Da Redação   |   19/06/2024 10:32
Atualizada em 19/06/2024 10:43

NBA: a estratégia antes dos bons resultados

Presidente da SPTuris fala do potencial da cidade em receber modalidades esportivas de destaque mundial

*Por Gustavo Pires

Divulgação
Gustavo Pires, da SPTuris
Gustavo Pires, da SPTuris

A NBA House, ativação montada no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, e ancorada nas partidas finais da liga de basquete americano, mostra como o esporte bem trabalhado pode se reverter em poderoso gancho para eventos, Turismo e outros negócios. No ano passado reuniu 44 mil pessoas. Em 2024, entre 6 e 23 de junho, a sexta edição a NBA House no Brasil mobilizou, além do público, marcas que identificaram a oportunidade de fidelização de clientes. Trata-se do maior evento de NBA fora dos Estados Unidos.

As partidas finais estão sendo transmitidas para 214 países; apenas dez, entre eles o Brasil, foram autorizados a montar as watch parties, como a NBA House.

Por diversas razões não temos jogos oficiais da NBA no Brasil, mesmo que a entidade já tenha em curso um processo de internacionalização. Isso não significa que o País não esteja nos planos. No ano passado, falando sobre uma possível vinda da NBA, o vice-comissário e chefe de operações da NBA, Mark Tatum, foi categórico: praticamente todas grandes cidades querem receber a partidas. Porém, “temos limitações por causa do calendário, mas vamos continuar considerando levar nossos jogos para outros lugares do mundo, incluindo o Brasil."

Entre as dificuldades basta lembrar que uma temporada da NBA tem 1230 partidas, considerando todas as divisões e equipes. Como conciliar interesses, deslocamentos e infraestrutura nesse intrincado calendário? É diferente de outras modalidades, como a NFL, de futebol americano, que estreará no hemisfério sul com a partida em São Paulo, na Neo Química Arena em 6 de setembro próximo. Ou mesmo dos eventos de automobilismo, da FIA: em cinco meses, de 14 de julho a 7 de dezembro, São Paulo sediará pela primeira vez na história as três principais categorias em um intervalo de tempo tão pequeno: WEC Le Mans, Fórmula 1 e Fórmula E.

Mesmo que não tenhamos nenhum tipo de negociação em andamento, a cidade de São Paulo coloca-se sempre entre as primeiras a querer receber as modalidades esportivas de destaque mundial. A NBA chegou a fazer partidas preparatórias – pré-temporada – no Rio de Janeiro há alguns anos. Esse movimento demonstra que as intenções dos norte-americanos não estão apenas nos discursos. Há inteligência e estratégia.

Quando olhamos para América Latina, apenas o México faz frente ao Brasil. Muito pelo benefício da localização – países vizinhos —, o que facilita um bocado para a logística. O mercado brasileiro tem uma audiência estimada acima de 40 milhões de interessados no basquete americano — mesmo sem um atleta de destaque na categoria, o que poderia ajudar, não apenas no interesse pelas partidas, mas principalmente na popularização do esporte. Lembrando que entre os anos 60 e 80 o basquete já rivalizou com o futebol no gosto dos brasileiros.

Enquanto os movimentos de multinacionalização esportiva ainda não nos favorecem, resta ao País, em particular São Paulo, trabalhar pelo incentivo à criação de infraestrutura e o desenvolvimento das modalidades. Não temos dúvida que a vinda de outras marcas de destaque mundial é apenas uma questão de tempo. Não será possível a criação e manutenção de iniciativas efetivamente globais sem incluir a capital paulista.

Gustavo Pires é presidente da SPTuris, empresa de eventos e turismo da Prefeitura de São Paulo

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