Artur Luiz Andrade   |   22/04/2010 11:49

Dia do agente de viagens. Por que celebrar?

Motivos para celebrar o dia do agente de viagens

Uma das atividades que mais passaram por mudanças nos últimos anos — mas não foi a única, diga-se, sendo que algumas até desapareceram do mapa — o agenciamento de viagens tem sempre estado em xeque, principalmente porque é visto como um custo por alguns fornecedores, em especial as empresas aéreas. E cortar custo é a nova lei nas grandes corporações.

Essas mesmas empresas, porém, ainda não descobriram um modelo em que possam vender 100% diretamente, até porque sempre haverá quem necessite de um especialista para fazer os mais diversos serviços. Em todas as áreas. Essas mesmas empresas enchem as agências de promoções, incentivos, prêmios, viagens, mimos e agrados. Não são tão caros e dispensáveis então, não é mesmo?

Um dos grandes problemas foi a queda da autoestima dos agentes de viagens depois do bombardeio da queda das comissões e com a falta de regulamentação de sua atividade, o que causa problemas de definição de papeis, inclusive com consequências na justiça (a tal da responsabilidade solidária).

A simplificação ou redução do debate das agências somente ao tema do comissionamento também demonstrou despreparo por parte das agências, das entidades que as representam e mesmo do governo, para entender como funciona a cadeia do turismo (veja os problemas que os agentes vêm tendo com a Anac e suas portarias).

A remuneração é importante sim, mas a profissionalização, a relação com o passageiro, o aparato jurídico, a capacitação dos funcionários, o investimento em novos produtos, o engajamento político, a adesão às mudanças positivas, a união do setor (até para negociar com fornecedores), a participação em eventos selecionados, o marketing, as novas técnicas de vendas, a atualização tecnológica, novas formas de remuneração, a fidelização com fornecedores, entre tantos outros, são também itens importantes na definição do futuro das agências de viagens.

O exemplo veio de entidades menores, como a Braztoa e a Abracorp, que acabaram "roubando" espaço que seria da Abav, a chamada entidade-mãe, que andou sendo tratada como uma mãe distante, que mora em outro país. Claro que cada entidade tem de lutar por seus associados e pelo direito deles e o bom funcionamento de suas relações com o mercado, mas é necessário ter uma entidade maior, um guarda-chuva que mostre a união e a pujança do setor. Assim, o próprio agente de viagens terá cada vez mais oportunidades e reconhecimento. E estará, na política, integrado aos demais setores, como já o é na prática comercial.

Todo o turismo passa pelas agências de viagens, um verdadeiro agregador, integrador, facilitador e especialista de nossa indústria. Não todo agente de viagens, claro, pois o profissional preguiçoso e não atualizado existe em qualquer segmento - ou não teríamos operadoras falindo, empresas aéreas quebrando, hotéis indo à bancarrota. Quem não muda na hora certa, quem não está antenado com sua época, sai do jogo.

O presidente da Abav, Carlos Alberto Amorim Ferreira, com o apoio de líderes como José Eduardo Barbosa (Braztoa), Francisco Leme da Silva (Abracorp), Ricardo Amaral (Abremar) e agora Salvador Saladino (Bito), tem demonstrado que a união do setor e o fortalecimento do canal de distribuição agência de viagens são realidade. Hoje, o agente sabe que não pode ser o único canal de distribuição (e nunca foi, aliás), sabe que precisa de outras armas para negociar com fornecedores (e vendas, mercado, clientes são as maiores delas), sabe que é briga de gente grande e ele também tem de ser grande.

Não que a Abav precise voltar aos tempos das turras, das brigas homéricas com as companhias aéreas, da época em que se achava a dona do pedaço. Longe disso. Desde a moda da expressão "interdependência", lançada, se não me engano, por Goiaci Guimarães, quando à frente da Abav, o caminho é o diálogo. Às vezes mais duro. Às vezes paz e amor. Mas sempre franco.

Kaká tem tentado. As demais entidades também. As empresas aéreas por sua vez se profissionalizaram (e o business tem de ser bom para todos) e o setor corporativo (com destaque para Favecc e TMC Brasil, agora Abracorp, e ABGev e TMG, além de outros grupos mais informais) ajudou muito a que a indústria saísse da quase informalidade, da camaradagem, do tapinha nas costas, para algo mais sério e consistente. Uma indústria que gera riquezas e que é fundamental para o mundo - o vulcão de nome impronunciável que o diga.

Ganhou o setor também com a criação de um ministério próprio e no saldo final, para quem apostou no crescimento e na profissionalização, nas alianças e na fidelização, na tecnologia e na mudança, vivemos um momento muito bom para toda a indústria. Mesmo a do receptivo internacional, que reclama da falta de mais turistas, mas que tem pela frente chances únicas.

O agente de viagens, como símbolo de integração dessa indústria tem sim muito o que comemorar.

E também saber que não pode mais "relaxar" como em décadas passadas. Confiar em acertos "no fio do bigode". As mudanças hoje são muito rápidas. Ser respeitado e importante depende de muitos fatores, principalmente dele mesmo, o agente de viagens.

A união, startada pela Abav e demais entidades, é fundamental para que daqui a um ano, o dia do agente de viagens tenha ainda mais motivos para comemorar.

Felicidades a todos os agentes de viagens do País. O turismo passa por vocês e essa indústria faz crescer o Brasil.

Artur Luiz Andrade
editor-chefe

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