Filip Calixto   |   17/01/2022 10:30

Recuperação é mais lenta entre empreendedores negros, aponta Sebrae

Empreendedores negros têm tido maior dificuldade de recuperar faturamento e de obter crédito em bancos

Unsplash/Cytonn Photography
Estudo do Sebrae e da FGV mostra que os empreendedores negros têm maior dificuldade para conseguir crédito e faturam menos na comparação com os brancos
Estudo do Sebrae e da FGV mostra que os empreendedores negros têm maior dificuldade para conseguir crédito e faturam menos na comparação com os brancos
A pandemia e seus desdobramentos afetou empresários de todo o mundo e de diferentes mercados. Mas alguns deles tem sofrido mais para aplacar os danos financeiros causados pelo período de exceção. Pelo menos é isso que aponta uma recente pesquisa feita pelo Sebrae em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas). De acordo com o estudo, empreendedores negros estão com mais dificuldades para recuperar o faturamento pré-pandemia. Mais de 70% dos empreendedores negros estão faturando menos, contra 66% dos brancos.

Esses índices constam na 13ª Pesquisa de Impacto do Coronavírus nos Pequenos Negócios. O relatório aponta ainda que apenas 10% dos entrevistados negros (pretos+pardos) alegaram que estão faturando mais, enquanto 14% dos brancos tiveram essa percepção.

A pesquisa também revela que os empreendedores negros têm uma perda média de faturamento de -35%, já entre os brancos, esse resultado vai para -27%. “Mesmo os negros estando mais presentes no comércio eletrônico e tendo feito mais adaptações para estarem funcionando, eles não estão se recuperando no mesmo ritmo, o que faz com que 42% desses empreendedores aleguem que estão com muitas dificuldades para manter o seu negócio, contra 38% dos brancos”, observa o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

De acordo com Melles, um outro problema pode atrasar a recuperação para esses empreendedores. Segundo ele, a maior dificuldade de acesso a crédito entre os negros pode influenciar essa retomada mais lenta. Apesar da metade dos empreendedores, sejam brancos ou negros, recorrerem às instituições financeiras, 45% dos negros que recorrem aos bancos têm seus pedidos negados, contra 32% dos brancos.

Divulgação/Sebrae/Charles Damasceno
Carlos Melles, presidente do Sebrae
Carlos Melles, presidente do Sebrae
A falta de acesso a crédito também acaba influenciando as dívidas dos empreendedores pretos e pardos. Segundo a 13ª pesquisa de Impacto, 35% dos negros estão inadimplentes contra 24% dos brancos e para 60% dos empreendedores pretos e pardos, as dívidas representam 30% ou mais dos custos mensais. “Mas apesar de todas as dificuldades, mais empreendedores negros querem investir no seu negócio em 2022. Do total de entrevistados, apenas 14% afirmaram que não pretendem investir na empresa nesse ano. Já entre os brancos, esse número subiu para 19%”, conclui Melles.

OUTROS DADOS DA PESQUISA

- Os negros realizaram mais adaptações para continuar funcionando. 57% deles realizaram mudanças, contra 54% dos brancos.

- Os negros estão mais presentes nas redes sociais: 75% comercializam seus produtos nessas plataformas. Entre os brancos, o percentual cai para 73%.

- Os negros utilizam proporcionalmente mais o Pix: 88% contra 85% dos brancos.

- Investir na divulgação do negócio é a opção de 20% dos empreendedores, independentemente de raça.

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