Afroturismo vai além de viagens e aborda representatividade negra
LIVE PANROTAS - Retomada das Viagens reuniu profissionais que exaltam as raízes do povo negro brasileiro
É preciso falar de afroturismo o ano inteiro, o tempo todo, todo o tempo. Este foi o tema da LIVE PANROTAS - Retomada das Viagens de hoje (19), que reuniu profissionais que fizeram do seu desejo por uma sociedade mais igual e da vontade de viajar uma união de fatores para exaltar as raízes do povo negro brasileiro.
Com uma enorme quantidade de roteiros que mostram a presença negra por todo o País, é fundamental divulgar as diferentes possibilidades e dar voz às ações realizadas em prol do Turismo afrocentrado, com o intuito de desenvolver, cada vez mais, esse nicho.
“É preciso potencializar nossa voz, dar mais valor e consumir nossos produtos. Não somente em novembro, mas nós trabalhamos, resistimos e oferecemos produtos de qualidade o ano inteiro. A nossa existência por si só, nossa escolha de trabalhar com o afroturismo, já é lutar pela causa. Precisamos de um apoio para que as pessoas respeitem nosso trabalho. É assim que a gente se mantém”, diz a diretora de Negócios e Vendas da Diaspora.Black, Cintia Ramos.
Oferecer produtos para que negros se reconheçam, mergulhem na cultura afro-brasileira e entendam suas ancestralidades é um dos objetivos da Rota da Liberdade. O programa turístico cultural mapeia os passos dos negros africanos e seus descendentes na construção da cultura na região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira no Estado de São Paulo.
“Em Pindamonhangaba, por exemplo, toda a riqueza dos barões de café quem ergueu foi uma mão negra. Nas comunidades tradicionais, como em Guaratinguetá, temos o jongo, temos um roteiro religioso em Aparecida, demonstrando como o negro africano faz uma antropofagia dos cânones. No litoral norte temos opções com quilombos, em Ubatuba, e temos até mesmo roteiros para coach. Nós trazemos toda essa presença negra por meio dos nossos roteiros”, explica a fundadora do projeto, Solange Barbosa.
ALÉM DE VIAGENS
O afroturismo vai além do ato de viajar. Além de ser uma busca por ancestralidade, é também ver uma recolocação do mercado produtivo, de inclusão de negros em cargos de gestão. É trabalhar para ser antirracista e criar um Turismo antirracista. Criar espaço para profissionais negros e consumir seu trabalho.
“Se você for um operador ou agente de viagens e estiver interessado nesses produtos, procure por pessoas negras que já trabalham com isso e sabem do que estão falando. Dê atenção e respeito a esses profissionais. Precisamos também tomar cuidado com a questão de imagem e publicidade. Temos uma dificuldade enorme dentro do marketing de não nos enxergarmos. E, se eu não me vejo, eu não compro. Se o agente de Turismo não começar a colocar imagens diversas e respeitar o afroturismo como um produto muito importante de venda, tanto receptivo quanto emissivo, poderemos ter problemas futuros. Este é um dos produtos mais inovadores do mercado”, pontua a supervisora na Salvatur Viagens, Tânia Neres.
Tânia deu de exemplo como dificuldade de representação a ferramenta de busca do Google. Ao digitar o termo “afroturismo”, ele corrige automaticamente e sugere resultados de “agroturismo”. Diante disso, ela reforça a necessidade de se utilizar uma hashtag, como #afroturismo, ao visitar destinos no Brasil e Exterior, para que o Google comece a entender que o produto existe e precisa ser respeitado.
“Precisamos criar potenciais dentro de cada universo, dar valos aos profissionais que trabalham nessa área. Tanto na gestão e contratação, quanto na questão de nós mesmos como turistas. É necessário falar dos negros como passageiros protagonistas de Turismo e como, muitas vezes, somos tratados em alguns lugares”, diz.
PESSOAS NÃO-NEGRAS
Um questionamento recorrente em relação ao afroturismo é: pessoas brancas podem praticar? A resposta, segundo o produtor cultural na Black Bird Viagens, Heitor Salatiel, é que não só podem, como devem ir em busca deste produto.
“O Turismo movimenta a economia. Quando promovemos uma experiência, movimentamos os pequenos negócios, o guia local... Uma conexão com as pessoas engajadas nesse assunto é criada. A partir do momento que você incorpora táticas antirracistas nas suas ações naturalmente, como ir comer em um restaurante local de uma mulher preta em vez de fast food, a experiência passa a ser muito mais transformadora. Estamos em uma visão capitalista e é no empoderamento financeiro que as coisas vão evoluir. E o Turismo tem esse combo. Você sai com uma bagagem cultural muito potente e ainda aproveita e se distrai, cuidando do seu bem-estar.”
Com uma enorme quantidade de roteiros que mostram a presença negra por todo o País, é fundamental divulgar as diferentes possibilidades e dar voz às ações realizadas em prol do Turismo afrocentrado, com o intuito de desenvolver, cada vez mais, esse nicho.
“É preciso potencializar nossa voz, dar mais valor e consumir nossos produtos. Não somente em novembro, mas nós trabalhamos, resistimos e oferecemos produtos de qualidade o ano inteiro. A nossa existência por si só, nossa escolha de trabalhar com o afroturismo, já é lutar pela causa. Precisamos de um apoio para que as pessoas respeitem nosso trabalho. É assim que a gente se mantém”, diz a diretora de Negócios e Vendas da Diaspora.Black, Cintia Ramos.
Oferecer produtos para que negros se reconheçam, mergulhem na cultura afro-brasileira e entendam suas ancestralidades é um dos objetivos da Rota da Liberdade. O programa turístico cultural mapeia os passos dos negros africanos e seus descendentes na construção da cultura na região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira no Estado de São Paulo.
“Em Pindamonhangaba, por exemplo, toda a riqueza dos barões de café quem ergueu foi uma mão negra. Nas comunidades tradicionais, como em Guaratinguetá, temos o jongo, temos um roteiro religioso em Aparecida, demonstrando como o negro africano faz uma antropofagia dos cânones. No litoral norte temos opções com quilombos, em Ubatuba, e temos até mesmo roteiros para coach. Nós trazemos toda essa presença negra por meio dos nossos roteiros”, explica a fundadora do projeto, Solange Barbosa.
ALÉM DE VIAGENS
O afroturismo vai além do ato de viajar. Além de ser uma busca por ancestralidade, é também ver uma recolocação do mercado produtivo, de inclusão de negros em cargos de gestão. É trabalhar para ser antirracista e criar um Turismo antirracista. Criar espaço para profissionais negros e consumir seu trabalho.
“Se você for um operador ou agente de viagens e estiver interessado nesses produtos, procure por pessoas negras que já trabalham com isso e sabem do que estão falando. Dê atenção e respeito a esses profissionais. Precisamos também tomar cuidado com a questão de imagem e publicidade. Temos uma dificuldade enorme dentro do marketing de não nos enxergarmos. E, se eu não me vejo, eu não compro. Se o agente de Turismo não começar a colocar imagens diversas e respeitar o afroturismo como um produto muito importante de venda, tanto receptivo quanto emissivo, poderemos ter problemas futuros. Este é um dos produtos mais inovadores do mercado”, pontua a supervisora na Salvatur Viagens, Tânia Neres.
Tânia deu de exemplo como dificuldade de representação a ferramenta de busca do Google. Ao digitar o termo “afroturismo”, ele corrige automaticamente e sugere resultados de “agroturismo”. Diante disso, ela reforça a necessidade de se utilizar uma hashtag, como #afroturismo, ao visitar destinos no Brasil e Exterior, para que o Google comece a entender que o produto existe e precisa ser respeitado.
“Precisamos criar potenciais dentro de cada universo, dar valos aos profissionais que trabalham nessa área. Tanto na gestão e contratação, quanto na questão de nós mesmos como turistas. É necessário falar dos negros como passageiros protagonistas de Turismo e como, muitas vezes, somos tratados em alguns lugares”, diz.
PESSOAS NÃO-NEGRAS
Um questionamento recorrente em relação ao afroturismo é: pessoas brancas podem praticar? A resposta, segundo o produtor cultural na Black Bird Viagens, Heitor Salatiel, é que não só podem, como devem ir em busca deste produto.
“O Turismo movimenta a economia. Quando promovemos uma experiência, movimentamos os pequenos negócios, o guia local... Uma conexão com as pessoas engajadas nesse assunto é criada. A partir do momento que você incorpora táticas antirracistas nas suas ações naturalmente, como ir comer em um restaurante local de uma mulher preta em vez de fast food, a experiência passa a ser muito mais transformadora. Estamos em uma visão capitalista e é no empoderamento financeiro que as coisas vão evoluir. E o Turismo tem esse combo. Você sai com uma bagagem cultural muito potente e ainda aproveita e se distrai, cuidando do seu bem-estar.”