Braztoa com novo comando: o que esperar da associação?
Presidente do conselho e presidente executiva, Fabiano Camargo e Marina Figueiredo comentam os desafios
Desde o dia 1º de junho, a Braztoa tem um novo comando, mas pouco deve ser alterado na essência da principal associação de operadoras de Turismo do Brasil no próximo biênio. Isso porque o novo presidente do Conselho, Fabiano Camargo, da CT Operadora, pretende dar continuidade no trabalho desenvolvido pelo seu antecessor, Roberto Nedelciu, da Raidho, em seus dois mandatos.
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Há, contudo, uma novidade que anima a entidade no sentido de trazer inovação e ferramentas para o crescimento de todos os associados: a criação do cargo de presidente executiva. Marina Figueiredo foi nomeada e deixa a Pomptur para assumir essa responsabilidade. Seu papel é similar ao que era de Mônica Sâmia (diretora executiva), hoje na Embratur, mas o projeto é de deixar a presidente executiva ser a principal cara da Braztoa para o mercado.
Até então, o presidente do Conselho tinha de cuidar de toda gestão interna, e também sobrava muito do operacional à sua figura. Agora, toda parte administrativa e financeira é focada na presidente executiva. Portanto, Marina Figueiredo poderá responder aos parceiros de forma direta, tomando decisões mais objetivas e com mais autonomia. O Conselho se torna mais deliberativo, no papel de verificar governança de acordo com as estratégias traçadas.
"Nos últimos anos, a Braztoa assumiu um papel mais estratégico do que no passado, o que mostrou novos caminhos. E a Marina participa dessa reestruturação desde o início da pandemia, como vice-presidente. Acreditamos que esse é o caminho: profissionalizar e trazer mais ferramentas para todos crescerem juntos. Queremos que a Marina seja a interface da associação para o mercado. Isso é algo que já vinha acontecendo naturalmente entre eu, ela e o Roberto [Nedelciu]", afirma Fabiano Camargo, novo presidente do Conselho da Braztoa, há 22 anos trabalhando em tempo integral no Turismo.
"Pretendemos tornar a entidade mais profissionalizada, com um papel perene no Turismo. O papel exercido pelo presidente do conselho é impressionante, com tudo o que Roberto conquistou, mas exige uma dedicação absurda, e no fim do dia cada um tem sua empresa para cuidar. Eu decidi deixar a Pomptur para poder assumir esse desafio", justifica Marina, há 23 anos no setor.
PRINCIPAIS EIXOS DA BRAZTOA
Ambos dizem se dar muito bem e estão animados em trabalhar desta nova forma, em conjunto. E os três principais eixos a serem trabalhados são:
1. Institucional: mostrar o que é a Braztoa e levar oportunidades de negócios aos destinos e novo players para que esses se comuniquem com os operadores associados;
2. Promoção e apoio à comercialização: com tendências, insights, gerenciamento de dados e dicas, por meio de pesquisas estruturadas;
3. Desenvolvimento do setor: a Braztoa vem tendo papel de liderança, ao lado de Abav Nacional, Clia Brasil e outras entidades, para atuar junto a parlamentares e mitigar os riscos do Turismo, como no caso do IRRF sobre remessas ao Exterior, em que juntas as entidades baixaram a alíquota para 6,38%.
INOVAÇÃO E SUTENTABILIDADE
Marina também reforça os pilares de inovação e sustentabilidade, os quais a entidade tomou frente em 2005 ao instituir a diretoria socioambiental. Além disso, a Braztoa conta com o prêmio anual de boas práticas e a rede de sustentabilidade.
A presidente executiva também reforça que pouca coisa nova deve surgir em curto prazo, pois nos últimos dois anos houve muitas mudanças ocorridas na Braztoa, como a Academia de Excelência Braztoa, que reúne programas de capacitação e de parcerias público-privadas para acelerar o processo de transformação dos negócios e dos destinos turísticos.
"Cito também a grande reviravolta na gestão de dados com os boletins da Braztoa, e vale mencionar ainda que nosso Anuário ficou mais forte. E são elementos que já vínhamos praticando aqui na gestão do Roberto. Eu e Fabiano já estávamos ajudando a colocar tudo isso em prática. Certamente são coisas às quais daremos continuidade", afirma Marina.
A busca por mais associados também não deve parar. Hoje a Braztoa tem 82 associados, dos quais 54 são operadoras, e o restante se divide em fornecedores, destinos e outros stakeholders. "A Braztoa é autossustentável, vale dizer. Com as mensalidades, nos mantemos de forma saudável. Mas sempre queremos trazer mais operadoras que possam agregar com troca de conhecimento e outros parceiros que façam sentido para os associados. Minha gestão também vai focar em ter uma maior representatividade para a Braztoa, não só regional como de outras áreas do Turismo", aponta Camargo.
APRENDENDO COM O LUXO
Como a CT Operadora, de Fabiano Camargo, atua no Turismo de luxo, o Portal PANROTAS questionou quais são as inspirações que isso pode trazer à Braztoa, já que a associação tem operadoras de características bem distintas, do rodoviário aos nichos, das maioristas ao luxo.
"Um benchmarking que a Braztoa pode ter com o setor de alto padrão é a forma de fazer negócios. Vejo o luxo com roadshows e eventos mais assertivos, que não têm o mesmo formato das feiras maioristas. Em uma feira como a ILTM, por exemplo, as reuniões são pré-agendadas e a organização avalia o perfil do expositor e do comprador para que ninguém desperdice seu tempo. Dá para pegar o que é bom de um lado e de outro e usar a nossa expertise para gerar formato que faça sentido para ambos", afirma Camargo.
Na última edição da ILTM Latin America, representantes da Braztoa visitaram a feira de luxo para entender e se aproximar da feira, que é representada pela Reed, a mesma da WTM Latin America, feira que já tem parceria com a Braztoa.
MENSAGEM AOS AGENTES DE VIAGENS
"A Abav é a nossa grande parceira, nossa associação irmã, que esteve junto conosco em todas essas causas junto ao congresso e em outras de interesse em comum. Os agentes de vaigens podem ter certeza de que nossa busca é respaldar e qualificar seu serviço. São a nossa razão de ser. Afinal, a capilaridade das agências é o que mantém uma operadora. Quando falamos em desenvolver o Turismo, isso impacta diretamente em desenvolver as pequenas e médias agências. Temos plena certeza de que somos intermediários, parte de uma ampla cadeia", afirma Marina Figueiredo.