Intenção de consumo das famílias registra nova queda
Fatores como o desemprego, a taxa de juros e a recuperação lenta da economia deixam o consumidor mais cauteloso
A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela queda de 1,9% neste mês.
Isso representa a segunda baixa mensal consecutiva este ano, após o recuo de 0,4% em março. O estudo apontou variação negativa em todos os subíndices do indicador. A última vez que isso ocorreu foi em julho do ano passado, quando a economia do País ainda se recuperava dos prejuízos causados pela greve dos caminhoneiros.
A performance ainda lenta da economia, os juros e o desemprego são fatores que têm frustrado o otimismo das famílias para o consumo, de acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “O País passa por uma fase de mudanças e ajustes. A aprovação da reforma da Previdência, nos próximos meses, pode trazer um alento para a economia brasileira”, acredita Tadros.
Os subíndices Momento para Duráveis (-5,8%) e Perspectiva de Consumo (-3,3%) foram os que mais influenciaram a retração no ICF, seguidos pela Perspectiva Profissional (-1,7%) e a avaliação quanto ao Emprego Atual (-1,6%). O resultado da pesquisa da CNC aponta ainda que o ICF chegou a 96,2 pontos, continuando abaixo da zona de satisfação, de 100 pontos. Desde abril de 2015, quando atingiu 102,9 pontos, o ICF não ultrapassa essa marca.
MAIS CAUTELA
Para a CNC, a retração no ICF de abril demonstra maior cautela das famílias para consumir diante do aumento dos preços, dos juros altos e do nível de endividamento. Segundo a Confederação, as incertezas de curto prazo quanto aos rumos da economia, em virtude principalmente das dificuldades de melhora no mercado de trabalho, contribuíram para compor um quadro de relativo desânimo entre as famílias brasileiras.
A queda do ICF foi influenciada, sobretudo, pelas famílias localizadas no Sudeste (-3,2%) e Nordeste (-1,7%), regiões brasileiras mais populosas e bastante atingidas pelo desemprego. Já a região Norte foi a única a revelar aumento da intenção de compra (+2,5%).
A intenção de consumo das famílias do Sul (102,7 pontos) e do Norte (100,3) ainda se encontra na zona de satisfação, acima dos 100 pontos, já Sudeste e Centro-Oeste estão no mesmo padrão de insatisfação (94,7 pontos), seguidos pelo Nordeste (96,2 pontos).