Henrique Santiago   |   23/09/2015 10:18

Agência é acusada de aplicar golpe em 94 turistas

Uma das fraudes recentes atingiu um grupo de 94 turistas brasileiros em um prejuízo de mais de R$ 40 mil reais.

A agência de viagens AM Tour, de São José do Rio Preto, no interior paulista, é acusada de aplicar uma série de golpes em clientes. Segundo apuração do Portal PANROTAS, uma das fraudes recentes teria atingido um grupo de 94 turistas brasileiros, em um prejuízo de mais de R$ 40 mil.

A empresa é especializada em viagens religiosas e administrada pela família Milian. Em julho, um grupo de brasileiros embarcou em um roteiro que cobria Egito, Israel, Grécia e Turquia, com escala na Itália ida e volta em um passeio de 15 dias. Com um custo total por pessoa de R$ 6,8 mil, incluindo passagem aérea, hospedagem e passeios, o que era paraíso, porém, se tornou um episódio traumatizante para os peregrinos.

Em entrevista, Bianca Tanaka, uma das vítimas, revelou que o diretor da AM Tour, André Milian, cobrou uma série de taxas não descritas no momento do acordo. A passageira ganhou a viagem da família como presente de formatura. “Iniciamos a viagem com a obrigação de desembolsar 120 euros e 90 dólares como gorjeta para todo o serviço de turismo. Porém, no documento expedido meses antes da viagem, constava a sugestão de US$ 9 por pessoa ao dia”, relembrou.

Após chegar ao Egito, mais despesas foram cobradas dos viajantes, como visto de entrada no país a um valor acima do apresentado anteriormente e troca de hotel, realizada por "questões de segurança" e mediante pagamento de uma taxa. Supostamente, os turistas se hospedariam em um hotel luxuoso, porém nenhuma mudança foi ocorrida. "Foi uma estadia tranquila e proveitosa", recordou Bianca. Fora isso, os passeios previstos na compra não foram realizados em sua totalidade.
O pior momento para os turistas estava para chegar em Israel.

ESTADA EM RISCO
A empresa de receptivo GGC George Garabedian não permitiu o prosseguimento das atividades turísticas do grupo por falta de pagamento de hospedagem e demais serviços. Para resolver o problema, os profissionais da AM Tour foram acompanhados por parte dos brasileiros e a direção do hotel israelense em uma reunião para discutir o futuro dos viajantes no país. André Milian, entretanto, não foi ao encontro.

“Nós teríamos que desembolsar R$ 37 mil ali, na hora, ou não teríamos onde dormir, e já estávamos na rua fazia duas horas. Minha família, eu e outros [turistas] nos revoltamos e não ajudamos no valor”, disse Bianca. Segundo ela, alguns viajantes, incomodados com a situação, ajudaram a pagar o alto valor, mas até hoje não foram reembolsados.

PRÁTICA REPETIDA
O sócio-gerente da GGC George Garabedian, Bruno Silva, disse à reportagem que a prática é comum por parte da AM Tour. “Eles fazem uso de cartão de crédito indevido ou cobram taxas extras abusivas dos clientes”, disse ele. Segundo ele, Milian utiliza a religião para afirmar que efetuou os pagamentos. “Ele diz ao seu povo que pagou, porém ele transfere documento falso que nunca existiu”, complementou.

Segundo ele, o Ministério do Turismo de Israel foi noticiado da ação fraudulenta, porém há empresas de receptivo que apoiam a atuação da empresa em Israel. Os 94 brasileiros, como aponta ele, não foram os primeiros e nem serão os últimos lesados pela agência de viagens. “Um grupo de dez viajantes foi impedido de voar do Brasil para Israel, pois a [companhia aérea] Emirates descobriu a fraude dos cartões de crédito”, revelou.

EMPRESA "FANTASMA"
O diretor da Aviesp em São José do Rio Preto, Sebastião Pereira, suspeita desde então da legalidade da AM Tour. “A agência não é nossa associada, não possui Cadastur e eu desconheço o diretor. Para mim, ela é praticamente desconhecida”, disse ele. O dirigente relembra que o Turismo é alvo fácil de fraudes. “Nós procuramos sempre alertar o consumidor dos riscos de uma compra aparentemente suspeita”, completou.

Procurada pela reportagem do Portal PANROTAS, a AM Tour não se pronunciou até a publicação desta matéria.

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