Rogéria Pinheiro descobre natureza indomável na Serra do Amolar (MS)
Profissional conta como foi sua experiência pelo norte do Pantanal a convite da Pure Brasil
Em um relato emocionante, a mentora de agências de viagens Rogéria Pinheiro conta como foi sua experiência pelo norte do Pantanal. A convite da Pure Brasil, ela visitou a região da Serra do Amolar (MS) e passou quatro dias imersa em uma experiência que teve rios, onça pintada, projetos inspiradores, muitas paisagens e uma reflexão sobre a coexistência entre homem e natureza.
Confira abaixo o relato completo.
Serra do Amolar: uma viagem de natureza, alma, fé e força pelo Pantanal
É muito interessante como alguns destinos são apresentados pra gente e, da forma com que chegam, criam raízes imutáveis no nosso imaginário. O Pantanal está nessa fase. Por causa da novela, já temos um cenário e contexto prontos quando falamos nele. E justamente por isso, eu realmente achei que soubesse o que iria encontrar quando fui convidada para conhecer a Serra do Amolar, no norte do Pantanal, numa press trip com jornalistas e influenciadores promovida pela Pure Brasil. E foi delicioso descobrir como eu estava errada.
Claro que teve muito rio, muita vegetação, animais e até onça pintada ao vivo. Mas o Pantanal que eu conheci me tocou de uma forma muito profunda, não só pela sua natureza, mas também pelas pessoas que vivem lá e não se cansam em defendê-la.
O primeiro impacto já veio na chegada. A viagem teve seis dias, começando por Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e atravessando muitos e muitos quilômetros rio acima. Corumbá era pra ser só a porta de entrada do roteiro, mas desembarcamos em pleno 23 de junho, véspera de São João e dia de uma festa na cidade que já foi reconhecida como Patrimônio Imaterial Nacional.
Nas margens do Rio Paraguai, que separa Corumbá da Bolívia, os moradores promovem um dos festejos sacro-profanos mais diferenciados do Brasil, o “Banho de São João”. E depois de dois anos de uma celebração tímida, por causa da pandemia, estar na cidade nesse dia, de manifestação cultural e religiosa tão fortes, já mexeu bastante comigo. A fé desse povo me deixou inebriada. E eu admirei muito a força e a devoção deles em algo superior.
Assim começa minha viagem pra Serra do Amolar. No dia seguinte, pegamos um barco e atravessamos o rio durante cinco horas em direção à Reserva Acurizal. Outro momento de impacto e de surpresa. As paisagens que você tem nesse tempo de travessia, com as águas escuras do rio Paraguai espelhando o céu e a vegetação verde, me trouxeram a sensação de estar atravessando um portal. Você está ali, naquela natureza em sua essência, no silêncio, sem internet, sem vilarejos próximos, imersa realmente por cinco horas em algo maior. É você com você mesmo e, ao mesmo tempo, é você sendo parte mínima de um todo muito forte, muito interligado.
Um roteiro pela Serra do Amolar terá muito disso. Beleza, hospitalidade, mas principalmente impacto, momentos de reflexão e admiração, pela natureza e por quem está ali participando de projetos para protegê-la. E nesse contexto eu preciso falar muito do IHP, o Instituto Homem Pantaneiro.
Fundado em 2002, o Instituto Homem Pantaneiro é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua na preservação do bioma Pantanal e da cultura local. Eles fazem a gestão de áreas protegidas, incluindo a Serra do Amolar, e também o desenvolvimento de pesquisas e a promoção de diálogo entre quem mora, convive e depende da região.
São biólogos, pesquisadores, brigadistas e pessoas envolvidas num só propósito: cuidar daquela fauna e flora. E essa foi a terceira surpresa da viagem. Eu não esperava encontrar projetos sociais e ambientais tão sérios e profundos como os que vi nessa viagem. Dois deles, especificamente, me emocionaram muito.
O primeiro foi o da brigada de incêndio. Em 2020, a Serra do Amolar sofreu a pior queimada de sua história. Mais de 17 milhões de animais da região morreram, 98% do território foi consumido pelo fogo. Foram meses de incêndio, houve ajuda do governo, mas quem começou a lutar para tentar impedir que as chamas se alastrassem foram os próprios locais, os ribeirinhos, a comunidade pantaneira. O projeto da brigada veio depois desse episódio, justamente para criar uma estrutura de combate de incêndio caso isso venha a acontecer de novo.
A história é realmente chocante, vi fotos de como a região ficou devastada. E ao comparar os registros com aquela natureza abundante que eu tinha ali, ao vivo, foi outro impacto. Pensar como a paisagem se refez completamente em dois anos me obrigou novamente a admirar, honrar e respeitar o poder e a força da natureza. E de novo estamos falando de fé, de devoção, de um algo maior deixando muito claro que nós não temos controle de nada.
A natureza é muito indomável. O que o Pantanal me mostrou foi isso: ela não se curva ao homem, ela é muito mais forte. Tudo que a gente faz e vivencia na Serra do Amolar é a natureza que determina: o nosso roteiro é baseado todo nela, em horários do nascer e por do sol, dos mosquitos, dos animais. O ser humano aqui tem papel de contemplador, não manda em nada. E será que é só aqui? Até onde nós temos todo o poder que achamos que temos?
Foram quatro dias imersa nesse contexto, aprendendo sobre a força da natureza e também sobre as pessoas que estão envolvidas nesse processo de também aprender com ela, de respeitá-la. A Serra do Amolar é um conjunto de montanhas, rio, charcos alagados, tudo muito isolado. Você não vê grandes comunidades ali, não tem muito contato com outros seres humanos. Quem está ali é porque realmente quer fazer parte daquilo. É realmente atravessar um portal. E deixar-se transformar por ele.
E, pra terminar esse relato, eu preciso falar dela: da onça pintada! O IHP tem um outro projeto muito bonito na Serra do Amolar, o Felinos Pantaneiros, para promover uma coexistência pacífica e harmoniosa entre a onça pintada, tão caçada e perseguida em outros tempos, com a comunidade local, fazendeiros e ribeirinhos.
Hoje, existem 111 onças catalogadas na Serra do Amolar. Mas vê-las não é tão simples assim. São animais livres, numa região muito grande, e não são curiosas para aparecerem por tantos lugares. Lá até dizem que “é a onça que escolhe pra quem ela vai se mostrar”. E, realmente, quando ela aparece, é uma sensação inexplicável, você se sente privilegiado por essa oportunidade. Nosso grupo teve essa sorte.
Foram 10 segundos apenas de avistamento do principal felino do Pantanal. Mas foram suficientes pra deixar todo mundo com adrenalina a mil, respiração suspensa, o ambiente com outra energia. A presença da onça pintada é muito forte. Eu queria descrever melhor aqui, mas é daquelas experiências que só quem viveu sabe.
Aliás, experiências são sempre muito sobre o que a gente viu, fez e já carregava com a gente naquele momento, porque envolvem muito do nosso olhar e nossas vivências. Por isso elas são tão importantes na nossa vida.
Eu experimentei dias realmente diferentes na Serra do Amolar, entre trilhas, passeios de barco, jacarés, ariranhas, fauna e flora riquíssimas. E estar imersa nessa natureza tão selvagem foi uma experiência que vai me fazer perceber de forma diferente as experiências futuras que terei. Assim como a natureza, a gente se transforma sempre.
Então, se você gosta de bichos, vale conhecer a Serra do Amolar. Se você gosta de natureza, vale também, demais! E se você gosta de pessoas, será a oportunidade perfeita para renovar a sua fé na humanidade, conhecendo gente e instituições engajadas verdadeiramente com o planeta e com nosso futuro nele.
Não temos controle sobre nada, a natureza tem seu próprio poder de se reconstituir, tudo dá e tudo tira, se assim ela quiser. Isso é muito profundo. Isso é sobre nosso eu, nossa existência, por isso acho que todo mundo deveria conhecer esse paraíso, completamente diferente do que imaginamos e esperamos.
A Serra do Amolar foi uma viagem de natureza, mas também de espírito, de alma, de aprendizado. E de pessoas. De como tudo isso pode (e precisa) coexistir de forma harmônica. E por muito tempo.
Confira abaixo mais fotos da viagem de Rogéria Pinheiro para a Serra do Amolar (MS).
Confira abaixo o relato completo.
Serra do Amolar: uma viagem de natureza, alma, fé e força pelo Pantanal
É muito interessante como alguns destinos são apresentados pra gente e, da forma com que chegam, criam raízes imutáveis no nosso imaginário. O Pantanal está nessa fase. Por causa da novela, já temos um cenário e contexto prontos quando falamos nele. E justamente por isso, eu realmente achei que soubesse o que iria encontrar quando fui convidada para conhecer a Serra do Amolar, no norte do Pantanal, numa press trip com jornalistas e influenciadores promovida pela Pure Brasil. E foi delicioso descobrir como eu estava errada.
Claro que teve muito rio, muita vegetação, animais e até onça pintada ao vivo. Mas o Pantanal que eu conheci me tocou de uma forma muito profunda, não só pela sua natureza, mas também pelas pessoas que vivem lá e não se cansam em defendê-la.
O primeiro impacto já veio na chegada. A viagem teve seis dias, começando por Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e atravessando muitos e muitos quilômetros rio acima. Corumbá era pra ser só a porta de entrada do roteiro, mas desembarcamos em pleno 23 de junho, véspera de São João e dia de uma festa na cidade que já foi reconhecida como Patrimônio Imaterial Nacional.
Nas margens do Rio Paraguai, que separa Corumbá da Bolívia, os moradores promovem um dos festejos sacro-profanos mais diferenciados do Brasil, o “Banho de São João”. E depois de dois anos de uma celebração tímida, por causa da pandemia, estar na cidade nesse dia, de manifestação cultural e religiosa tão fortes, já mexeu bastante comigo. A fé desse povo me deixou inebriada. E eu admirei muito a força e a devoção deles em algo superior.
Assim começa minha viagem pra Serra do Amolar. No dia seguinte, pegamos um barco e atravessamos o rio durante cinco horas em direção à Reserva Acurizal. Outro momento de impacto e de surpresa. As paisagens que você tem nesse tempo de travessia, com as águas escuras do rio Paraguai espelhando o céu e a vegetação verde, me trouxeram a sensação de estar atravessando um portal. Você está ali, naquela natureza em sua essência, no silêncio, sem internet, sem vilarejos próximos, imersa realmente por cinco horas em algo maior. É você com você mesmo e, ao mesmo tempo, é você sendo parte mínima de um todo muito forte, muito interligado.
Um roteiro pela Serra do Amolar terá muito disso. Beleza, hospitalidade, mas principalmente impacto, momentos de reflexão e admiração, pela natureza e por quem está ali participando de projetos para protegê-la. E nesse contexto eu preciso falar muito do IHP, o Instituto Homem Pantaneiro.
Fundado em 2002, o Instituto Homem Pantaneiro é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua na preservação do bioma Pantanal e da cultura local. Eles fazem a gestão de áreas protegidas, incluindo a Serra do Amolar, e também o desenvolvimento de pesquisas e a promoção de diálogo entre quem mora, convive e depende da região.
São biólogos, pesquisadores, brigadistas e pessoas envolvidas num só propósito: cuidar daquela fauna e flora. E essa foi a terceira surpresa da viagem. Eu não esperava encontrar projetos sociais e ambientais tão sérios e profundos como os que vi nessa viagem. Dois deles, especificamente, me emocionaram muito.
O primeiro foi o da brigada de incêndio. Em 2020, a Serra do Amolar sofreu a pior queimada de sua história. Mais de 17 milhões de animais da região morreram, 98% do território foi consumido pelo fogo. Foram meses de incêndio, houve ajuda do governo, mas quem começou a lutar para tentar impedir que as chamas se alastrassem foram os próprios locais, os ribeirinhos, a comunidade pantaneira. O projeto da brigada veio depois desse episódio, justamente para criar uma estrutura de combate de incêndio caso isso venha a acontecer de novo.
A história é realmente chocante, vi fotos de como a região ficou devastada. E ao comparar os registros com aquela natureza abundante que eu tinha ali, ao vivo, foi outro impacto. Pensar como a paisagem se refez completamente em dois anos me obrigou novamente a admirar, honrar e respeitar o poder e a força da natureza. E de novo estamos falando de fé, de devoção, de um algo maior deixando muito claro que nós não temos controle de nada.
A natureza é muito indomável. O que o Pantanal me mostrou foi isso: ela não se curva ao homem, ela é muito mais forte. Tudo que a gente faz e vivencia na Serra do Amolar é a natureza que determina: o nosso roteiro é baseado todo nela, em horários do nascer e por do sol, dos mosquitos, dos animais. O ser humano aqui tem papel de contemplador, não manda em nada. E será que é só aqui? Até onde nós temos todo o poder que achamos que temos?
Foram quatro dias imersa nesse contexto, aprendendo sobre a força da natureza e também sobre as pessoas que estão envolvidas nesse processo de também aprender com ela, de respeitá-la. A Serra do Amolar é um conjunto de montanhas, rio, charcos alagados, tudo muito isolado. Você não vê grandes comunidades ali, não tem muito contato com outros seres humanos. Quem está ali é porque realmente quer fazer parte daquilo. É realmente atravessar um portal. E deixar-se transformar por ele.
E, pra terminar esse relato, eu preciso falar dela: da onça pintada! O IHP tem um outro projeto muito bonito na Serra do Amolar, o Felinos Pantaneiros, para promover uma coexistência pacífica e harmoniosa entre a onça pintada, tão caçada e perseguida em outros tempos, com a comunidade local, fazendeiros e ribeirinhos.
Hoje, existem 111 onças catalogadas na Serra do Amolar. Mas vê-las não é tão simples assim. São animais livres, numa região muito grande, e não são curiosas para aparecerem por tantos lugares. Lá até dizem que “é a onça que escolhe pra quem ela vai se mostrar”. E, realmente, quando ela aparece, é uma sensação inexplicável, você se sente privilegiado por essa oportunidade. Nosso grupo teve essa sorte.
Foram 10 segundos apenas de avistamento do principal felino do Pantanal. Mas foram suficientes pra deixar todo mundo com adrenalina a mil, respiração suspensa, o ambiente com outra energia. A presença da onça pintada é muito forte. Eu queria descrever melhor aqui, mas é daquelas experiências que só quem viveu sabe.
Aliás, experiências são sempre muito sobre o que a gente viu, fez e já carregava com a gente naquele momento, porque envolvem muito do nosso olhar e nossas vivências. Por isso elas são tão importantes na nossa vida.
Eu experimentei dias realmente diferentes na Serra do Amolar, entre trilhas, passeios de barco, jacarés, ariranhas, fauna e flora riquíssimas. E estar imersa nessa natureza tão selvagem foi uma experiência que vai me fazer perceber de forma diferente as experiências futuras que terei. Assim como a natureza, a gente se transforma sempre.
Então, se você gosta de bichos, vale conhecer a Serra do Amolar. Se você gosta de natureza, vale também, demais! E se você gosta de pessoas, será a oportunidade perfeita para renovar a sua fé na humanidade, conhecendo gente e instituições engajadas verdadeiramente com o planeta e com nosso futuro nele.
Não temos controle sobre nada, a natureza tem seu próprio poder de se reconstituir, tudo dá e tudo tira, se assim ela quiser. Isso é muito profundo. Isso é sobre nosso eu, nossa existência, por isso acho que todo mundo deveria conhecer esse paraíso, completamente diferente do que imaginamos e esperamos.
A Serra do Amolar foi uma viagem de natureza, mas também de espírito, de alma, de aprendizado. E de pessoas. De como tudo isso pode (e precisa) coexistir de forma harmônica. E por muito tempo.
Confira abaixo mais fotos da viagem de Rogéria Pinheiro para a Serra do Amolar (MS).