Contra overtourism, Europa põe qualidade acima de quantidade
Por fim de overtourism, destinos europeus devem investir em turistas de nicho, que gasta mais, ao invés de maior quantidade, aponta estudo da Euromonitor
Os destinos mais conhecidos da Europa mudaram de foco ao investir na busca de turistas. Em vez de almejar visitantes em grandes quantidades, eles estão em busca de viajantes mais sofisticados, de diferentes nichos. A constatação é do estudo Megatrends Shaping the Future of Travel, divulgado pelo Euromonitor International nesta terça-feira (6).
O principal motivo dessa tendência é o crescente problema que diversos polos turísticos europeus vêm sofrendo nos últimos anos, o Turismo em excesso (ou, no termo em inglês, overtourism). De acordo com o estudo, o número de chegadas internacionais na Europa cresceu mais que 60% nos últimos 18 anos - passou de cerca de 400 milhões em 2000 para pouco mais de 660 milhões em 2017.
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Se por um lado o número de turistas aumentou, a quantidade de dinheiro investido na viagem por eles caiu neste mesmo período. Em 2001, o gasto médio do viajante no continente era de algo em torno de US$ 1 mil; em 2017, não chegava a US$ 850, queda de mais de 15%.
Isso, enfim, resultou em uma mudança da visão dos destinos europeus. Eles não querem mais visitantes "em massa"; mas, sim, os "viajantes certos", relatou a Euromonitor.
"Há uma percepção crescente de que focar no volume por si só não é a abordagem correta. Em vez disso, o valor incremental que diferentes tipos de turistas trazem torna-se mais importante. Olhando além do mercado de massa, para nichos como artes, cultura, esportes, aventura e bem-estar, a relação entre qualidade e preço tende a aumentar", resume o estudo, que completa: "Os visitantes de nicho são menos sensíveis ao preço, o que, por sua vez, melhora a qualidade geral do fornecedor"
O estudo lista ainda as dez cidades europeias com maior número de chegadas em 2017, sendo que algumas delas, como Barcelona, Londres e Amsterdã já se queixaram do turismo em excesso; confira abaixo:
Cidades | Chegadas internacionais em 2017 | Crescimento 2016-2017 (%) |
---|---|---|
Londres | 19,8 milhões | 3,4% |
Paris | 15,8 milhões | 13,7% |
Istambul | 10,7 milhões | 16,4% |
Roma | 9,5 milhões | 1,9% |
Antália | 9,4 milhões | 59,3% |
Praga | 8,8 milhões | 7,4% |
Amsterdã | 7,8 milhões | 13,8% |
Barcelona | 6,5 milhões | 0,2% |
Milão | 6,3 milhões | 2,8% |
Viena | 6 milhões | 3,4% |
EFEITO BREXIT
O estudo da Euromonitor International também prevê um efeito cascata no continente europeu quando o Reino Unido deixar, oficialmente, a União Europeia (UE) - a saída está marcada para março de 2019. O relatório aponta que o mercado de viagens britânico será afetado pelo resultado das negociações comerciais.Cerca de US$ 11 bilhões em despesas de saída de britânicos dependeriam da forma que o Brexit acontecer, relatou o estudo. Se for de uma forma "leve", ou seja, com um acordo comercial entre Reino Unido e UE, as despesas de britânicos no exterior podem passar dos cerca de US$ 88 bilhões anuais de 2018 para mais de US$ 100 bilhões até 2021; caso não haja um comum acordo, porém, os gastos anuais podem não passar dos US$ 90 bilhões até o mesmo ano.