A forma de fazer Turismo vai mudar, aponta especialista
Leia o artigo do consultor e especialista em hotelaria Nilson Bernal
Artigo escrito pelo consultor na área da hotelaria e hospitalidade Nilson Bernal discute a nova forma de fazer Turismo após a pandemia do novo coronavírus.
Leia mais:
A forma de fazer Turismo vai mudar após a pandemia do coronavírus
Por Nilson Bernal
Quem dera termos bola de cristal para prever a chegada da pandemia do coronavírus em âmbito mundial, que, mesmo sendo invisível, seus estragos são visíveis em todas as áreas da economia global. Como estou inserido na indústria da hospitalidade há mais de 20 anos, meu olhar volta-se para esse setor, que acumula prejuízos incalculáveis.
A tendência é de que as viagens sejam retomadas no decorrer dos meses e até de anos. Além disso, as pessoas possivelmente vão preferir destinos locais e não vão se aventurar longe de casa, buscando estadas de fim de semana. Um olhar importante sobre essa retomada é conquistar novamente a confiança dos turistas, porque muitos deles expressam preocupações com as viagens aéreas. Diante dessa possível objeção a viagens, o setor da hospitalidade precisa oferecer alternativas assertivas, como por exemplo o deslocamento por estradas, que permita que as pessoas tenham maior controle sobre o meio ambiente e evitem o contato com estranhos.
Que oportunidade disfarçada você, como gestor, pode estruturar para seus hóspedes próximos do seu hotel ou resort?
Mesmo depois que as pessoas retomarem as viagens, elas serão muito cautelosas de início. Por isso, é essencial que os hotéis adotem padrões elevados de higiene e limpeza, assim como os hóspedes devem estar atentos às suas responsabilidades.
Os hotéis devem comunicar clara e ostensivamente o que estão fazendo para que os hóspedes sintam-se seguros. Um exemplo disso é a mudança nos procedimentos de check-in e check-out, no qual todos sem exceção deverão aplicar protocolos rígidos de distanciamento social, seguindo sempre as normas da OMS – Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. Porém, como o hotel é um espaço de lazer e relaxamento, essas regras devem estar inseridas dentro da experiência do lugar, atuando para reduzir o trauma deixado pela pandemia. Algumas empresas, inclusive, vão adotar digitalização do check-in e a redução de material em papel, agindo assim de forma sustentável.
Uma das tendências que surgem é a demanda por aluguel de moradias e chalés, já que proporcionam lazer e ao mesmo tempo o distanciamento social que as pessoas desejam. Isso porque o receio de se contaminar com o coronavírus ainda vai perdurar por bastante tempo nas novas relações interpessoais, pois esse tipo de estadia terá acomodações mais seguras para os hóspedes pós-covid-19.
Outra consequência importante para o Turismo possivelmente seja a limitação do número de visitantes aos locais históricos para minimizar aglomerações, bem como dentro de outros estabelecimentos voltados a turistas. Novos protocolos de visitas serão desenvolvidos, assim como deve aumentar o acesso digital em tempo real, como já é aplicado por exemplo no Museu do Louvre desde abril deste ano.
Internamente, no hotel, é possível tornar mais evidente a sensação do hóspede estar seguro. Nos restaurantes, por exemplo, podem apresentar talheres individuais ao entregar um prato para duas pessoas ou ainda promover a entrega sem contato para refeições no quarto. Outra iniciativa interessante pode ser a elaboração de menus em porções únicas.
Além disso, quando falamos de restaurante em hotel, todos pecam muito em atrair a comunidade local para que passe a considerá-lo um lugar para frequentar, independente de ser hóspede ou não. Por mais que as empresas divulguem essa disponibilidade, na prática não conseguem destruir o mito de que hotel só pode ser usado por quem está nele hospedado.
Uma questão que ficou evidenciada durante a pandemia foi a mudança de comportamento do consumidor, que se obrigou, mesmo para quem não tinha familiaridade com compras online, a fazê-lo. Isso traz uma oportunidade para que os hotéis continuem retendo esse canal de contato com o cliente para oferecer café da manhã no estilo drive thru e box delivery para a comunidade local, exibindo embalagem padrão do hotel. É uma iniciativa inovadora e que atende às necessidades dos clientes, gera receita adicional e, ao mesmo tempo, fortalece a imagem segura dos hotéis.
Diante de toda a incerteza do que virá quando tivermos um “novo normal”, uma coisa é certa: nada será como antes e ninguém vai se sentir muito à vontade com a proximidade social, que, assim como a economia, será retomada a conta-gotas. O que se espera é que muitos estabelecimentos possam sobreviver a pandemia e se reinventar, sendo que essa parece ser a mensagem-chave para os tempos que virão. E quanto à retomada segura de fato dos serviços de hospitalidade, tudo se reiniciará quando surgir uma vacina para combater o vírus e as empresas já tiverem seus planos de ações e business redesenhados.
Nilson Bernal é consultor na área da hotelaria e hospitalidade, palestrante e escritor. Atua na Indústria Hoteleira há mais de 20 anos em companhias como Complexo Jurema Águas Quentes, Bourbon Hotéis & Resorts, Mabu Hotéis & Resorts, Bristol Hotéis & Resorts e Atlantica Hotels. É embaixador pela Divine Academie Française des Arts Lettres et Culture (Paris). Membro Executivo de Honra da Academia Europeia da Alta Gestão desde abril/2019.
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A forma de fazer Turismo vai mudar após a pandemia do coronavírus
Por Nilson Bernal
Quem dera termos bola de cristal para prever a chegada da pandemia do coronavírus em âmbito mundial, que, mesmo sendo invisível, seus estragos são visíveis em todas as áreas da economia global. Como estou inserido na indústria da hospitalidade há mais de 20 anos, meu olhar volta-se para esse setor, que acumula prejuízos incalculáveis.
A tendência é de que as viagens sejam retomadas no decorrer dos meses e até de anos. Além disso, as pessoas possivelmente vão preferir destinos locais e não vão se aventurar longe de casa, buscando estadas de fim de semana. Um olhar importante sobre essa retomada é conquistar novamente a confiança dos turistas, porque muitos deles expressam preocupações com as viagens aéreas. Diante dessa possível objeção a viagens, o setor da hospitalidade precisa oferecer alternativas assertivas, como por exemplo o deslocamento por estradas, que permita que as pessoas tenham maior controle sobre o meio ambiente e evitem o contato com estranhos.
Que oportunidade disfarçada você, como gestor, pode estruturar para seus hóspedes próximos do seu hotel ou resort?
Mesmo depois que as pessoas retomarem as viagens, elas serão muito cautelosas de início. Por isso, é essencial que os hotéis adotem padrões elevados de higiene e limpeza, assim como os hóspedes devem estar atentos às suas responsabilidades.
Os hotéis devem comunicar clara e ostensivamente o que estão fazendo para que os hóspedes sintam-se seguros. Um exemplo disso é a mudança nos procedimentos de check-in e check-out, no qual todos sem exceção deverão aplicar protocolos rígidos de distanciamento social, seguindo sempre as normas da OMS – Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. Porém, como o hotel é um espaço de lazer e relaxamento, essas regras devem estar inseridas dentro da experiência do lugar, atuando para reduzir o trauma deixado pela pandemia. Algumas empresas, inclusive, vão adotar digitalização do check-in e a redução de material em papel, agindo assim de forma sustentável.
Uma das tendências que surgem é a demanda por aluguel de moradias e chalés, já que proporcionam lazer e ao mesmo tempo o distanciamento social que as pessoas desejam. Isso porque o receio de se contaminar com o coronavírus ainda vai perdurar por bastante tempo nas novas relações interpessoais, pois esse tipo de estadia terá acomodações mais seguras para os hóspedes pós-covid-19.
Outra consequência importante para o Turismo possivelmente seja a limitação do número de visitantes aos locais históricos para minimizar aglomerações, bem como dentro de outros estabelecimentos voltados a turistas. Novos protocolos de visitas serão desenvolvidos, assim como deve aumentar o acesso digital em tempo real, como já é aplicado por exemplo no Museu do Louvre desde abril deste ano.
Internamente, no hotel, é possível tornar mais evidente a sensação do hóspede estar seguro. Nos restaurantes, por exemplo, podem apresentar talheres individuais ao entregar um prato para duas pessoas ou ainda promover a entrega sem contato para refeições no quarto. Outra iniciativa interessante pode ser a elaboração de menus em porções únicas.
Além disso, quando falamos de restaurante em hotel, todos pecam muito em atrair a comunidade local para que passe a considerá-lo um lugar para frequentar, independente de ser hóspede ou não. Por mais que as empresas divulguem essa disponibilidade, na prática não conseguem destruir o mito de que hotel só pode ser usado por quem está nele hospedado.
Uma questão que ficou evidenciada durante a pandemia foi a mudança de comportamento do consumidor, que se obrigou, mesmo para quem não tinha familiaridade com compras online, a fazê-lo. Isso traz uma oportunidade para que os hotéis continuem retendo esse canal de contato com o cliente para oferecer café da manhã no estilo drive thru e box delivery para a comunidade local, exibindo embalagem padrão do hotel. É uma iniciativa inovadora e que atende às necessidades dos clientes, gera receita adicional e, ao mesmo tempo, fortalece a imagem segura dos hotéis.
Diante de toda a incerteza do que virá quando tivermos um “novo normal”, uma coisa é certa: nada será como antes e ninguém vai se sentir muito à vontade com a proximidade social, que, assim como a economia, será retomada a conta-gotas. O que se espera é que muitos estabelecimentos possam sobreviver a pandemia e se reinventar, sendo que essa parece ser a mensagem-chave para os tempos que virão. E quanto à retomada segura de fato dos serviços de hospitalidade, tudo se reiniciará quando surgir uma vacina para combater o vírus e as empresas já tiverem seus planos de ações e business redesenhados.
Nilson Bernal é consultor na área da hotelaria e hospitalidade, palestrante e escritor. Atua na Indústria Hoteleira há mais de 20 anos em companhias como Complexo Jurema Águas Quentes, Bourbon Hotéis & Resorts, Mabu Hotéis & Resorts, Bristol Hotéis & Resorts e Atlantica Hotels. É embaixador pela Divine Academie Française des Arts Lettres et Culture (Paris). Membro Executivo de Honra da Academia Europeia da Alta Gestão desde abril/2019.