Presidente do Sindepat destaca participação no IAAPA Summit Latin America; leia o artigo
Carolina Negri conta um pouco das reflexões que o evento despertou em artigo enviado ao Portal PANROTAS

De volta do IAAPA Summit Latin America, que ocorreu de 24 a 26 de março na Cidade do México, a presidente executiva do Sindepat (Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas), Carolina Negri, conta um pouco das reflexões que o evento despertou em artigo enviado ao Portal PANROTAS.
“Turistando” no mundo real
Na semana passada estive na Cidade do México, onde participei do Encontro IAAPA, Latin America e Caribe, um evento do setor de parques e atrações organizado pela IAAPA, associação global da indústria de atrações, representando o SINDEPAT, junto com Pablo Morbis, presidente do Conselho do SINDEPAT.
O evento contou com fornecedores do segmento entre os expositores, de fabricantes de equipamentos a empresas com soluções e serviços para atender a indústria da diversão.
Na exposição, fiquei entusiasmada em encontrar muitos representantes de empresas internacionais associadas ao SINDEPAT, mostrando a importância do mercado brasileiro no cenário não só latino-americano, mas também mundial. Estar conectado a uma entidade local é certamente a melhor forma de aproximação de clientes potenciais e atuais.
Além da exposição, o evento contou com palestras com conteúdo muito interessante, não somente para a indústria de parques, mas também para o turismo de modo geral, apresentando grandes desafios e oportunidades que temos pela frente. Trago aqui algumas reflexões.
1. A mudança climática não vai mudar o mundo. Está mudando. Não é mais futuro, é muito presente. E se não tomarmos decisões de grande impacto agora, pode ser tarde demais.
2. Pessoas são o centro. Não somente clientes, mas toda a cadeia de stakeholders. Fornecedores. Colaboradores. Parceiros. Todos precisam se sentir parte para estarem motivados, e não serem meros coadjuvantes. Processo, tecnologia, governança, sistema, tudo deve ter como foco as pessoas.
3. Uma das apresentações, feita pela diretora de Parks e Tours do Grupo X-Caret, Elizabeth Lugo, destacou os mandamentos do serviço, algo bem similar ao que vi na Disney quando estagiei no hoje Hollywood Studios. Simples, porém desafiadores. Coisas como: palavras de cortesia são grátis; os colaboradores são os experts no produto e por isso devem assessorar os clientes; aproveitar as oportunidades de servir além do esperado, e para mim, uma das melhores: não existe uma segunda chance para causar uma primeira boa impressão. Acredito que esta deveria ser a prerrogativa máxima para quem se dispõe a trabalhar com prestação de serviços.
4. As pessoas nunca estiveram tão conectadas e tão sozinhas. E isso impacta a motivação e engajamento, e consequentemente a qualidade do trabalho. É fundamental que busquemos meios para promover uma grande reconexão social.
5. O celular e a hiperconectividade proporcionada por ele nos trouxeram facilidades e solidão. Estamos vivendo a era do “Homo Smartphonis”. Todos hiper informados, hiper relacionados (virtualmente), dependentes tecnológicos (para coisas simples como saber um número de celular ou para chegar em lugares que sempre íamos sozinhos), hiper distraídos e difíceis de impressionar.
6. Este novo “Homo” não compra produtos, compra ideias, expectativas e bens intangíveis. Não compra uma cama de hotel, compra o conforto; não compra o tíquete de um parque, compra a emoção e a diversão.
7. É preciso uma grande motivação disruptiva, aliado ao empoderamento das pessoas, a tecnologia, trabalho focado na experiência do consumidor, para darmos conta de atingir expectativas e intangibilidade, na primeira impressão.
Trazer isso para a realidade do turismo e especialmente do setor de parques e atrações é urgente. Hoje vemos muitos players no caminho certo e outros bem distantes desta trilha. No caso específico de entidades de classe, é necessário um mergulho muito mais profundo para conseguirmos pensar tudo isso no universo associativo.
De qualquer modo, o lado positivo é que o turismo é um grande antídoto para o grande mal do “homo” atual, a desconexão social. Podíamos promover uma grande campanha, como citado pelo por um dos palestrantes do evento: phone detox. Afinal, “turistar”, ainda só se conjuga no mundo real.