Felipe Niemeyer   |   18/11/2009 16:13

"Aviação não compensará emissão de CO2 tão cedo"

Responsável por 2% do total de emissões de CO2 na atmosfera, a indústria de aviação é pressionada a minimizar os danos ambientais e, para isso, investe em fontes alternativas de combustíveis que seriam misturadas ao querosene de aviação (QAV).

Responsável por 2% do total de emissões de CO2 na atmosfera, a indústria de aviação é pressionada a minimizar os danos ambientais e, para isso, investe em fontes alternativas de combustíveis que seriam misturadas ao querosene de aviação (QAV). Para que o impacto seja significativo, o percentual ideal da mistura seria entre 20% e 50% de biocombustível ao querosene.

O problema é que biocombustíveis e outras fontes de energia alternativas ainda estão em testes e nenhuma fórmula é produzida em escala industrial. Enquanto isso, a indústria de aviação consome anualmente cerca de 250 bilhões de litros de QAV. Segundo o vice-presidente da Operações da Azul, Miguel Dau, mesmo que seja utilizado 5% de biocombústivel na mistura a demanda seria gigantesca e dificilmente os produtores conseguiriam dar conta do recado.

“O ganho de escala para este novo tipo de combustível é muito grande, mas não é sustentável. As companhias aéreas não poderão subsidiar isso. A logística de distribuição e o ganho de escala são fundamentais para que esta solução se torne viável. Então, a sociedade e o mundo terão que achar uma solução”, avaliou Dau.

Ainda de acordo com Dau, o processo de adaptação das companhias aéreas ocorrerá de forma mais lenta que em outros setores, “porque qualquer ação nesse sentido depende de certificações e do ganho de escala”. “Diferente do modal rodoviário, que responde por 70% da matriz de transportes do Brasil e tem uma rede de distribuição mais eficiente”. Para o diretor da Embraer, Guilherme Freire, a demanda por fontes alternativas de combustíveis é natural da indústria e o próprio mercado deve se regular nos próximos anos. “As empresas já entendem que desatrelar uma matéria prima (no caso o petróleo) diversificando a sua matriz energética reduz a volatilidade dos custos”, explicou.

A Azul, junto com a Embraer, General Electric, e Amyris anunciaram hoje a assinatura de um memorando de entendimento para avaliar os aspectos técnicos e de sustentabilidade do combustível renovável da Amyris para jatos, um querosene de aviação derivado da cana de açúcar (leia mais).

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