Vistos para turistas de Austrália, Canadá e EUA passam a valer em abril
Retomada da exigência e falta de comunicação do governo preocupa setor do Turismo, aponta FecomercioSP
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Já faz mais de um ano desde que o governo federal decidiu adiar a exigência de vistos para turistas de Austrália, Canadá e Estados Unidos. Em janeiro de 2024, o governo decidiu adiar a exigência, que passaria a valer em abril do ano passado, para 10 de abril de 2025! Ou seja, falta menos de dois meses para a exigência entrar em vigor.
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a retomada da exigência de vistos para cidadãos portadores de passaportes dos Estados Unidos, Canadá e Austrália contrasta com a estratégia de fortalecimento do setor de Turismo brasileiro.
Contra a medida, a federação ressalta que essa política pode gerar impactos negativos para a competitividade do setor, principalmente em relação aos demais países sul-americanos. A entidade se mobilizapela revogação da decisão e pede uma orientação clara do governo para não prejudicar o ambiente de negócios do setor.
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De acordo com a análise da Federação, com base nos dados do Passport Index, a maioria dos países da região adota uma política de isenção de vistos para os três referidos países, permitindo estadias entre 90 e 180 dias. A única exceção é na relação entre Chile e Austrália.
"Os negócios são afetados diretamente pela obrigatoriedade do visto, já que a facilidade de entrada é um fator determinante para a realização de eventos e feiras internacionais. Com essa burocracia, a atratividade nacional será reduzida como destino para esses eventos — especialmente em comparação com países como a Colômbia, que oferecem incentivos adicionais. Assim como exigir o visto da tripulação aérea, contrariando o decreto de 1995 que segue uma convenção internacional de aviação, que compromete a operação das companhias estrangeiras. Caso o visto seja obrigatório para a substituição dos tripulantes, corre-se o risco de cancelamentos de voos para o País"
FecomercioSP, em comunicado
O custo adicional para a obtenção do visto deve refletir na escolha dos visitantes também. O valor estimado será de cerca de US$ 80 por pessoa. No caso de uma família de quatro pessoas, o custo ultrapassaria US$ 300 — valor que poderia ser investido em diárias de hotéis ou resorts em destinos concorrentes que não exijam visto.
Além disso, a FecomercioSP demonstra preocupação com a falta de clareza do governo federal quanto às diretrizes voltadas para os visitantes e os agentes do Turismo, o que compromete a plena eficiência dos serviços e pode ocasionar transtornos, principalmente para os visitantes estrangeiros que precisam do visto brasileiro.
"Além disso, a exigência da autorização pode afetar diretamente o setor em regiões fronteiriças. Os turistas que visitam as Cataratas do Iguaçu, por exemplo, poderão ser impedidos de cruzar a fronteira para o lado brasileiro se não tiverem o visto necessário, o que representa uma perda potencial de visitantes e de receita para o Comércio e os Serviços locais. Diante desse cenário, a FecomercioSP reforça a necessidade de uma orientação clara por parte do governo federal sobre a reintrodução da exigência e recomenda a manutenção da isenção de vistos. Caso a medida não seja revista, a Entidade seguirá mobilizada para a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 140/23 no Congresso Nacional, que busca revogar a exigência. Garantir a competitividade do Turismo brasileiro, alinhar as melhores práticas internacionais e incentivar o crescimento econômico mediante a atração de turistas estrangeiros são prioridades fundamentais para o desenvolvimento do setor"
FecomercioSP, em conunicado
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Case Estados Unidos
Segundo dados da Embratur, em 2023, ingressaram no Brasil 668,5 mil turistas norte-americanos, enquanto 1,63 milhão de brasileiros viajaram para os Estados Unidos, de acordo com o painel do governo norte-americano (NTTO) — fluxo quase 2,5 vezes maior no sentido inverso.
Cálculos da FecomercioSP com base nos dados da Embratur indicam que, no primeiro semestre de 2023, a entrada de turistas dos três países em questão totalizou 433,1 mil, um crescimento de 8% em relação ao ano anterior. No período de julho a novembro, dado mais recente disponível, o aumento foi de 9,4%.
Case México
A FecomercioSP ainda cita o exemplo recente da exigência de visto físico para brasileiros que vistam o México. Segundo o portal Expansión, a introdução do visto para brasileiros no país, em 2022, resultou na perda de quase 60 mil turistas em apenas cinco meses. Como consequência da exigência, o Brasil deixou, pela primeira vez em uma década, o ranking dos dez maiores emissores de viajantes para o México.