Marcel Buono   |   03/12/2019 15:00
Atualizada em 03/12/2019 15:20

Painel escancara falhas do País no Turismo doméstico

Painel em evento estreante fala sobre promoção no Exterior, mas destaca que sem o fluxo doméstico o destino corre riscos de ficar estagnado

O primeiro painel do Travel & Lifestyle Summit colocou em pauta a imagem do Turismo no Brasil, destacando o poder da comunicação, aliada à informação, no desenvolvimento do setor em uma sociedade cada vez mais conectada. O evento, estreante no calendário, foi realizado na sede da FecomercioSP, em São Paulo.

Divulgação
Marcos Swarowsky, Greetje De Haan, Adriana Moreira, Eduardo Fleury e Bruno Reis
Marcos Swarowsky, Greetje De Haan, Adriana Moreira, Eduardo Fleury e Bruno Reis
Editora do caderno Viagem do Estadão, Adriana Moreira moderou a conversa entre o presidente do Emprotur, Bruno Reis; o country manager do Kayak no Brasil, Eduardo Fleury; o diretor de Gerenciamento de Mercado do Grupo Expedia, Marcos Swarowsky; e a COO da Allpoints Hotel Rewards, Greetje De Haan.

“Durante a Copa do Mundo e a Olimpíada, acreditaram que o Turismo seria impulsionado, mas não pensaram em longo prazo, apenas no imediatismo. Não adianta querer só trazer turista estrangeiro se o turista interno não é estimulado. No Brasil, infelizmente, existe uma sensação de que, se você não viaja para outro país, você não fez uma viagem de férias de verdade. Como se viajar para Salvador, por exemplo, não fosse bom o suficiente”, comentou Adriana.

LEIA MAIS
Faturamento do Turismo no Brasil sobe e mira R$ 150 bi
Cinco desafios que o Turismo brasileiro deve enfrentar

“Não adianta ter um produto global se ele não é relevante localmente. É preciso descobrir os pequenos detalhes dos destinos brasileiros e valorizar mais o que temos. O México, que tem metade da nossa população e um território muito menor, registra duas vezes mais viajantes internos que o Brasil. A valorização do Turismo doméstico faz parte do caminho para o desenvolvimento do setor como um todo”, acrescentou Marcos Swarowsky.

Ainda de acordo com o diretor do Grupo Expedia, dados que visam entender os hábitos e tendências de consumo estão cada vez mais disponíveis, sendo fundamental analisá-los com atenção para evoluir em um mercado cada vez mais concorrido. Pensamento este compartilhado pelos demais participantes do painel.

Divulgação
Marcos Swarowsky (Expedia) e Greetje De Haan (Allpoints)
Marcos Swarowsky (Expedia) e Greetje De Haan (Allpoints)
“Tem um problema com a rede de fornecedores, pois há muitas camadas entre o destino e o consumidor que, por sua vez, é direcionado por parte das empresas que vendem Turismo em relação a onde se hospedar, comer e etc. Porém, o mundo digital tem mudado isso e as pessoas têm cada vez mais liberdade para escolher. Quando eu cheguei ao Brasil, diziam que o mercado já estava dominado pelas operadoras, mas estou descobrindo que aqui é um prato cheio para todos”, contou Greetje De Haan, que é holandesa.

“O agente de viagens ficou meio perdido na cadeia. Antes ele indicava tudo o que fazer, mas hoje em dia é o cliente que já chega falando o que quer fazer. O consumidor quer comparar as opções que têm para viajar e o agente de viagens passou a ser um canal de consultoria”, completou Eduardo Fleury.

O EXEMPLO POTIGUAR
Presidente do Emprotur desde agosto, Bruno Reis levou o exemplo do Rio Grande do Norte ao painel. De acordo com ele, o destino não contava nem com uma página oficial na internet, e agora tem como principais desafios a consolidação do Turismo de sol e praia, a ampliação da conectividade aérea, a inteligência comercial e a diversificação de segmentos.

Divulgação
Bruno Reis, presidente do Emprotur-RN
Bruno Reis, presidente do Emprotur-RN
“Sinto falta de posicionamento no Turismo. Comparar a quantidade de turistas da Torre Eiffel e do Brasil, como alguns fazem, é comparar abacaxi com banana. Tem que saber quais são os públicos, por isso estamos investindo em Business Intelligence para descobrir cenários. Será que estou competindo com o Rio de Janeiro ou com Porto de Galinhas quando anuncio em Buenos Aires, por exemplo? Vejo poucos gestores públicos com esse cuidado“, comentou.

Segundo Reis, o Turismo representa 75% do PIB estadual e tem Fernando de Noronha (PE), Jericoacoara (CE) e a Rota das Emoções como principais concorrentes na busca pelos viajantes estrangeiros. Para competir com mais força, o Rio Grande do Norte promoverá a Rota do Pôr do Sol, incentivando uma espécie de “caça ao tesouro” pelo crepúsculo mais belo e ainda ampliando as diárias dos turistas.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados