Victor Fernandes   |   12/03/2024 17:44
Atualizada em 12/03/2024 17:53

Serra Gaúcha é a Orlando brasileira? É cara? Operadoras debatem

17º Troféu Infinito, do Grupo Brocker, promoveu debate sobre o destino com mediação de Artur Andrade


PANROTAS / Victor Fernandes
Any Brocker, do Grupo Brocker, Artur Andrade, da PANROTAS, e Carolina Sass de Haro, da Mapie, conduziram conversa com operadores no Troféu Infinito
Any Brocker, do Grupo Brocker, Artur Andrade, da PANROTAS, e Carolina Sass de Haro, da Mapie, conduziram conversa com operadores no Troféu Infinito

GRAMADO (RS) - Com o tema Inspirações e Conexões, o Dia de Conteúdo do 17º Troféu Infinito do Grupo Brocker promoveu bate-papo com os operadores convidados sobre o segmento de Turismo de luxo e a Serra Gaúcha, sede do evento. O momento seguiu apresentação de Carolina Sass de Haro, da Mapie, de pesquisa da TRVL Lab sobre o viajante de luxo; e contou com mediação de Artur Andrade, editor-chefe da PANROTAS.

"Quanto mais complexa a viagem, mais a venda é intermediada. Novo luxo está muito associado ao que é raro, intangível. Não está associado à ostentação, mas àquilo que é caro para você, como o próprio tempo. Autêntico e local ganhou mais valor perante ao luxo tradicional e ostentoso", afirmou Carolina Sass de Haro, da Mapie

A primeira provocação de Artur Andrade após apresentação da pesquisa por Carol foi sobre o atendimento do segmento de luxo dentro das operadoras. É essencial ter uma marca? É necessário um departamento dedicado, pelo menos? Para a pesquisadora da Mapie, "marca é opcional e depende de estratégia, mas o núcleo é essencial até por causa do atendimento dedicado". "Cliente de luxo quer serviço rápido e exclusivo", completou Any Brocker, CEO do Grupo Brocker, que acaba de lançar marca dedicada ao luxo.

Serra Gaúcha: Nossa Disney é cara?

Na sequência, Any Brocker quis ouvir de seus principais clientes sobre o destino Serra Gaúcha para entender quais são os possíveis obstáculos para vendas, como o valor do destino desempenha papel em sua venda, e como a nova marca de luxo BRK pode atender essas necessidades.

Em resumo, os operadores apontaram para um alto custo da hotelaria e dos serviços de Gramado (RS) e região; além de que a crescente de novas atrações turísticas - da NASA e NBA até ao museu de cera e restaurantes temáticos - pode estar transformando o destino genérico (pois há atrações similares ou em vias de abrir também em outros destinos, como Rio, Balneário Camboriú e Foz) e perdendo seu charme, autenticidade e raízes coloniais. Por outro lado, ter mais atrações é preciso por conta da oferta hoteleira crescente. Como Gramado resolverá esse dilema? Ou esses, adicionando a questão da percepção de que é um destino caro?

"Gosto da Serra Gaúcha raiz com a lareira no hotel. Estamos vendo atrativos que não têm relação com o destino. E até uma hotelaria tradicional, corporativa. Às vezes, fecha o olho e não sabe se está em Gramado ou Brasília. Para mim, é um ponto importante porque cada vez mais essa autenticidade, a raiz colonial da cidade, está sendo perdida em meio a grande oferta de atrativos diversos", afirmou Rafael Ortiz, da ViagensPromo.

Chefe de Ortiz e sócio-diretor da ViagensPromo, Renato Kido concordou: "Gramado é Turismo de massa. Pode oferecer o luxo? Não sei. Mas pode oferecer o exclusivo". Mas o Turismo de massa combinado aos altos valores praticados no destino parece ser a principal preocupação dos profissionais. "De fato, se as famílias forem fazer as experiências novas e relevantes, Serra Gaúcha será um destino caro. Tentamos promover um mix para que o passageiro não precise investir muito dinheiro, necessariamente", apontou Giulliana Mesquita, da Azul Viagens.

PANROTAS / Victor Fernandes
Bate-papo foi realizado no Dia de Conteúdo do Troféu Infinito sediado no Castelo Saint Andrews
Bate-papo foi realizado no Dia de Conteúdo do Troféu Infinito sediado no Castelo Saint Andrews

Mas, por outro lado, as novidades podem atrair turistas de volta ao destino para mais uma visita, apontou Carol Feitosa, da Masterop Operadora. "Assim como a Disney", completou. Carol, da Mapie, concordou com sua xará da Masterop: "Serra Gaúcha vai se tornar a Disney brasileira. Um destino popular com atrativos para todos". E com novidades a cada temporada.

Se isso é positivo ou não, não foi encontrada uma resposta definitiva, mas Giulliana, da Azul Viagens, elogiou a agenda do destino. "Agenda de eventos sazonais agrega e faz diferença, ainda mais em uma época do ano em que o Nordeste é muito visado devido ao verão", afirmou.

"Cada vez mais, a Brocker está desenvolvendo produtos visando à história, cultura e natureza da Serra Gaúcha. É quase uma responsabilidade nossa. Mas por outro lado não param de vir investidores, e esses atrativos têm sucesso. Então, nos tornamos um destino de entretenimento. Na Serra Gaúcha, temos tudo."

Any Brocker, CEO do Grupo Brocker

Os atrativos de qualidade, segundo ela, vêm para ficar, independentemente se são ou não típicos da região. Mas os que não agregarem valor, sejam restaurantes ou atrações, não terão vida longa, pois o turistas quer experiências que valham a pena e que justifiquem o que está sendo cobrado.

Os operadores também concordaram que é preciso um trabalho do governo de Gramado e do Rio Grande do Sul para divulgar essa variedade e desmistificar a questão do preço. A promoção oficial do destino é praticamente inexistente.

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