Famílias gastaram R$ 233,5 bi com pagamento de juros em 2021
Em seis meses, núcleos familiares gastaram o equivalente a 73% do auxílio emergencial pago em 2020
No primeiro semestre de 2021, as famílias brasileiras pagaram R$ 233,5 bilhões de juros, valor que corresponde a 73% de toda a injeção do auxílio emergencial de 2020, quase 14 vezes o montante do benefício na primeira metade deste ano. Os dados são de um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que também demonstra que este gasto representou cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) semestral e 11,79% da renda das famílias, no período. Os juros ocupam a segunda posição entre os itens de maiores despesas dos brasileiros, ficando atrás apenas do aluguel, e superando os custos totais, por ano, com educação, serviços de saúde e vestuário.
O estudo, que busca quantificar o volume de recursos destinados, nos primeiros seis meses de 2019, 2020 e 2021, para o pagamento dos juros dos empréstimos obtidos em operações de crédito livre, bem como os níveis de inadimplência, tanto pelas empresas (PJ) como pelas pessoas físicas (PF), evidencia que o auxílio distribuído pelo governo federal, que poderia incentivar ainda mais o consumo das famílias, beneficiando de maneira homogênea outros setores da economia, foi bastante comprometido com a quitação destas taxas, canalizadas pelo sistema financeiro.
Na primeira metade de 2021, por exemplo, os juros pagos pelas famílias e empresas representaram 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) semestral, somando R$ 323,7 bilhões – aumento de 7,5% ante o mesmo período de 2020. Apesar do pior momento da pandemia no País, com mais óbitos e novas restrições e medidas de isolamento social, o valor pago somente pelas famílias ficou 7,2% maior do que o registrado em igual período de 2020, já descontada a inflação.
A soma dos volumes destinados pelas pessoas físicas e jurídicas para a quitação de juros é superior ao total dos auxílios emergenciais distribuídos a mais de 63 milhões de brasileiros ao longo de 2020 (R$ 320,3 bilhões), e quase 20 vezes o que foi pago nos primeiros seis meses de 2021 (R$ 16,8 bilhões). As empresas desembolsaram R$ 90,2 bilhões para este propósito – valor 8,2% acima do registrado em 2020. Tal soma representa 2% do PIB semestral.
Exemplificando, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) liberou R$ 37,5 bilhões em recursos para mais de 500 mil negócios no ano passado. Isso significa que o montante de juros pagos pelas pessoas jurídicas, no primeiro semestre deste ano, é quase 2,5 vezes superior ao volume destinado pelo programa.
INADIMPLÊNCIA CONTROLADA
Quando se analisa o cenário da inadimplência entre as famílias, o valor de empréstimos atrasados há mais de 90 dias – que tecnicamente conceitua o termo –, exibiu queda de 14,4%, apontando R$ 54,4 bilhões no primeiro semestre de 2021. A taxa de inadimplência ficou abaixo da registrada no mesmo período de 2019. Após passar de 4,8%, no primeiro semestre de 2019, para 5,3%, em 2020, a taxa recuou para 4,1%.
Já entre as empresas, a inadimplência atingiu, em junho de 2021, a soma de R$ 18,5 bilhões, queda de 13,7%, em comparação a 2020, e de 25,4%, em relação a 2019. Em valores absolutos, isso significa R$ 6,3 bilhões a menos no valor em atraso há mais de três meses. No fim do primeiro semestre do ano, considerando pessoas físicas e jurídicas, o saldo em atraso alcançou R$ 72,9 bilhões – o que correspondeu a apenas 22% do pagamento de juros no ano. Portanto, o valor transferido ao sistema financeiro no semestre foi 343% maior.
Com as Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) obtendo o protagonismo nas operações de crédito nos primeiros seis meses de 2021, e a maior injeção de liquidez em conjunto com a oferta de outras linhas emergenciais – em especial destinadas aos pequenos negócios –, o nível de inadimplência geral foi reduzido de 2,7%, no fim do primeiro semestre de 2019, para 1,6%, em junho.
CRÉDITO
Em 2021, no período analisado pelo estudo, tanto as concessões quanto o saldo das operações de crédito para pessoa jurídica avançaram, no comparativo anual, 1,2% e 5,1%, respectivamente. O ritmo, no entanto, foi menor que o registrado em 2020, quando a alta das concessões foi puxada pelas grandes empresas, que, em razão da assimetria de informações e da maior facilidade na obtenção do crédito em relação às pequenas, se anteciparam e reforçaram o caixa no primeiro trimestre do ano.
Já entre pessoas físicas, a primeira metade de 2020 apontou crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2019. As concessões, entretanto, foram 5,5% inferiores, na mesma base de comparação, graças ao posicionamento mais conservador dos bancos e à cautela das famílias em comprometer a renda. Com a retomada das atividades, em 2021, o saldo das operações de crédito e as concessões acumuladas no período cresceram, respectivamente, 10,1% e 11,9%, em relação ao ano passado.
O estudo, que busca quantificar o volume de recursos destinados, nos primeiros seis meses de 2019, 2020 e 2021, para o pagamento dos juros dos empréstimos obtidos em operações de crédito livre, bem como os níveis de inadimplência, tanto pelas empresas (PJ) como pelas pessoas físicas (PF), evidencia que o auxílio distribuído pelo governo federal, que poderia incentivar ainda mais o consumo das famílias, beneficiando de maneira homogênea outros setores da economia, foi bastante comprometido com a quitação destas taxas, canalizadas pelo sistema financeiro.
Na primeira metade de 2021, por exemplo, os juros pagos pelas famílias e empresas representaram 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) semestral, somando R$ 323,7 bilhões – aumento de 7,5% ante o mesmo período de 2020. Apesar do pior momento da pandemia no País, com mais óbitos e novas restrições e medidas de isolamento social, o valor pago somente pelas famílias ficou 7,2% maior do que o registrado em igual período de 2020, já descontada a inflação.
A soma dos volumes destinados pelas pessoas físicas e jurídicas para a quitação de juros é superior ao total dos auxílios emergenciais distribuídos a mais de 63 milhões de brasileiros ao longo de 2020 (R$ 320,3 bilhões), e quase 20 vezes o que foi pago nos primeiros seis meses de 2021 (R$ 16,8 bilhões). As empresas desembolsaram R$ 90,2 bilhões para este propósito – valor 8,2% acima do registrado em 2020. Tal soma representa 2% do PIB semestral.
Exemplificando, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) liberou R$ 37,5 bilhões em recursos para mais de 500 mil negócios no ano passado. Isso significa que o montante de juros pagos pelas pessoas jurídicas, no primeiro semestre deste ano, é quase 2,5 vezes superior ao volume destinado pelo programa.
INADIMPLÊNCIA CONTROLADA
Quando se analisa o cenário da inadimplência entre as famílias, o valor de empréstimos atrasados há mais de 90 dias – que tecnicamente conceitua o termo –, exibiu queda de 14,4%, apontando R$ 54,4 bilhões no primeiro semestre de 2021. A taxa de inadimplência ficou abaixo da registrada no mesmo período de 2019. Após passar de 4,8%, no primeiro semestre de 2019, para 5,3%, em 2020, a taxa recuou para 4,1%.
Já entre as empresas, a inadimplência atingiu, em junho de 2021, a soma de R$ 18,5 bilhões, queda de 13,7%, em comparação a 2020, e de 25,4%, em relação a 2019. Em valores absolutos, isso significa R$ 6,3 bilhões a menos no valor em atraso há mais de três meses. No fim do primeiro semestre do ano, considerando pessoas físicas e jurídicas, o saldo em atraso alcançou R$ 72,9 bilhões – o que correspondeu a apenas 22% do pagamento de juros no ano. Portanto, o valor transferido ao sistema financeiro no semestre foi 343% maior.
Com as Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) obtendo o protagonismo nas operações de crédito nos primeiros seis meses de 2021, e a maior injeção de liquidez em conjunto com a oferta de outras linhas emergenciais – em especial destinadas aos pequenos negócios –, o nível de inadimplência geral foi reduzido de 2,7%, no fim do primeiro semestre de 2019, para 1,6%, em junho.
CRÉDITO
Em 2021, no período analisado pelo estudo, tanto as concessões quanto o saldo das operações de crédito para pessoa jurídica avançaram, no comparativo anual, 1,2% e 5,1%, respectivamente. O ritmo, no entanto, foi menor que o registrado em 2020, quando a alta das concessões foi puxada pelas grandes empresas, que, em razão da assimetria de informações e da maior facilidade na obtenção do crédito em relação às pequenas, se anteciparam e reforçaram o caixa no primeiro trimestre do ano.
Já entre pessoas físicas, a primeira metade de 2020 apontou crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2019. As concessões, entretanto, foram 5,5% inferiores, na mesma base de comparação, graças ao posicionamento mais conservador dos bancos e à cautela das famílias em comprometer a renda. Com a retomada das atividades, em 2021, o saldo das operações de crédito e as concessões acumuladas no período cresceram, respectivamente, 10,1% e 11,9%, em relação ao ano passado.