Filip Calixto   |   04/06/2024 13:43

Turismo do Brasil tem o melhor 1º trimestre desde 2019 em faturamento

Dados são da FecomercioSP, que apesar disso, acende sinal amarelo no setor que é a redução dos preços

Briana Tozour/Unsplash
A indústria de viagens no Brasil faturou R$ 48,2 bilhões nos primeiros três meses do ano
A indústria de viagens no Brasil faturou R$ 48,2 bilhões nos primeiros três meses do ano

O Turismo brasileiro faturou R$ 48,2 bilhões nos primeiros três meses do ano e registrou o melhor desempenho para um primeiro trimestre desde 2019. Os dados são da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve alta de 1,9% — R$ 902 milhões a mais em termos monetários.

De acordo com o Conselho de Turismo da entidade, algumas circunstâncias podem ajudar a explicar o resultado, como a alta temporada de lazer durante o verão e o carnaval. Somada a essa conjuntura, houve também melhorias nas condições econômicas, com mais empregos e renda disponível para as famílias viajarem mais.

As atividades que apontaram o maior crescimento no período foram:

  • locação de meios de transporte (12,3%)
  • alimentação (7,8%)
  • meios de hospedagem (6,4%)


Na sequência, atividades culturais, recreativas e esportivas (5,3%), outros tipos de transporte aquaviário (2,4%) e transporte aéreo (2,2%), que obteve o maior faturamento (R$ 12,1 bilhões).

Por outro lado, transporte rodoviário de passageiros (-12,4%) e agências de viagens e operadoras de Turismo (-1,1%) faturaram menos em relação ao observado nos primeiros três meses do ano passado.

Faturamento do Turismo nacional por serviços prestados

Período: março de 2024

Atividade
Faturamento real (R$ mil)
mar 24 / mar 23
acumulado no ano
acumulado 12 meses
Alojamento
1.967.901
17,0%
6,4%
10,6%
Alimentação
2.444.046
8,3%
7,8%
5,3%
Atividades culturais, recreativas e esportivas
1.228.165
-0,5%
5,3%
5,6%
Locação de meios de transporte
2.104.008
7,9%
12,3%
15,3%
Agências de viagens, operadores turísticos e outros serviços
1.256.688
-1,9%
-1,1%
0,1%
Rodoviário de passageiros
2.725.779
-13,6%
-12,4%
-10,4%
Outros tipos de transporte aquaviário
312.557
-6,0%
2,4%
3,9%
Transporte aéreo de passageiros
3.767.604
-2,2%
2,2%
6,4%
Total do Turismo
15.806.749
0,4%
1,9%
3,7%

Fonte: IBGE Elaboração e Cálculos: FECOMERCIOSP-2023


Resultados de março sinalizam desaceleração

Apesar do avanço trimestral, já há sinais de uma desaceleração no crescimento do setor — não por falta de demanda, mas em razão da redução dos preços. Quando analisado somente o dado de março, por exemplo, nota-se que o Turismo avançou apenas 0,4%.

Além disso, a maioria dos setores sofreu retrações, com destaque para o transporte rodoviário de passageiros, que apresentou decréscimo anual de 13,6%, em decorrência da forte base de comparação e da redução das passagens.

O segmento aéreo, que tem o maior peso para o setor, também apresentou variação negativa (a primeira em três anos). A diminuição do valor médio dos bilhetes interferiu no faturamento, retraindo 2,2%. O valor das passagens acumula queda de 6,84% nos último 12 meses, enquanto o volume de passageiros permanece em alta, conforme dados da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil).

Outros decréscimos foram observados nos segmentos de outros tipos de transporte aquaviário (-6%), agências e operadores de viagens (-1,9%) e atividades culturais, recreativas e esportivas (-0,5%). Na contramão desses grupos, alojamento e alimentação registraram aumentos de 17% e 8,3%, respectivamente.

Investimentos impulsionarão o Turismo

A despeito da sinalização de arrefecimento no faturamento do Turismo nos próximos meses, a FecomercioSP acredita que os investimentos realizados nos meios de hospedagens e na malha aérea podem contribuir para aumentar a oferta a médio e longo prazos. Isso possibilitará um avanço no volume e uma influência positiva, mais adiante, no faturamento.

Tocantins lidera altas

O primeiro trimestre terminou animador para os Estados de Tocantins (TO) e Acre (AC). Ambos apresentaram as maiores variações no período entre as 27 unidades federativas. No primeiro, a alta foi de 11,8%, e no segundo, de 10,6%. Em terceiro lugar, o Distrito Federal, com elevação de 7,7%.

Por outro lado, São Paulo (SP) apontou leve queda de 0,5%, influenciado pelo desempenho negativo dos transportes — importante fator para o turismo da região. Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS) sofreram quedas respectivas de 4,2% e 3,5%. Em março, Tocantins seguiu liderando, com crescimento de 22,7%. Na sequência, Minas Gerais (MG), com 7%, e Bahia (BA), com 5,4%. No sentido inverso, Mato Grosso do Sul liderou as quedas, com retração de 13,1%, seguido por Mato Grosso (-9,6%) e Rondônia (-3,8%).


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