Mór critica falta de integração do trade brasileiro
O vice-presidente executivo da Tap, Luiz da Gama Mór, foi o palestrante convidado para o almoço mensal do Skal-SP, e, instigado pelo presidente do clube, Aristides de la Plata Cury, fez um panorama das mudanças na aviação de 15 anos para cá.
O vice-presidente executivo da Tap, Luiz da Gama Mór, foi o palestrante convidado para o almoço mensal do Skal-SP, e, instigado pelo presidente do clube, Aristides de la Plata Cury, fez um panorama das mudanças na aviação de 15 anos para cá. Há cerca de 15 anos, Mór terminava seu período de Varig e depois faria a transição para o mercado europeu, na aérea portuguesa. O evento ainda teve um breve debate com as companhias aéreas nacionais, que seria mediado pelo presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, impossibilitado de comparecer.
Mas Sanovicz encontrou em Mór um defensor firme das empresas aéreas (nacionais e internacionais), o que gerou algumas poucas intervenções da plateia.
O presidente do Skal-SP quis que Mór comparasse o papel da Varig, de estímulo à captação de eventos e promoção de destinos, com o quadro atual. O vice-presidente da Tap foi bem claro sobre o que mudou: antes, no Brasil, existiam empresas bastante similares. “Sou do tempo em que existiam Varig, Vasp e Transbrasil e a empresa de bandeira organizava o mercado, definia onde o concorrente iria ganhar dinheiro e servia como mediadora no trade. Hoje não é mais assim. Desde o surgimento da Tam e depois da Gol e da Azul, os modelos passaram a ter diferenças. Cada uma tem uma estratégia e campo de atuação e se relaciona de forma diferente com o trade. Isso, por um lado, foi bom, pois trouxe modernidade e gestão às aéreas brasileiras, mas permitiu uma entrada muito grande do governo no negócio da aviação. Quiseram que o governo definisse as coisas pelo setor e isso é sempre ruim”, explicou.
“Eu só ouço falar mal das empresas aéreas brasileiras no Brasil. Lá fora elas são cases de sucesso. Com a estrutura que têm concorreriam com as low cost mais eficientes da Europa. Elogio também o fato de terem criado a Abear, para dialogar com o mercado.
Mas sobre a necessidade do mercado dialogar, Mór acha que as entidades e os segmentos turísticos no Brasil estão pouco integrados.
“Vejo muitos discursos agressivos e demagógicos, muita política e um setor, exagerando nas palavras, desintegrado”, afirmou. Segundo Mór, há demonização das companhias aéreas pelo trade e pelo cliente, o que não é bom para o mercado. A relação das empresas aéreas com as agências sempre foi tumultuada. Quem não se lembram dos discursos de presidentes de Abav ou das plenárias dos congressos da entidade? Quando houve o corte de comissão, porém, a relação desandou e Mór foi um dos personagens mais importantes nesse período.
MEA CULPA
“Diminuir a comissão foi necessário e isso não se discute mais. Mas a forma como foi feita, divido essa culpa com o Goiaci (Guimarães), então presidente da Abav. Pedi uma reunião para falarmos do corte, mas ele disse que se era pra cortar comissão a Abav não queria reunião. Em Portugal, encontrei na Apavt uma associação mais antenada com as tendências e negociação foi mais tranquila”, relembra Mór. Ele também admite que desde então as aéreas perderam os agentes como “embaixadores”, como “defensores da companhia aérea junto ao consumidor”.
Ele ainda destacou que houve, no Brasil, uma migração dos agentes para os consolidadores. “Uma figura e um volume de vendas que só existem no Brasil. Com isso, as companhias aéreas não economizaram tudo o que imaginaram, pois têm de remunerar os consolidadores, mas pelo menos eles organizaram o mercado, são empresas altamente tecnológicas e fazem um ótimo trabalho”.
TENDÊNCIAS
Algumas das tendências na aviação apontadas por Luiz da Gama Mór incluem crescente precificação à la carte (por serviço utilizado), empresas aéreas (especialmente europeias e americanas) melhorando seus produtos para concorrer com as ricas empresas do Golfo, fortalecimento das empresas low cost das grandes marcas europeias, para atender ao intraeuropeu, e consolidação dos grandes grupos mundiais.
COM A PALAVRA...
O presidente da Abav Nacional, Antonio Azevedo, pediu a palavra quando Mór tocou no tema da comissão dos agentes e defendeu o fato de a entidade ter ido à justiça. “Da forma como foi feita no Brasil, a redução da comissão foi muito traumática para a classe. Em Portugal você fez bem feito e não houve esse trauma”, disse Azevedo. Segundo Azevedo, a Abav está conversando com diversas empresas aéreas. “Não abandonamos o diálogo. Já falei com os presidentes da Gol e da Tam e estamos em um início de diálogo”.
O saldo da palestra foi bastante positivo, apesar de faltar contraponto a algumas colocações de Mór, e o presidente do Skal-SP promete outros encontros com conteúdo parecido. Um dos principais recados da apresentação foi: saudosismo dos tempos da Varig não levam a lugar algum. Hoje os modelos das empresas aéreas são diferentes e todas foram claras em dizer que o apoio à captação de eventos, participação em feiras e promoção de destinos depende da oportunidade e do resultado comercial.
Mas Sanovicz encontrou em Mór um defensor firme das empresas aéreas (nacionais e internacionais), o que gerou algumas poucas intervenções da plateia.
O presidente do Skal-SP quis que Mór comparasse o papel da Varig, de estímulo à captação de eventos e promoção de destinos, com o quadro atual. O vice-presidente da Tap foi bem claro sobre o que mudou: antes, no Brasil, existiam empresas bastante similares. “Sou do tempo em que existiam Varig, Vasp e Transbrasil e a empresa de bandeira organizava o mercado, definia onde o concorrente iria ganhar dinheiro e servia como mediadora no trade. Hoje não é mais assim. Desde o surgimento da Tam e depois da Gol e da Azul, os modelos passaram a ter diferenças. Cada uma tem uma estratégia e campo de atuação e se relaciona de forma diferente com o trade. Isso, por um lado, foi bom, pois trouxe modernidade e gestão às aéreas brasileiras, mas permitiu uma entrada muito grande do governo no negócio da aviação. Quiseram que o governo definisse as coisas pelo setor e isso é sempre ruim”, explicou.
“Eu só ouço falar mal das empresas aéreas brasileiras no Brasil. Lá fora elas são cases de sucesso. Com a estrutura que têm concorreriam com as low cost mais eficientes da Europa. Elogio também o fato de terem criado a Abear, para dialogar com o mercado.
Mas sobre a necessidade do mercado dialogar, Mór acha que as entidades e os segmentos turísticos no Brasil estão pouco integrados.
“Vejo muitos discursos agressivos e demagógicos, muita política e um setor, exagerando nas palavras, desintegrado”, afirmou. Segundo Mór, há demonização das companhias aéreas pelo trade e pelo cliente, o que não é bom para o mercado. A relação das empresas aéreas com as agências sempre foi tumultuada. Quem não se lembram dos discursos de presidentes de Abav ou das plenárias dos congressos da entidade? Quando houve o corte de comissão, porém, a relação desandou e Mór foi um dos personagens mais importantes nesse período.
MEA CULPA
“Diminuir a comissão foi necessário e isso não se discute mais. Mas a forma como foi feita, divido essa culpa com o Goiaci (Guimarães), então presidente da Abav. Pedi uma reunião para falarmos do corte, mas ele disse que se era pra cortar comissão a Abav não queria reunião. Em Portugal, encontrei na Apavt uma associação mais antenada com as tendências e negociação foi mais tranquila”, relembra Mór. Ele também admite que desde então as aéreas perderam os agentes como “embaixadores”, como “defensores da companhia aérea junto ao consumidor”.
Ele ainda destacou que houve, no Brasil, uma migração dos agentes para os consolidadores. “Uma figura e um volume de vendas que só existem no Brasil. Com isso, as companhias aéreas não economizaram tudo o que imaginaram, pois têm de remunerar os consolidadores, mas pelo menos eles organizaram o mercado, são empresas altamente tecnológicas e fazem um ótimo trabalho”.
TENDÊNCIAS
Algumas das tendências na aviação apontadas por Luiz da Gama Mór incluem crescente precificação à la carte (por serviço utilizado), empresas aéreas (especialmente europeias e americanas) melhorando seus produtos para concorrer com as ricas empresas do Golfo, fortalecimento das empresas low cost das grandes marcas europeias, para atender ao intraeuropeu, e consolidação dos grandes grupos mundiais.
COM A PALAVRA...
O presidente da Abav Nacional, Antonio Azevedo, pediu a palavra quando Mór tocou no tema da comissão dos agentes e defendeu o fato de a entidade ter ido à justiça. “Da forma como foi feita no Brasil, a redução da comissão foi muito traumática para a classe. Em Portugal você fez bem feito e não houve esse trauma”, disse Azevedo. Segundo Azevedo, a Abav está conversando com diversas empresas aéreas. “Não abandonamos o diálogo. Já falei com os presidentes da Gol e da Tam e estamos em um início de diálogo”.
O saldo da palestra foi bastante positivo, apesar de faltar contraponto a algumas colocações de Mór, e o presidente do Skal-SP promete outros encontros com conteúdo parecido. Um dos principais recados da apresentação foi: saudosismo dos tempos da Varig não levam a lugar algum. Hoje os modelos das empresas aéreas são diferentes e todas foram claras em dizer que o apoio à captação de eventos, participação em feiras e promoção de destinos depende da oportunidade e do resultado comercial.