Entidades temem ciclo de desinvestimento com o fim do PERSE
Endividamento, deterioração da segurança jurídica e desemprego são outas consequências possíveis
Ainda em seguidas manifestações pela manutenção do PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), os setores de eventos e Turismo temem que o fim do projeto gere efeitos imediatos e profundos. Porta-vozes da atividade acreditam que a interrupção pode, inclusive, resultar em desemprego, fechamento de empresas, endividamento e um ciclo de desinvestimento que compromete a expansão até mesmo da economia nacional.
Para o presidente da Abrape (Associação Brasileira dos Promotores de Eventos), Doreni Caramori Júnior, existem riscos sérios que podem ser causados por falta de sensibilidade do governo federal em não entender os argumentos de uma fatia importante da produção de riquezas do País.
Na visão de Caramori, os efeitos mais profundos e imediatos causados pela interrupção do programa agora seriam:
- Impacto direto na segurança jurídica;
- Ciclo de desinvestimento;
- Acréscimo no endividamento, com inevitável fechamento de empresas e perdas de empregos.
"O PERSE, quando surgiu, foi a construção de um grande acordo social que entregava para esses empresários uma possibilidade: a de se endividar para manter suas empresas. Foi proposto a essas companhias que buscassem crédito num acordo que previa uma condição fiscal especial. Interromper esse planejamento no meio trará consequências ruins", contextualiza o executivo.
De acordo com Caramori, há pesquisas que já apontam que as dívidas de empresários beneficiados pelo PERSE com a União já chegam a R$ 21 bilhões e existem outras com fornecedores. Essa conta, no raciocínio dele, teria seu pagamento facilitado com os benefícios do programa, que corre o risco de ser extinto.
O presidente da Abrape falou sobre a questão em uma coletiva de imprensa realizada hoje (29) por dez associações do segmento. Na reunião on-line, essas associações apresentaram um estudo feito pela Tendências Consultoria com índices que mostram o impacto do PERSE para a atividade.
Efeito prático
Representando um braço do setor do Turismo, Orlando Souza, do Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), explicou que o fim da medida pode gerar paralisação da expansão hoteleira do País e obsolescência da oferta que já existe.
"No período mais grave da pandemia, mais de 70% dos hotéis ficaram com ocupação insignificante. Isso gerou impacto enorme no caixa desses hotéis e deterioração por falta de investimento, já que estamos falando de um produto que exige constante cuidado para se manter atual. O PERSE viabilizou a volta desses aportes e tirar esse plugue vai paralisar a modernização desses empreendimentos", pontuou.
Segundo considera Souza, com a falta de capacidade para investir, o mercado hoteleiro tende a brecar sua expansão e a oferta vai inevitavelmente estagnar, atrasando o desenvolvimento do próprio Turismo.