Como o aquecimento global deverá afetar a aviação
Quando foram formados os primeiros grandes mercados da aviação comercial, os problemas a serem solucionados para um funcionamento ideal eram diferentes aos de hoje. Apesar de reformas e expansões constantes, alguns aeroportos não foram pensados para sobreviver a uma real
Quando foram formados os primeiros grandes mercados da aviação comercial, os problemas a serem solucionados para um funcionamento ideal eram diferentes aos de hoje. Apesar de reformas e expansões constantes, alguns aeroportos não foram pensados para sobreviver a uma realidade que começa a tomar forma: a de um mundo com temperaturas mais elevadas. Em reportagem publicada no New York Times no último domingo, o repórter Mike Ives mostra como alguns especialistas se preparam para idealizar uma nova aviação que envolva um cenário de aquecimento global.
Alguns pontos que outrora não eram significativos entram atualmente na conta daqueles que planejam um novo aeroporto – ou a reforma/expansão de um. A matéria aborda alguns desses “obstáculos” que podem em um futuro próximo ser determinantes para o sucesso de um projeto. Aqui listados abaixo:
LOCALIZAÇÃO
Não perturbar o cotidiano da população local ou fugir de formações naturais como montanhas e falésias era uma das preocupações iniciais da aviação. Por causa disso, muitos aeroportos foram construídos afastados dos centros das cidades, em balneários ou em terrenos próximos do nível do mar.
Há projeções que mostram que o nível dos oceanos pode subir até dois metros neste século – e que menos que isso já seria o suficiente para alagar terminais e pistas de pouso/decolagem. A matéria relata casos em que o nível do mar mais elevado já é levando em conta em projetos.
É o caso de Hong Kong, que planeja a construção de uma terceira pista. Com dados de projeções feitas em 2014 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as autoridades locais adicionaram ao projeto uma parede de 6,5 metros de altura para proteger a pista da água do mar, além de um sistema de drenagem capaz de dar conta de alagamentos de raras proporções.
PISTA QUENTE
Cientistas preveem um crescimento no número anual de dias quentes e ondas de calor durante este século. Com estruturas construídas para outros cenários, há uma preocupação de que com o calor a infraestrutura de aeroportos chegue ao limite de sua capacidade operacional.
Dentre um dos possíveis efeitos do sol excessivo nos aeroportos está a deterioração de pistas de pouso. Assim como acontece com rodovias pavimentadas com concreto, as pistas podem apresentar rachaduras, deformações e saliências. Além das vias asfaltadas, que podem derreter.
O calor também pode ocasionar panes elétricas nas aeronaves. Já há casos de voos suspensos por conta de temperaturas elevadas – em junho, esse foi o motivo para a American Airlines cancelar voos em Phoneix, Arizona, onde as máximas chegavam aos 48 graus.
DENSIDADE DO AR
Quanto maior a temperatura atmosférica, menor é a densidade do ar. Na prática, uma densidade menor dificulta a propulsão das aeronaves no momento da decolagem. Diante desse cenário, há duas formas de manter a operação comercial: diminuindo o peso da aeronave, ou transferindo voos para horários com temperaturas mais amenas do dia.
Uma das saídas estruturais que os projetistas têm trabalhado atualmente é a construção de pistas de pouso/decolagem mais longas. Em um exemplo, a reportagem mostra que cálculos apresentados para uma nova pista do aeroporto de Brisbane sugerem que as companhias aéreas excederiam seus gastos em US$ 79 milhões por ano (até 2035) operando em uma pista de 2,5 quilômetros ao invés de 3,3 quilômetros de extensão, tudo por conta da dificuldade de aeronaves de grande porte na hora da aterrissagem.
MENOR PESO
Cada 1% de redução no peso total de decolagem de uma aeronave significa 327 quilogramas a menos – ou seja, o equivalente a três passageiros voando em um Boeing 737-800 com 160 viajantes. Estudos publicados no jornal Climatic Change este ano mostram que entre 10% e 30% dos voos que decolam no momento mais quente do dia podem precisar reduzir seus pesos. As reduções girariam em torno dos 4%, o que poderia acarretar em perdas econômicas significativas até o final do século.
Aeroportos do Oriente Médio poderão sofrer com essa realidade. Ponto de conexão de voos de longo-curso, o local possui umas das maiores médias de temperatura durante o ano. Países com clima temperado e aeroportos com pistas curtas também poderão se ver em desvantagem perante o mercado internacional.
Alguns pontos que outrora não eram significativos entram atualmente na conta daqueles que planejam um novo aeroporto – ou a reforma/expansão de um. A matéria aborda alguns desses “obstáculos” que podem em um futuro próximo ser determinantes para o sucesso de um projeto. Aqui listados abaixo:
LOCALIZAÇÃO
Não perturbar o cotidiano da população local ou fugir de formações naturais como montanhas e falésias era uma das preocupações iniciais da aviação. Por causa disso, muitos aeroportos foram construídos afastados dos centros das cidades, em balneários ou em terrenos próximos do nível do mar.
Há projeções que mostram que o nível dos oceanos pode subir até dois metros neste século – e que menos que isso já seria o suficiente para alagar terminais e pistas de pouso/decolagem. A matéria relata casos em que o nível do mar mais elevado já é levando em conta em projetos.
É o caso de Hong Kong, que planeja a construção de uma terceira pista. Com dados de projeções feitas em 2014 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as autoridades locais adicionaram ao projeto uma parede de 6,5 metros de altura para proteger a pista da água do mar, além de um sistema de drenagem capaz de dar conta de alagamentos de raras proporções.
PISTA QUENTE
Cientistas preveem um crescimento no número anual de dias quentes e ondas de calor durante este século. Com estruturas construídas para outros cenários, há uma preocupação de que com o calor a infraestrutura de aeroportos chegue ao limite de sua capacidade operacional.
Dentre um dos possíveis efeitos do sol excessivo nos aeroportos está a deterioração de pistas de pouso. Assim como acontece com rodovias pavimentadas com concreto, as pistas podem apresentar rachaduras, deformações e saliências. Além das vias asfaltadas, que podem derreter.
O calor também pode ocasionar panes elétricas nas aeronaves. Já há casos de voos suspensos por conta de temperaturas elevadas – em junho, esse foi o motivo para a American Airlines cancelar voos em Phoneix, Arizona, onde as máximas chegavam aos 48 graus.
DENSIDADE DO AR
Quanto maior a temperatura atmosférica, menor é a densidade do ar. Na prática, uma densidade menor dificulta a propulsão das aeronaves no momento da decolagem. Diante desse cenário, há duas formas de manter a operação comercial: diminuindo o peso da aeronave, ou transferindo voos para horários com temperaturas mais amenas do dia.
Uma das saídas estruturais que os projetistas têm trabalhado atualmente é a construção de pistas de pouso/decolagem mais longas. Em um exemplo, a reportagem mostra que cálculos apresentados para uma nova pista do aeroporto de Brisbane sugerem que as companhias aéreas excederiam seus gastos em US$ 79 milhões por ano (até 2035) operando em uma pista de 2,5 quilômetros ao invés de 3,3 quilômetros de extensão, tudo por conta da dificuldade de aeronaves de grande porte na hora da aterrissagem.
MENOR PESO
Cada 1% de redução no peso total de decolagem de uma aeronave significa 327 quilogramas a menos – ou seja, o equivalente a três passageiros voando em um Boeing 737-800 com 160 viajantes. Estudos publicados no jornal Climatic Change este ano mostram que entre 10% e 30% dos voos que decolam no momento mais quente do dia podem precisar reduzir seus pesos. As reduções girariam em torno dos 4%, o que poderia acarretar em perdas econômicas significativas até o final do século.
Aeroportos do Oriente Médio poderão sofrer com essa realidade. Ponto de conexão de voos de longo-curso, o local possui umas das maiores médias de temperatura durante o ano. Países com clima temperado e aeroportos com pistas curtas também poderão se ver em desvantagem perante o mercado internacional.
*Fonte: The New York Times