Luciano Guimarães, da BeFly, fala tudo sobre a compra da Oner Travel
Principal esclarecimento é que apenas agentes poderão vender por meio da plataforma
Proibida para CPFs. A Oner Travel torna-se uma plataforma de vendas para uso exclusivo de agentes de viagens, agora que está sob nova direção. Essa é a principal mudança da companhia que por pouco não pertenceu à CVC Corp, e passa a ter novo dono essa semana: a BeFly.
O vice-presidente da BeFly, Luciano Guimarães, conversou com o Portal PANROTAS a respeito da aquisição, revelou o propósito da compra, a situação financeira da nova empresa, as perspectivas otimistas, a relação com o fundador Antonoaldo Neves, estrutura e o que vai mudar daqui a cerca de dois meses, quando a Oner Travel voltar à ativa. Só não revelou o valor do negócio, por questão contratual.
Luti Guimarães aponta que a Oner não se tornou um desejo da BeFly da noite para o dia, nem só depois que o negócio com a concorrente do ABC Paulista empacou. "Pelo contrário. Começamos a projetar a compra da Oner logo que a empresa foi posta à venda, no ano passado. Vimos nela uma oportunidade enorme, pois eles têm elementos na plataforma que ninguém tem. Só não concordávamos com o fato de qualquer CPF poder vender. Mas com a Oner, quem quiser cria um site em três minutos, ou até mesmo em alguns dias, pois as opções de personalização são muitas", afirma ele.
No site tem CRM, fornecedores plugados, ferramentas de marketing de divulgação de destinos, pacotes e preços, tudo isso em um formato diferente do MaisFly, por exemplo. "O MaisFly é uma ferramenta muito similar com o que tem no mercado, similar ao de outras operadoras. Já com a Oner é como se o cliente estivesse comprando em uma OTA, mas com a assistência de um ser humano por trás dessa venda. É um modelo muito interessante."
Veja mais destaques da entrevista do vice-presidente da BeFly sobre a Oner:
APENAS CNPJS
A BeFly está focada em pivotar a plataforma e deixá-la exclusiva para o agente de viagens. "Turismo é serviço. Não é só ir a um site, vender e virar a página. Acreditamos no agente de viagens, em especialistas, na consultoria, no pós-venda", afirma Guimarães.
Ele revela que a Oner chega à BeFly com 80 mil vendedores cadastrados. Deles, 1,4 mil realmente vendiam. Entre esses efetivos, 30% eram agentes e 70% eram CPFs. Mesmo com a minoria, os agentes de viagens eram responsáveis por mais da metade do volume das vendas.
Essa divisão não existirá mais. "CPFs não venderão mais via Oner. Essa é uma das principais alterações. Queremos melhorar a vida do agente de viagens com mais essa plataforma. Até nossos franqueados (BeFly Travel, VaiVoando e Flytour) podem adotar a Oner, se desejarem", explica Guimarães, justificando a estratégia.
"Até 2024 e 2025 o mercado não vai crescer tão facilmente no internacional, pois falta oferta aérea. Desta maneira, a BeFly busca share dando ferramenta para o agente de viagens combater as OTAs e as vendas diretas."
RECONTRATAÇÕES
Tatiane Alves volta a ser head da Oner e, Mickael Quirino, head de Tecnologia da empresa. Ambos já ocuparam esses mesmos cargos. Eles não são os únicos recontratados. "Estamos trazendo de volta Tatiane, Mickael e outras pessoas chaves", aponta o VP da BeFly. "A Oner tinha feito desligamento de profissionais e começamos ontem a recontratar. Serão dez pessoas trabalhando na Oner, a maior parte delas em Tecnologia, pois de rede de fornecedores e de negócios nós temos a expertise necessária. Levaríamos muito tempo para criar internamente uma plataforma com a qualidade da Oner", conclui.
Fornecedores "da casa" como Inhotim, em Minas Gerais, restaurantes no Allianz Park e os hotéis Tryp e Botanique, serão incluídos no portfólio da Oner, mas outros produtos de terceiros também serão incluídos. "Hoje a Oner tem basicamente aéreo, terrestre e seguro viagem. Incluiremos os fornecedores internos e, de imediato, colocaremos locação de veículos e ingressos."
RELAÇÃO COM ANTONOALDO NEVES
O fundador da P2D Travel, que veio a se tornar Oner Travel, Antonoaldo Neves, ex-CEO de Azul e Tap e atual CEO da Etihad Airways, não tem mais relação com a empresa.
As negociações entre BeFly e Oner começaram quando Neves estava à frente da plataforma, mas foram interrompidas com a entrada da CVC Corp. "Antonoaldo está em outra empresa, vamos dar sequência à Oner que ele construiu, com algumas alterações. Ele não faz parte da empresa", afirma Luti.
DÍVIDAS E PASSAGEIROS A EMBARCAR
Perguntado sobre pendências financeiras, Guimarães diz que desconhece dívidas da Oner. "A maior parte das vendas era de aéreo, e está tudo pago ao fornecedor. A plataforma não é como uma operadora tradicional em que o pagamento é feito posteriormente à compra. Tudo é pago imediatamente"
Ainda de acordo com o executivo, a lista de obrigações da empresa se resume essencialmente ao embarque de passageiros, sobretudo em março, abril e maio. "Todas as remarcações e embarques acontecerão. Honraremos como honramos todas as empresas que compramos", esclarece Guimarães.