EXCLUSIVO: CVC Corp não vai unificar marcas do B2B; entenda
Trend, Visual, Esferatur e Rextur Advance continuarão como marcas independentes
O CEO da CVC Corp, Fabio Godinho, ao lado do presidente da B3, Gilson Finkelsztain, comandaram na terça-feira, 27 a cerimônia de celebração dupla do grupo de Turismo, no prédio da Bolsa, no centro de São Paulo: o sucesso do follow-on que aumenta o capital da companhia em R$ 550 milhões, e os dez anos da entrada da CVC Corp na bolsa, abrindo capital ainda na época que era gerida pelo fundo Carlyle.
Godinho era vice-presidente naquela época e retornou há menos de um mês à empresa, como CEO, dentro de um projeto de retomada que teve a liderança da família Paulus, em alinhamento com outros investidores e o Conselho da CVC Corp. Em poucas semanas, Fabio Godinho liderou o processo de captação de recursos, que ainda tem desdobramentos e mostra a confiança do mercado financeiro na empresa e no setor, participou da Convenção de Vendas da companhia, com franqueados, master franqueados e fornecedores, onde injetou ânimo e iniciou a reconquista da confiança desses players, e reestruturou parte da diretoria, trazendo de volta nomes como Emerson Belan, no B2C, e Paulo Palaia, em TI, e remanejando a atuação de Fabio Mader (Produtos e Pricing) e Túlio Oliveira (Operações).
Faltam alguns passos na reestruturação, que passa pelo comando do B2B (hoje com o diretor interino Márvio Mansur), um dos setores estratégicos para a CVC Corp.
Em entrevista exclusiva à PANROTAS, Godinho antecipou que o projeto de unificar as marcas do B2B (RexturAdvance, Esferatur, Trend e Visual) está enterrado, e que haverá um trabalho forte com cada uma das marcas, para retomar a liderança e oferecer mais qualidade e produtos aos agentes de viagens multimarcas.
A volta do icônico Valter Patriani, provavelmente como consultor, também foi destacada por Fabio Godinho, que homenageou o executivo durante a cerimônia na Bolsa, além de Guilherme e Gustavo Paulus, que não estiveram presentes ao evento. “Estou à disposição da CVC para o que ela precisar, não em função executiva, mas como consultor. É uma alegria ver a CVC Corp de volta com a força que sabemos que tem”, disse Patriani à PANROTAS.
PANROTAS – No seu discurso você falou em respeitar legados de gestões passadas, mas destacou a importância da experiência em Turismo, do conhecimento não apenas da própria CVC, mas do mercado e dos donos das franquias... Como está esse movimento na Nova Velha CVC?
FABIO GODINHO – Como falei muito aos investidores, o Turismo é um segmento muito específico, um mercado muito relacional. Precisa, para fazer acontecer, no Turismo e principalmente na CVC, ser do ramo, conhecer o trade, ter e investir em relacionamento. E acho que a CVC nesses últimos tempos se distanciou um pouco do mercado, tanto dos master, dos franqueados, das agências de viagens, dos fornecedores, e até dos funcionários, pois a maioria continuou em home-office no pós-pandemia. Vamos voltar com tudo isso, com essa CVC que sempre foi o elo de ligação do Turismo no Brasil. Acho que isso é o mais importante, voltar a proximidade com o trade como um todo.
PANROTAS – A CVC, como líder, sempre foi olhada pelo mercado como a que dita tendência. Todos ficavam de olho para saber o que a CVC iria fazer... Então queremos saber quais os próximos passos na gestão Godinho, depois do sucesso do follow-on e do resgate da confiança tanto do mercado financeiro quanto do trade?
GODINHO – Vamos terminar montagem da equipe e voltar com a batida de promoção no varejo. Vamos voltar a ser a CVC da assistência ao passageiro. A CVC foi construída com base nisso, e nos próximos 51 anos continuará tendo a assistência ao viajante como pilar. Desde o planejamento e a venda, até a viagem e o retorno. Vamos estar sempre ao lado, segurando na mão do nosso passageiro.
PANROTAS – Alguns leem que a CVC Corp perdeu espaço para a concorrência, seja por essa concorrência estar mais agressiva, ou por causa do distanciamento da própria CVC, como você mencionou. Como você vê essa concorrência atualmente e como se diferenciar? Vemos Decolar querendo abrir loja, todas as aéreas lançando ou incentivando suas operadoras próprias...
GODINHO – O mercado com certeza está mais competitivo, mas nosso diferencial da assistência, a referência de nossa marca, a mais forte do mercado, nossa rede de distribuição, que voltará a crescer, esses são nossos diferenciais.
PANROTAS – A rede de lojas voltará a crescer?
GODINHO – Com certeza. Muito em breve teremos o mesmo número de lojas que antes da pandemia.
PANROTAS – Qual foi a importância do nome da Família Paulus nessa reestruturação e no sucesso do follow-on, que arrecadou R$ 550 milhões para a CVC Corp?
GODINHO – Foi fundamental. A Família Paulus ancora esse retorno. Com certeza essa confiança do Gustavo e do Guilherme dá um aval a tudo isso que está sendo feito, com a Nova Velha CVC.
PLANOS PARA O B2B NA CVC CORP
PANROTAS – Quais são os planos para o B2B, onde a CVC Corp já liderou na consolidação. Quem vai comandar esse setor na sua gestão?
GODINHO – Estamos vendo ainda a questão da liderança. Temos o Márvio Mansur que está como interino. Temos falado bastante. É um segmento muito importante para a CVC Corp. Precisamos ter foco lá, já tivemos essa movimentação do atendimento a agência multimarcas da CVC Operadora, que voltou para o B2C (sob a gestão de Rogério Mendes, na equipe de Emerson Belan). É o caminho natural. E agora vamos voltar a fortalecer nossas marcas de forma independente. Não tem esse projeto de consolidar as marcas mais. Vamos voltar com a Trend forte. Com a Visual forte. Com a RexturAdvance forte. Com independência e com pessoas que tenham a cara no Turismo para liderar cada uma dessas marcas. Essa é a estratégia: independência das marcas, reforçar essas marcas. Nós vamos voltar forte não apenas na CVC, mas no B2B da CVC Corp. Aguardem uma CVC mais forte que nunca.
PANROTAS – Com foco com o que já tem dentro de casa ou podem vir novos nichos de atuação?
GODINHO – Por enquanto é o back to the basics (volta ao básico). Foi a grande amarração do follow on com os investidores. Focar onde a CVC é mais forte, onde sempre foi boa. Onde todos sabem que a entrega é garantida e o onde todo o mercado confia. Em um mês resgatamos a confiança com o trade e a confiança com o mercado financeiro. Imagina o que podemos fazer nos próximos cinco, dez anos.
PANROTAS – E como você avalia esse marco de dez anos de CVC Corp na bolsa?
GODINHO – Quanto mais o mercado de Turismo crescer é bom para todos. O mercado de Turismo está bombando. O primeiro trimestre de 2023 cresceu, no Turismo, 25% sobre 2022. Que setor cresce assim no Brasil? Todos já se recuperaram de 2019. É um mercado saudável e que pode sim atrair mais investidores. Quem apostar no Turismo terá retorno bom daqui pra frente.