Confira cinco dicas para uma gestão ESG bem aplicada
Junior Borneli e Ana Carolina Machado, da StartSe, destrincham práticas sustentáveis para o mercado
Uma pesquisa no Google Voos exibe, claro, empresas aéreas, rotas e tarifas, mas também a quantidade de carbono emitida para realizar os trajetos. Essa é uma pequena amostra de quais vertentes são importantes para o consumidor na hora de escolher uma empresa ou um produto.
Foi o que explicou Júnior Borneli, CEO da plataforma educacional de Negócios StartSe, ao lado de Marcelo Pimenta, head de Crescimento, e Ana Carolina Machado, head de Educação da StartSe. O bate-papo entre os especialistas destrinchou os motivos pelos quais o ESG (do inglês ambiental, social e governança corporativa) é cada vez mais essencial para uma empresa.
Segundo Ana Carolina, o ESG vai além de plantar uma árvore ou fazer doações.
"O fator ambiental vai ajudar a empresa a economizar recursos e a utilizar de uma melhor forma tudo que é insumo para seu processo de produção. O fator social é a parte de inclusão, diversidade, tanto dos seus colaboradores como dos consumidores. E a governança é como a companhia se relaciona com outros stakeholders"
Ana Carolina Machado
Para tanto, os profissionais destrincham práticas sustentáveis que investidores e mercado estão de olho. Cinco pontos para uma gestão ESG mais eficiente:
1. Identificação com a marca faz a diferença
Relações sólidas com as marcas prometem fazer a diferença nos números finais. Esse é um dos pilares que o ESG propõe: o consumidor, além de olhar os preços de uma marca, também vai levar em conta a identificação que aquela empresa traz, como explica Ana Carolina:
"As marcas que conseguem transpor uma barreira, não ficar somente no 'mais barato e mais rápido' e conseguirem criar uma relação com o cliente, colocam uma nova vertente na equação", afirma a head de Educação da StartSe.
Por isso, a fidelização e a relação, que vão além da transação, devem ser levadas em conta. Segundo Júnior Borneli, essa situação vai além do cliente final, passando por fornecedores de uma empresa.
2. Investidor já consegue medir o ESG - Não se esconda
O tema tem ficado mais maduro nos últimos anos. De acordo com Ana Carolina, hoje existem métricas para analisar o ESG em uma empresa. "Quando um investidor vai olhar um negócio ele vai conseguir identificar tudo isso. O sarrafo está aumentando lá fora e isso se reflete nos negócios brasileiros", aponta.
Para Borneli, o mercado financeiro olha para os números de uma empresa e o que ela representa. Por isso, uma companhia que vende menos pode ser mais bem precificada se olhar para o futuro, se for mais conectada com questões de diversidade e ambiental.
“Os investidores de hoje olham para modelos de negócios mais conectados com questões ambientais, questões sociais e questões de diversidade. Já existem fundos que só investem em empresas diversas. Eles colocam na balança: onde colocar o dinheiro? Em uma empresa que opera no modelo do passado ou em uma que está pronta para operar no modelo do futuro?", questiona o CEO da StartSe.
3. Consumidor busca experiência
Ao avaliar empresas de sucesso como Airbnbe Uber, Ana Carolina exemplifica uma tendência do consumidor que já está presente hoje e deve ficar ainda mais forte nas próximas gerações: a experiência.
"O cliente não quer mais o custo de ter que se preocupar com logística, com manutenção. As novas e futuras gerações querem aproveitar para ter experiências, e o ESG vem nessa linha", aponta.
Tal como os investidores, os clientes, principalmente os mais jovens, se importam com as práticas ambientais, sociais e de governança das empresas. Ir contra essas medidas é arriscado. Fazer o básico já ajuda, mas não é o suficiente.
4. Pequenas e médias empresas também têm de se preocupar
Segundo um estudo do Sebrae, 75% das micro e pequenas empresas no Brasil fazem uso de práticas ESG. Essas passam por ações até pequenas, como reduzir o consumo de luz.
De acordo Ana, os impactos de tais ações são até maiores para pequenos e médios empreendedores do que para uma grande empresa, que tem uma cadeia muito maior. Por isso, esse segmento também deve ficar de olho no ESG.
5. Diagnóstico é necessário
Nem toda 'letra' do ESG é aplicável a todo modelo de negócio. Segundo Ana, a pegada ambiental de uma empresa que produz serviços, e não materiais físicos, por exemplo, é muito pequena para ser o foco principal. Mas é claro: pequenos passos podem - e devem - ser dados, contanto que o ponto central seja outras práticas, como o social e a governança da companhia.
Por isso, as principais práticas do ESG estão ligadas ao corebusiness de uma empresa, ou seja, seu serviço de foco.
REVISTA PANROTAS
Esta matéria é parte integrante da Revista PANROTAS Especial ESG que circula nesta semana. Confira a edição digital completa a seguir.