Moody's Ratings: cenário econômico apresenta desafios para empresas e impactos no consumo
Azul Linhas Aéreas é citada no documento como uma das empresas mais afetadas por esse cenário econômico
O Brasil enfrenta um cenário econômico desafiador em 2025, marcado por taxas de juros elevadas, inflação persistente e a desvalorização do real. Essa é a conclusão da análise feita pelo Moody's Ratings em seu mais recente relatório.
Segundo aponta o documento, tais fatores pressionam o fluxo de caixa das empresas e reduzem sua rentabilidade, dificultando o cumprimento das obrigações financeiras. Este cenário também impacta diretamente o consumo das famílias, com uma queda na confiança do consumidor e uma maior dificuldade de acesso ao crédito.
Desafios para o consumo das famílias
O aumento das taxas de juros e a inflação mais alta em 2025 devem ter impacto no consumo das famílias brasileiras. A desaceleração da economia, com a previsão de um PIB crescendo 2% (abaixo dos 3% dos últimos anos), e a desvalorização do real já afetam, segundo aponta o relatório, o sentimento do consumidor. O crédito ao consumo também será afetado, tornando mais difícil o acesso das famílias a financiamentos, especialmente no setor imobiliário, que já mostra sinais de retração.
Com menos capacidade de tomar empréstimos devido às altas taxas de juros, o endividamento das famílias também tende a aumentar, resultando em um crescimento de empréstimos em atraso. Em termos gerais, a pressão sobre a renda das famílias e a diminuição do poder de compra devem afetar o consumo de bens e serviços durante o ano.
Azul deve ter dificuldades com alta do câmbio e juros
A Azul Linhas Aéreas é citada no documento como uma das empresas mais afetadas por esse cenário econômico. Com o dólar alto e as taxas de juros elevadas, a empresa enfrenta, assim, dois problemas ao mesmo tempo.
A desvalorização do real aumenta os custos da companhia, porque grande parte da sua dívida é em dólares. Isso faz com que ela precise gastar mais para honrar com esses compromissos. Embora a empresa não tenha muita dívida com taxa de juros variável, o impacto da alta do dólar sobre seus custos é grande, o que dificulta sua situação financeira.
Em virtude desses problemas, a Azul recebeu a nota "Caa2 negativa" das agências de classificação de risco. Isso mostra que a companhia está mais vulnerável diante do cenário atual. A inflação, os juros altos e o dólar desfavorável podem prejudicar a saúde financeira da aérea, fazendo desse um cenário mais desafiador para investimentos e expansão nos próximos anos.
Impacto geral nas empresas brasileiras
Além da Azul, outras marcas também enfrentam dificuldades no cenário de 2025. Empresas com grande alavancagem, como aquelas dos setores imobiliário, serviços públicos e telecomunicações, são particularmente vulneráveis. Essas empresas, que dependem de financiamento com dívidas denominadas em real, enfrentam aumento nos custos financeiros devido à alta das taxas de juros e à depreciação cambial.
Por outro lado, empresas com hedge natural, como as exportadoras e aquelas do setor de infraestrutura, possuem alguma proteção contra esses riscos. Elas têm receitas e dívidas denominadas em dólares ou utilizam mecanismos de hedge para mitigar os efeitos negativos da variação cambial.