Turismo é água ou vinho?, pergunta a presidente da Resorts Brasil
Presidente da Resorts Brasil escreve artigo sobre importância da percepção que a sociedade tem do Turismo
A presidente executiva da Resorts Brasil, Ana Biselli Aidar, tem se dedicado, desde o começo da pandemia, a ajudar o setor que representa e todos aqueles ligados a ele na indústria de Viagens e Turismo a se reerguerem. Sobreviver e planejar a retomada, tomar ações para a reestruturação e também investir para alinhar a hotelaria de lazer e o Turismo às novas normas e necessidades pós-pandemia.
Muito de seu trabalho, para não dizer quase que totalmente, tem sido, sempre com apoio e coordenação com o G20+, grupo que reúne as principais associações de Viagens e Turismo do País, estabelecer dados e argumentos para sensibilizar, convencer e fazer com que o governo, especialmente o federal, aja em defesa do setor. A interface com Brasília e com as demais entidades é diária, desgastante (ainda mais com as restrições ao presencial) e difícil, mas às vésperas da retomada verdadeira (e a vacina é essa ferramenta), o trabalho se torna ainda mais desafiador, pois é preciso que todos (empresas, destinos, profissionais) cheguem bem, fortes e preparados para esse novo momento.
A percepção em relação a essa indústria (e se é indústria é porque produz riquezas, empregos, impostos, desenvolvimento, produtos) diz muito sobre o que pode ser feito e o que esperar de governos e parlamentares. Vinho ou água? Supérfluo ou essencial? Para poucos ou para muitos? Só prazer ou vida plena?
É claro que nós, que estamos dentro da indústria, sabemos que o Turismo é água, mas precisamos ter os argumentos e, assim como na política de vacinação, convencer autoridades, difundir essa ideia e fazer nossa parte, um por um e unidos em diversos momentos, como na articulação associativa e setorial, para que o Turismo seja visto como prioridade.
Ana Biselli Aidar nos convida a essa reflexão, no artigo exclusivo que escreveu para o Portal PANROTAS. Leia abaixo.
“Turismo no Brasil: é visto como a ÁGUA ou como o VINHO?
Ana Biselli Aidar, doutora em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e presidente executiva da Resorts Brasil
Como você enxerga o Turismo em nosso país?
Há muitos brasileiros que enxergam o setor de Viagens e Turismo como o vinho.
O vinho é algo especial; o vinho proporciona experiências e sensações únicas; um bom vinho é aberto em datas comemorativas, momentos memoráveis; o vinho não é consumido por todos os brasileiros e o vinho pode ser considerado supérfluo. Em suma, se enxergamos o Turismo como o vinho, assumimos que é algo apreciado por parte da população, responsável por momentos prazerosos, mas que podemos muito bem viver sem.
Por esta perspectiva, há quem diga que a pandemia trouxe resultados positivos para nossa indústria. Afinal, há milhões de brasileiros, habituados a viajar para fora do País, propensos a descobrir o nosso vinho, redescobrir o Brasil!
Essa situação de fronteiras fechadas, somada às restrições impostas pela pandemia resultaram em uma demanda represada. Mas esse cenário proporciona bons resultados ao setor de Turismo brasileiro no curto prazo? Infelizmente não. A situação do Turismo é crítica. Além de o segmento de lazer operar, neste momento, com inúmeras restrições, o de negócios teve um retorno ínfimo e o de eventos segue paralisado desde março de 2020.
ÁGUA
Há, por outro lado, uma parcela significativa de brasileiros que enxerga e vive o Turismo como a água.
A água é um elemento essencial; a água é consumida por toda a população, de maneira direta ou indireta; a água mantém as pessoas vivas; a água deve ser consumida diariamente e em todos os momentos; a água deveria chegar adequadamente a todos os brasileiros e ser tratada como algo sério e de direito de todos. Resumindo, apesar do consumo do Turismo parecer limitado a poucos, ele está como a água, direta ou indiretamente na vida de todos os brasileiros, presente em todas as regiões do País.
O Turismo movimenta todo o Brasil, de Norte a Sul. Muitos brasileiros não consomem Turismo, mas a maior parte da população consome pelo Turismo. Ou seja, ainda que o consumo do Turismo seja restrito a uma parcela pequena de brasileiros, parte expressiva da população torna-se consumidora de produtos e serviços (de outras indústrias) por meio do impacto gerado pela atividade turística.
O Turismo já é consagrado em todos os cantos do mundo como uma das indústrias que mais empregam, responsável pela contratação de mão de obra com e sem qualificação, demandando baixo investimento. Tudo isso já é reconhecido por muitos brasileiros, mas o que ainda é pouco percebido é que sem água, o corpo mais cedo ou mais tarde para de funcionar.
O Turismo fomenta todos os setores produtivos nas cinco regiões do País, a começar por um simples motivo: a manutenção da infraestrutura de transporte depende da atividade turística de lazer, negócios e eventos.
Além disso, a cadeia produtiva do Turismo é longa. Sem Turismo, os pequenos produtores locais, a indústria e o comércio são extremamente impactados, especialmente nas localidades menos favorecidas.
Sem turismo, o Brasil pode parar!
Essa breve reflexão tem como objetivo trazer elementos que contribuam para a tomada de decisão dos nossos governantes. Ajudar o Turismo a fazer essa difícil travessia não significa levar vinho para poucos brasileiros e sim proporcionar água para toda a população brasileira em todos os cantos desse País.”
Muito de seu trabalho, para não dizer quase que totalmente, tem sido, sempre com apoio e coordenação com o G20+, grupo que reúne as principais associações de Viagens e Turismo do País, estabelecer dados e argumentos para sensibilizar, convencer e fazer com que o governo, especialmente o federal, aja em defesa do setor. A interface com Brasília e com as demais entidades é diária, desgastante (ainda mais com as restrições ao presencial) e difícil, mas às vésperas da retomada verdadeira (e a vacina é essa ferramenta), o trabalho se torna ainda mais desafiador, pois é preciso que todos (empresas, destinos, profissionais) cheguem bem, fortes e preparados para esse novo momento.
A percepção em relação a essa indústria (e se é indústria é porque produz riquezas, empregos, impostos, desenvolvimento, produtos) diz muito sobre o que pode ser feito e o que esperar de governos e parlamentares. Vinho ou água? Supérfluo ou essencial? Para poucos ou para muitos? Só prazer ou vida plena?
É claro que nós, que estamos dentro da indústria, sabemos que o Turismo é água, mas precisamos ter os argumentos e, assim como na política de vacinação, convencer autoridades, difundir essa ideia e fazer nossa parte, um por um e unidos em diversos momentos, como na articulação associativa e setorial, para que o Turismo seja visto como prioridade.
Ana Biselli Aidar nos convida a essa reflexão, no artigo exclusivo que escreveu para o Portal PANROTAS. Leia abaixo.
“Turismo no Brasil: é visto como a ÁGUA ou como o VINHO?
Ana Biselli Aidar, doutora em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e presidente executiva da Resorts Brasil
Como você enxerga o Turismo em nosso país?
Há muitos brasileiros que enxergam o setor de Viagens e Turismo como o vinho.
O vinho é algo especial; o vinho proporciona experiências e sensações únicas; um bom vinho é aberto em datas comemorativas, momentos memoráveis; o vinho não é consumido por todos os brasileiros e o vinho pode ser considerado supérfluo. Em suma, se enxergamos o Turismo como o vinho, assumimos que é algo apreciado por parte da população, responsável por momentos prazerosos, mas que podemos muito bem viver sem.
Por esta perspectiva, há quem diga que a pandemia trouxe resultados positivos para nossa indústria. Afinal, há milhões de brasileiros, habituados a viajar para fora do País, propensos a descobrir o nosso vinho, redescobrir o Brasil!
Essa situação de fronteiras fechadas, somada às restrições impostas pela pandemia resultaram em uma demanda represada. Mas esse cenário proporciona bons resultados ao setor de Turismo brasileiro no curto prazo? Infelizmente não. A situação do Turismo é crítica. Além de o segmento de lazer operar, neste momento, com inúmeras restrições, o de negócios teve um retorno ínfimo e o de eventos segue paralisado desde março de 2020.
ÁGUA
Há, por outro lado, uma parcela significativa de brasileiros que enxerga e vive o Turismo como a água.
A água é um elemento essencial; a água é consumida por toda a população, de maneira direta ou indireta; a água mantém as pessoas vivas; a água deve ser consumida diariamente e em todos os momentos; a água deveria chegar adequadamente a todos os brasileiros e ser tratada como algo sério e de direito de todos. Resumindo, apesar do consumo do Turismo parecer limitado a poucos, ele está como a água, direta ou indiretamente na vida de todos os brasileiros, presente em todas as regiões do País.
O Turismo movimenta todo o Brasil, de Norte a Sul. Muitos brasileiros não consomem Turismo, mas a maior parte da população consome pelo Turismo. Ou seja, ainda que o consumo do Turismo seja restrito a uma parcela pequena de brasileiros, parte expressiva da população torna-se consumidora de produtos e serviços (de outras indústrias) por meio do impacto gerado pela atividade turística.
O Turismo já é consagrado em todos os cantos do mundo como uma das indústrias que mais empregam, responsável pela contratação de mão de obra com e sem qualificação, demandando baixo investimento. Tudo isso já é reconhecido por muitos brasileiros, mas o que ainda é pouco percebido é que sem água, o corpo mais cedo ou mais tarde para de funcionar.
O Turismo fomenta todos os setores produtivos nas cinco regiões do País, a começar por um simples motivo: a manutenção da infraestrutura de transporte depende da atividade turística de lazer, negócios e eventos.
Além disso, a cadeia produtiva do Turismo é longa. Sem Turismo, os pequenos produtores locais, a indústria e o comércio são extremamente impactados, especialmente nas localidades menos favorecidas.
Sem turismo, o Brasil pode parar!
Essa breve reflexão tem como objetivo trazer elementos que contribuam para a tomada de decisão dos nossos governantes. Ajudar o Turismo a fazer essa difícil travessia não significa levar vinho para poucos brasileiros e sim proporcionar água para toda a população brasileira em todos os cantos desse País.”