Parque das Aves desliga funcionários e CEO se emociona
Em carta ao público, Croukamp diz que até o final do ano não terá visitas o suficiente para gerar renda
O Turismo de Foz do Iguaçu (PR) está sofrendo sérios impactos com a pandemia do novo coronavírus, e um dos estabelecimentos prejudicados é o Parque das Aves. Sem revelar exatamente quantas demissões, o CEO do atrativo turístico, Carmel Croukamp, lamenta em carta que grande parte dos seus 250 profissionais perderá o emprego, ao menos temporariamente.
Em carta ao público, Croukamp diz que até o final do ano não terá visitas o suficiente para gerar renda e manter essas mais de duas centenas de profissionais.
Com 25 anos de portas abertas, o Parque das Aves criou uma página para doações, que pode ser acessada aqui https://parquedasaves.com.br/doe.
Leia a carta do CEO Carmel Croukamp na íntegra:
Hoje é um dia muito difícil e triste para todos nós aqui no Parque das Aves, pois temos que dizer adeus para grande parte da nossa equipe.
Durante os últimos 25 anos, formamos uma equipe dos sonhos, da qual nos orgulhamos muito.
O Parque das Aves é feito de pessoas. E é esta equipe dos nossos sonhos que fez do Parque uma instituição que foi além de tudo que imaginávamos na época da sua fundação, quando era ainda só um sonho de duas pessoas, Dennis e Anna Croukamp, meus pais. Foi o trabalho incansável de todos que realizou este sonho e criou uma instituição que luta por animais e pessoas.
Hoje, a maior parte dessa equipe precisa nos deixar, pelo menos por um tempo.
E como o Parque das Aves é feito de pessoas, não queremos deixar esse momento passar batido. Queremos reconhecer, e publicamente, este momento, como marco de respeito por nossa equipe dos sonhos.
As redes sociais do Parque entrarão em um período de silêncio durante uns dias em forma de respeito. Depois, precisamos continuar a conversar com o público sobre o nosso trabalho. Ele não vai parar, não pode parar, para cumprir a nossa responsabilidade com as vidas e o bem-estar de 1.300 aves, a maioria vinda de resgate; outra parte contribuindo com a salvação de espécies e com nosso trabalho em conservação.
Cuidar de 1.300 aves requer um esforço enorme. Continuaremos recebendo animais de resgate. Continuaremos com o trabalho em conservação de espécies, pois não temos o direito ético de parar esforços para salvá-las.
Como instituição privada, sempre financiamos todo o nosso trabalho apenas com a renda da bilheteria, da loja e do restaurante.
Para o Parque das Aves sobreviver, precisamos enfrentar, por questão de responsabilidade com animais e com a nossa comunidade, o fato de que, até o final do ano, não teremos fonte de renda que minimamente sustente uma equipe de 250 pessoas. Uma equipe criada para apoiar o mais visitado parque de aves do mundo, agora sem visitação durante um período prolongado.
Não podemos esperar ou apostar em outras formas de ajuda futura do governo ou de outros, pois estaremos apostando vidas.
Ainda temos como cumprir o nosso dever com nossos colaboradores, integralmente. Ainda conseguimos fornecer um apoio contínuo para toda essa nossa comunidade. Este é um ponto muito importante; a nossa comunidade merece esse carinho.
E, isto seguro, agora passaremos meses enfrentando essa crise, da forma mais responsável possível, assegurando os cuidados dos animais abrigados dentro do Parque das Aves.
Conseguimos reter uma equipe para cuidar muito bem das nossas aves e reformatar o Parque para trabalhar fontes alternativas de renda que assegurem a nossa sobrevivência e uma recuperação mais forte possível. Na hora de reabrir, precisamos abrir da maneira mais segura e responsável possível, entendendo que o novo coronavírus estará aqui durante um tempo bastante longo.
Nosso trabalho não pode parar, e não vai parar. Esperamos contar com seu apoio.
Carmel Croukamp, CEO do Parque das Aves