Chegada de brasileiros na Argentina recua 44% no primeiro bimestre
Em janeiro, volume de brasileiros na Argentina recuou 37%, enquanto em fevereiro esta queda chegou a 51,5%
A crise socioeconômica e a consequente inflação ainda desenfreada (66,9% nos últimos 12 meses) podem ser consideradas as grandes responsáveis por uma queda significativa no interesse de turistas pela Argentina. De acordo com um estudo do Barômetro Viajala, houve uma redução de 40% na procura por viagens ao país.
Não é de hoje que os brasileiros estão espantados com a alta dos preços e a desvalorização do real no país vizinho. Refeições, vinhos e presentes, que até 2023 eram considerados uma pechincha e faziam os turistas se sentirem ricos, hoje estão com os preços nas alturas. É aquele ditado: "quem aproveitou, aproveitou".
Mas será que a queda na procura por viagens também já reflete na queda de passageiros em voos para Argentina? O Portal PANROTAS foi buscar estes números em estudo encomendado pela ForwardKeys e revela que o volume de chegadas de turistas à Argentina no primeiro bimestre deste ano recuou 44% (média de janeiro e fevereiro).
Foram analisados quatro períodos na chegada de turistas à Argentina: entre fevereiro de 2025 e fevereiro de 2024; entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025; entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025; e entre novembro de 2024 e janeiro de 2025. E nos quatro períodos analisados, a Argentina registra queda na chegada de brasileiros.
Na análise do gráfico de novembro de 2024 a janeiro de 2025, o Brasil recuou 11,9% na chegada de turistas, em relação ao mesmo período dos anos anteriores. Na realidade, todos os países vizinhos registraram queda, com exceção da Colômbia (+8,8%) e Suriname (+750%). A maior delas foi da Bolívia (-44,1%) no período analisado.
Já na análise do gráfico de dezembro de 2024 a janeiro de 2025, o Brasil recuou 24,6% na chegada de turistas. Foi mais um mês em que a maioria dos países vizinhos também recuou, com exceção de Colômbia (+3,7%) e Equador (+1,4%). A maior queda verificada foi da Venezuela no período (-69,6%).
Na análise apenas do mês de janeiro de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado, a queda na chegada de brasileiros chegou a 37,5%, o que fez com a participação do Brasil entre os principais emissores recuar de 56,9% para 48,9% de um ano para o outro. Além dele, todos os outros países da América do Sul registraram queda.
Por fim, no mês de fevereiro (dados mais recentes da ForwardKeys), os números são ainda piores. O volume de turistas brasileiros que chegaram à Argentina caiu 51,5% em relação a fevereiro de 2024. Num share global, com os principais emissores ao redor do mundo, o Brasil segue na liderança de mercado, mas com 22,5% de fatia, quatro pontos percentuais abaixo dos 26,2% de share em fevereiro de 2024.
Ainda sobre o gráfico mais recente, a Argentina vem registrando queda de TODOS os principais mercados. Estados Unidos (-38,2%), Alemanha (-54,2%) e México (-53,8%) são alguns dos países com quedas vertiginosas. No geral, o volume de chegadas de estrangeiros na Argentina recuou 43,5% em fevereiro.
"A recente queda no número de turistas brasileiros e chilenos viajando para a Argentina pode estar relacionada a fatores econômicos, como a desvalorização do peso argentino, a alta inflação e as flutuações cambiais nos países vizinhos. Desde o início de 2024, o peso argentino vem sofrendo uma desvalorização acompanhada de alta inflação, o que aumentou o custo de bens e serviços em dólares, reduzindo a atratividade da Argentina como destino turístico. Além disso, a redução da diferença entre as taxas de câmbio oficiais e paralelas diminuiu os benefícios anteriormente desfrutados pelos turistas que usam o mercado paralelo, tornando outras opções mais competitivas. Para os brasileiros, a recente desvalorização do real em relação ao dólar ainda pode ter enfraquecido seu poder de compra no exterior, tornando as viagens à Argentina menos viáveis economicamente"
Conclusão do estudo da ForwardKeys
A ForwardKeys analisou as chegadas ao destino entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025. Nesta pesquisa, foram considerados passageiros com estadia entre 1 e 22+ noites no destino. Não foram contabilizados passageiros em trânsito ou residentes.