Beatriz Contelli   |   20/01/2025 13:20
Atualizada em 20/01/2025 13:21

Câmara LGBT lamenta diretrizes da Meta, que deixou de apoiar iniciativas da entidade

Entidade crê que decisão da Meta representa um retrocesso na promoção da diversidade e inclusão


PANROTAS/Emerson Souza
Ricardo Gomes
Ricardo Gomes

A Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, presidida por Ricardo Gomes, lançou uma nota oficial diante das novas decisões da Meta, que recentemente acabou com a política de checagem de fatos das plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp. Entre as novas diretrizes, a empresa permite que usuários classifiquem pessoas gays e transsexuais como "doentes mentais".

Veja abaixo a nota da Câmara LGBT na íntegra:

"A Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil manifesta, com pesar, seu profundo descontentamento em relação às recentes decisões tomadas pela Meta Platforms Inc., controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp. Agindo com cautela, a entidade aguardou alguns dias até que conseguisse dialogar com sua interface na Meta para compreender os procedimentos que seriam aplicados no Brasil. Fomos informados de que a Meta descontinuará sua afiliação à Câmara LGBT.

Essa decisão inclui a interrupção de sua participação como membro compradora do Programa Fornecedores Diversos e a suspensão de seu apoio à Conferência Internacional da Diversidade 2025, diferentemente do que ocorreu em anos anteriores.

Além disso, outras ações conjuntas também serão descontinuadas. Foram removidas do Instagram todas as postagens da Meta sobre diversidade na cadeia de valor, incluindo vídeos, entrevistas, eventos e chamamentos para que empresas comandadas majoritariamente pela comunidade LGBTI+ e outras populações diversas procurassem os programas existentes para incrementar seus negócios.

De acordo com a Meta, essas medidas seguem orientações de sua matriz na Califórnia, refletindo um preocupante descompromisso com os valores fundamentais de direitos humanos, inclusão e diversidade. Essa postura é contrária ao estatuto da Câmara, que tem como princípios norteadores a promoção da ética, cidadania, direitos humanos e diversidade sexual, conforme previsto no artigo 3º, inciso XI, da Lei nº 9.790/99.

"A decisão da Meta representa um retrocesso preocupante e está em total desalinhamento com o compromisso histórico da empresa com a promoção da diversidade. É lamentável que uma corporação com tamanha influência global adote medidas que colocam em risco avanços importantes em diversidade, equidade, inclusão e pertencimento e, acima de tudo, em direitos humanos", afirmou o presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, Ricardo Gomes.

Ricardo Gomes
Divulgação
Painel coordenado pela Meta durante a 7ª Conferência Internacional da Diversidade, organizada pela Câmara LGBT
Painel coordenado pela Meta durante a 7ª Conferência Internacional da Diversidade, organizada pela Câmara LGBT

Ainda mais alarmante, a Meta revisou recentemente sua política de 'Conduta de Ódio' para permitir associações depreciativas entre termos relacionados a doenças mentais e gênero ou orientação sexual. Essa mudança não apenas legitima preconceitos, mas também agrava a discriminação contra pessoas LGBTI+, comprometendo princípios básicos de respeito e dignidade humana.

No Brasil, foi informado que a Meta seguirá procedimentos mais amenos devido às exigências legais impostas pela Suprema Corte, o que reforça que essas decisões não decorrem de um compromisso com os direitos humanos, mas de pressões regulatórias.

O Programa Fornecedores Diversos, iniciativa pioneira da Câmara LGBT, busca conectar empresas a fornecedores comprometidos com princípios de inclusão e diversidade. A retirada da Meta desse programa representa não apenas uma perda para os empreendedores LGBTI+, mas também uma oportunidade desperdiçada de promover transformação social por meio de práticas empresariais inclusivas.

Reiteramos que a Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil repudia veementemente as ações da Meta e conclama a empresa a rever suas políticas, assumindo compromisso com a promoção da diversidade, equidade, inclusão e pertencimento em todos os âmbitos. Empresas que negligenciam esses valores fundamentais não apenas comprometem sua credibilidade perante a sociedade, mas também perpetuam preconceitos que podem ter consequências graves e fatais.

Seguiremos vigilantes e engajados na defesa dos direitos da comunidade LGBTI+, exigindo que práticas corporativas respeitem e valorizem a diversidade como pilar essencial para a construção de um futuro mais justo e igualitário."

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