Beatrice Teizen   |   06/07/2023 13:26
Atualizada em 06/07/2023 13:34

ONG pede que turistas fiquem atentos à exploração animal; entenda

Proteção Animal Mundial trabalha em prol do bem-estar dos animais silvestres


PANROTAS / Leonardo Ramos

A Proteção Animal Mundial – organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal – acaba de lançar o relatório “De Olho na Indústria do Turismo – Responsabilidade com a Vida Silvestre: Brasil”, realizado em parceria com a Universidade de Surrey, do Reino Unido, que avalia globalmente o setor de Turismo.

O objetivo do estudo é analisar empresas que comercializam no País produtos turísticos como pacotes, passeios e experiências, e o quanto há uma falha em relação a animais selvagens, como venda e promoção de performances e interações nocivas e exploradoras no estilo circense, incluindo passeios e banhos de elefantes, selfies com filhotes de tigre, macacos ou araras, e atividades de nado com golfinhos ou alimentação de botos amazônicos, por exemplo.

O levantamento, por outro lado, identificou também companhias que removerem proativamente de suas plataformas o entretenimento de vida selvagem em cativeiro, como venda de atrações com golfinhos. No entanto, mostrou que ainda há promoção de Turismo de exploração por meio de imagens e avaliações no site.

Com a chegada da temporada de férias de inverno, a ONG pede aos turistas para que fiquem atentos antes de fazerem suas reservas e para que se certifiquem de que a agência ou plataforma de viagens escolhida não esteja promovendo ou comercializando atrativos que envolvam a exploração dos animais, no Brasil ou no Exterior.

Dentro do conceito de Turismo responsável, assim como a cadeia produtiva do setor deve se preocupar com impactos das atividades e produtos que comercializa, aprimorando a oferta, os consumidores também podem e devem assumir uma postura consciente em relação a suas escolhas e comportamentos, freando a demanda que sustenta práticas inadequadas.

“Esse é um trabalho propositivo. A intenção do olhar sobre o setor de Turismo é entender o quanto ainda persistem práticas ultrapassadas envolvendo animais silvestres. A partir daí, buscamos tanto reconhecer as empresas que já se moveram e estão evoluindo quanto identificar aquelas que ainda têm problemas nos catálogos. Em qualquer dos casos, compartilhamos previamente os resultados individuais de desempenho com elas, bem como recomendações do que deve ser corrigido, eliminado ou criado. Queremos que elas melhorem e isso é interessante para elas em termos de reputação”, diz o gerente de Vida Silvestre da organização, David Maziteli.

A pesquisa é feita a partir de informações públicas, seguindo a mesma perspectiva que está disponível para os compradores potenciais.

"Entre as empresas com resultados fracos, muitas vezes há problemas concretos. Mas, frequentemente, essas companhias também pecam porque falham em termos de transparência pública. Por exemplo, não publicam uma política específica de compromisso com a vida silvestre, ou a que há é muito fraca ou vaga”, explica.

Sofrimento normalizado

Todos os anos, milhares de animais são capturados na natureza ou nascem em cativeiro. Em qualquer dos casos, eles são usualmente separados de suas mães em uma idade precoce e, em seguida, submetidos a regimes severos de treinamento que são responsáveis por causar danos físicos e psicológicos aos indivíduos.

São então forçados a permanecer em ambientes de espetáculo – concebidos por humanos, cheios de sons, luzes e adereços – que não são naturais para eles. Estes locais são altamente estressantes, embora o público seja informado de que essas atrações proporcionam algum tipo de benefício em termos de educação ambiental ou para fins de conservação.

Segundo a ONG, viajar de forma responsável significa nunca incluir entretenimento de vida silvestre em cativeiro em seu itinerário. Pressupõe também recusar-se a reservar férias com empresas de viagens que, embora aleguem oferecer viagens responsáveis e sustentáveis, continuam a faturar em cima da exploração de animais e postergam (ou negligenciam) o sofrimento de suas cadeias de fornecimento.

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