, por outro lado, está bem servida: são 11 mil leitos na região, principalmente nas cidades de Purmamarca e Tilcara, as principais bases para os passeios turísticos da região – são cerca de seis mil camas apenas nas duas.
EFEITO REVERSO
A tentativa da nova rota, ao menos até o momento, conta com resultados moderados, com 60% dos 2,38 mil assentos disponíveis (considerando idas e voltas) já vendidos. O “problema”, ironicamente, é que a maior parte deles foi vendida para o sentido Jujuy para São Paulo, o oposto do que tentava o governo local.
“Das passagens vendidas até agora, 80% são partindo de Jujuy, e 20% são de passageiros vindos do Brasil. O efeito inverso que aconteceu não era o objetivo inicial, mas claro que recebemos de bom grado as boas vendas”, argumentou o ministro de Turismo local. O problema, para ele, é que o destino ainda não chegou a ouvidos brasileiros.
A previsão, por outro lado, é otimista, e a ideia é que os voos sejam prorrogados, ao menos, até o feriado da Páscoa. “As vendas estão boas. Precisamos de tempo e força para conquistar os brasileiros”, explicou o diretor da Vida Latam, Bebe Badino – a empresa é terceirizada pelo governo da província, e é responsável pela promoção turística do destino.
“Uma decisão deve ser tomada na semana que vem, e provavelmente precisaremos de mais um investimento do governo. O que é certo é que queremos que a rota São Paulo-Jujuy fique, ao menos, até abril, e possivelmente se torne fixa, com um voo semanal”.
Segundo ele, um acordo está sendo traçado com o governador de Jujuy, Gerardo Morales, para a extensão da rota; presente no evento que celebrou a inauguração da rota, Morales reafirmou que a vontade de todos é a mesma, de tornar o trajeto uma realidade. Apenas os próximos resultados e vendas, porém, determinarão os próximos passos a serem tomados pelo destino que ainda busca seu espaço entre os polos do Turismo argentino.
Parte de um esforço do governo local em promover o destino entre brasileiros, a rota até o momento é apenas temporária – os voos são fretados, operados por um Boeing 737-800 para 170 passageiros e a preço médio de US$ 400 (ida e volta). As saídas acontecerão todos os sábados a partir de agora até 17 de fevereiro, partindo às 7h35 do Aeroporto de Guarulhos, e retornando no mesmo dia, saindo às 19h45 do Aeroporto de Jujuy, na capital San Salvador. O lançamento veio, ainda, aliado a um pool de operadoras brasileiras, reunidas para serem as responsáveis pela venda de Jujuy no País.
Ao todo, foram investidos US$ 800 mil pelo governo da província para a operação. A aposta, e ao mesmo tempo grande desafio do destino, é emergir entre os brasileiros, tão acostumados com o restante dos atrativos do país.
“Bariloche, Patagônia, Buenos Aires... O brasileiro é o maior turista em números da Argentina em todas as regiões, exceto a região Norte”, lamentou o ministro do Turismo de Jujuy, Federico Posadas, um dos principais articuladores do novo voo. Segundo ele, as cidades mais conhecidas acabam eclipsando a província; países longínquos como França e Alemanha, inclusive, lideram a lista de principais emissores internacionais do destino, deixando o país vizinho para trás, algo que em sua visão é “inaceitável” e que deve ser alterado com as recentes ações promocionais.
NOVA POSSIBILIDADE ARGENTINA
O objetivo do governo do local, com o investimento feito, é mostrar os diferenciais de um destino considerado “novo”, um respiro turístico para brasileiros entre os destinos batidos do Sul do país, além da capital Buenos Aires. Enquanto outros locais da Argentina chamam atenção pelo frio e neve, Posadas destaca o clima ameno de Jujuy, e principalmente suas belezas de sua paisagem montanhosa, salinas e desertos. O destaque fica para a Quebrada de Humahuaca, Patrimônio da Humanidade desde 2003 e que conta com montanhas coloridas e ruínas incas entre seus atrativos.
Uma comparação com os desertos vizinhos de Chile e Bolívia – Atacama e Uyuni, respectivamente – é inevitável, e uma interligação de destinos é vista pelo ministro de Turismo da região não só como possível, mas extremamente benéfica.
“O público brasileiro conhece bem a algum tempo o Salar do Uyuni e o deserto do Atacama, com estilos parecidos com nossa região. Queremos agora mostrar as maravilhas daqui, e possibilitar que o viajante conheça os três em uma viagem só”, explica o ministro de Turismo da província.
“Um roteiro conectando os três é totalmente viável. Daqui (Jujuy) para San Pedro de Atacama, por exemplo, bastam algo em torno de três horas de carro ou ônibus, e de lá você já pode fazer o passeio do Uyuni”, argumentou Federico Posadas.
Outra avaliação feita pelo ministro é a possibilidade de Jujuy se tornar um hub para todo o Norte argentino, conectando outras áreas da região, como Salta, a maior cidade da América Latina.
AEROPORTO PECA, MAS SERÁ REMODELADO
Um ponto que o destino ficou devendo, mas que deve ter melhoras neste ano, é a infraestrutura de seu aeroporto. O Gobernador Horácio Guzmán, pequeno e não acostumado a voos internacionais, possui apenas duas cabines de imigração em funcionamento, o que pode fazer com que passageiros de um único voo encarem mais de uma hora de fila para ingressar na cidade.
Prevendo esse problema, inclusive pelo aumento da demanda brasileira que deve acontecer, o governo da província aprovou recentemente uma reforma de US$ 70 milhões no aeroporto. A urgência pela melhora é tanta que a previsão é que em seis meses a partir de agora as obras já estejam concluídas, levando o terminal a dobrar sua capacidade – hoje ela é de apenas cinco voos diários.
A rede hoteleira, por outro lado, está bem servida: são 11 mil leitos na região, principalmente nas cidades de Purmamarca e Tilcara, as principais bases para os passeios turísticos da região – são cerca de seis mil camas apenas nas duas.
EFEITO REVERSO
A tentativa da nova rota, ao menos até o momento, conta com resultados moderados, com 60% dos 2,38 mil assentos disponíveis (considerando idas e voltas) já vendidos. O “problema”, ironicamente, é que a maior parte deles foi vendida para o sentido Jujuy para São Paulo, o oposto do que tentava o governo local.
“Das passagens vendidas até agora, 80% são partindo de Jujuy, e 20% são de passageiros vindos do Brasil. O efeito inverso que aconteceu não era o objetivo inicial, mas claro que recebemos de bom grado as boas vendas”, argumentou o ministro de Turismo local. O problema, para ele, é que o destino ainda não chegou a ouvidos brasileiros.
A previsão, por outro lado, é otimista, e a ideia é que os voos sejam prorrogados, ao menos, até o feriado da Páscoa. “As vendas estão boas. Precisamos de tempo e força para conquistar os brasileiros”, explicou o diretor da Vida Latam, Bebe Badino – a empresa é terceirizada pelo governo da província, e é responsável pela promoção turística do destino.
“Uma decisão deve ser tomada na semana que vem, e provavelmente precisaremos de mais um investimento do governo. O que é certo é que queremos que a rota São Paulo-Jujuy fique, ao menos, até abril, e possivelmente se torne fixa, com um voo semanal”.
Segundo ele, um acordo está sendo traçado com o governador de Jujuy, Gerardo Morales, para a extensão da rota; presente no evento que celebrou a inauguração da rota, Morales reafirmou que a vontade de todos é a mesma, de tornar o trajeto uma realidade. Apenas os próximos resultados e vendas, porém, determinarão os próximos passos a serem tomados pelo destino que ainda busca seu espaço entre os polos do Turismo argentino.