Señor Tango reflete retomada das viagens de brasileiros à Argentina
Casa de espetáculos tem no mercado brasileiro 50% de seu público e garante recuperação plena
Proprietário do Señor Tango, a mais conhecida das casas de shows de tango de Buenos Aires aqui no Brasil, Fernando Soler é um dos nomes mais associados ao tango em seu país e fora dele.
Inaugurada em 1996, a casa de espetáculos tem no mercado brasileiro 50% de seu público, em média, historicamente. Na última temporada de julho, no entanto, os brasileiros superaram essa marca, lotando a casa em várias noites, assim como a capital argentina e vários outros destinos do país, nesta retomada das viagens internacionais.
PORTAL PANROTAS – Como foi essa última temporada para o Señor Tango e qual a expectativa para a próxima?
FERNANDO SOLER – Não poderia ter sido melhor. A reabertura das fronteiras e o fim das barreiras que impediam ou dificultavam brasileiros de ir e vir mostraram que o mercado brasileiro queria retornar a Buenos Aires e, no Señor Tango, vivemos o reflexo desse retorno. Muitos brasileiros por toda a cidade durante a temporada e muitos deles nos visitando na casa de espetáculos. Entendo que nosso produto, combinando jantar e show, é muito querido dos brasileiros. Para o verão, estou ainda mais otimista. Os brasileiros, historicamente, representam pelo menos 50% da média de visitantes do Señor Tango, mas esse número foi maior em julho e também deve ser no próximo verão. Muitos brasileiros que desembarcam nos cruzeiros durante o verão têm o Señor Tango como um dos principais passeios na escala de Buenos Aires. O fluxo de brasileiros que chegam via aérea já foi retomado e, no verão, aposto muito no fluxo que virá por meio dos cruzeiros.
PANROTAS – Como o Señor Tango e outras casas de espetáculos de Buenos Aires enfrentaram a pandemia?
SOLER – A pandemia foi algo catastrófico para todos. Buenos Aires vive muito do turismo receptivo, então foi uma tragédia o que aconteceu por aqui, com os estabelecimentos fechados. Os visitantes estrangeiros, de um momento para outro, desapareceram. No entanto, depois dos primeiros meses, mais difíceis, tivemos a surpresa de começar a receber o turista argentino. No Señor Tango, notamos isso assim que pudemos reabrir. E confesso aqui que nesse momento percebi que havia cometido um grande erro de deixar de apostar no mercado argentino. Com o tango, promovi a Argentina em todo o mundo, nos destinos mais variados, da América Latina à Europa, incluindo o Japão, sempre priorizando o Brasil, um mercado especial para nós. Não vamos mais descuidar desse mercado, que ganhou muito em importância para o Señor Tango, mas para todas as casas noturnas de Buenos Aires. As dificuldades em viajar para o Exterior, fizeram os argentinos viajarem dentro do país, e Buenos Aires sempre é uma grande opção.
PANROTAS – O que os visitantes encontram de novo no Señor Tango hoje e o que podem esperar para a próxima temporada?
SOLER – Nos nossos shows, pequenas mudanças podem fazer grandes transformações. A substituição das vestimentas já pode ter um impacto capaz de fazer o visitante achar que está vendo um novo show. Tivemos muitas mudanças, especialmente porque perdemos nosso querido maestro Ernesto Franco, falecido. Seguimos com Matías Lopez como diretor e Carlos Corrales, que dirige a Orquestra Nacional de Tango. Também temos novas duplas de bailarinos e acredito que hoje contamos com uma geração intermediária de tango, com profissionais mais jovens e mais maduros. Entre os bailarinos mais jovens muitas vezes vemos coreografias com verdadeiras acrobacias, uma dança aérea, que arranca aplausos de imediato. No Señor Tango queremos o tango autêntico, sem tantos truques, mas que, no final da noite, dá ao nosso visitante a real sensação de ter dançado conosco.
PANROTAS – Entendendo o Brasil como um mercado prioritário, quais serão as próximas ações de promoção do Señor Tango por aqui?
SOLER – Já estamos organizando grupos para visitar o Brasil, também outros destinos, mas especialmente o Brasil, que nunca nos deixou. Tenho um grande número de amigos no Brasil, no Turismo e fora dele. Alguns amigos chegaram a me animar a abrir uma casa de tango em São Paulo, mas eu não conseguiria abrir mão do Señor Tango aqui, onde tudo começou. Mas vamos fazer um trabalho de divulgação da Argentina toda. Queremos recuperar o fluxo completo de brasileiros, então vamos divulgar o Señor Tango e todo o turismo argentino no Brasil, nas operadoras e nas agências de viagens. São visitas a clientes que são verdadeiros amigos. Se me permite enviar uma mensagem aos brasileiros, gostaria de dizer que precisamos de gotas de energia, para seguir adiante depois de tempos tão lastimáveis que vivemos, e Deus nos provê essa energia. Tenho todos os brasileiros no meu coração.