Filip Calixto   |   23/03/2021 10:14
Atualizada em 23/03/2021 10:33

Como o mercado de cruzeiros de luxo se comporta na crise

Levantamento feito pela Pier 1 mostra o impacto da pandemia nos resultados da empresa em 2020

Assim como ocorreu nas mais diferentes atividades de Viagens e Turismo, o setor de cruzeiros de alto padrão também teve um 2020 de resultados negativos em virtude da pandemia. É o que mostra um relatório recentemente divulgado pela Pier 1 Cruise Experts, especialista em cruzeiros de luxo. De acordo com o relatório da empresa, as vendas chegaram a cair 82,5% no auge da crise, em maio, e o tipo de destino buscado mudou.

Segundo aponta a pesquisa Brazil´s Luxury Cruise Market Report, os índices alcançados ao longo do ano frustraram os planos estabelecidos no início dele. “As expectativas para o setor de cruzeiros de luxo no início de 2020 eram as melhores, com a economia brasileira aquecida, previsão de crescimento do PIB de 2%, além da expectativa de lançamento de diversos novos navios – sendo cinco embarcações de luxo, que somam aproximadamente três mil leitos, que foram lançadas e aguardam inauguração oficial”, contextualiza a nota divulgada pela empresa.

PANROTAS / Emerson Souza
Thiago Vasconcelos, diretor executivo da Pier 1
Thiago Vasconcelos, diretor executivo da Pier 1
A perspectiva otimista foi fortalecida pelo mês de janeiro de 2020, que no balanço final teve crescimento de vendas 29,1% superior ao mesmo período de 2019.

Os índices, contudo, passaram a cair conforme as notícias de contaminações se expandiam. De acordo com o relatório, o pior mês de 2020 foi maio - com os mais de 80% de queda em comercializações -, que também pode ser considerado o primeiro ato de uma movimento de oscilação em direção à retomada, já que os meses seguintes foram marcados por uma gradativa recuperação do volume de vendas.

A pesquisa aponta que o auge da recuperação aconteceu em outubro, quando, pela primeira vez desde o início da pandemia, a Pier 1 apresentou uma performance 24,1% superior ao ano anterior. Novos casos de covid, contudo, fizeram com que os dois últimos meses do ano voltassem a apresentar resultados negativos.

DESTINOS
A pesquisa também demostra que a pandemia também trouxe mudanças entre os destinos mais procurados, muito por conta da oscilação de possibilidade de navegação em diversos pontos.

A Europa Fluvial, com share de 20,1%, passou a ocupar a segunda posição, no lugar do Mar Báltico & Norte da Europa. Já a Ásia & Oriente Médio, que apresentava um share de 12,6% em 2019, teve o percentual reduzido para 3,8%.

ANTECIPAÇÃO
Outro dado que sofreu grande variação em relação ao ano anterior foi o de antecipação da data da compra do cruzeiro. Já no final do 1° semestre de 2020, a empresa observou que esse quesito havia ultrapassado, também pela primeira vez, a marca de 200 dias antes da data de embarque.

À medida que os cruzeiros ao longo do 2° semestre eram cancelados, as remarcações começaram a ser feitas para datas cada vez mais distantes, chegando à marca dos 265 dias, um aumento de 33,8% em relação a 2019.

TICKET MÉDIO
Entre os dados relevantes de 2020, a empresa ressalta que o valor do ticket médio por hóspede, no fim das contas, subiu. A viagem ultrapassou o patamar de US$ 7 mil, apesar de todas as adversidades e da desvalorização do real.

Esse movimento pode ser consequência, conforme aponta a empresa, dos bônus em créditos futuros oferecidos pelas companhias aos hóspedes que tiveram seus cruzeiros suspensos. Em alguns casos, chegaram a ser 25% além do valor originalmente pago.

PERSPECTIVAS
Mesmo com o salde de adversidades deixado por 2020, a Pier 1 lembra alguns aspectos positivos do período como o lançamento de 16 novos navios, cinco deles das companhias de luxo. Para 2021, o planejamento é para o lançamento de outras nove embarcações.

“Trabalhamos para oferecer a melhor matéria-prima para a retomada dos agentes, nosso principal canal de vendas: novos roteiros, navios e destinos, além de ações promocionais e ferramentas facilitadoras”, pontua o diretor executivo da Pier 1, Thiago Vasconcelos. “Acreditamos que a vacinação em massa da população e a exigência das companhias de cruzeiros de embarcar apenas hóspedes vacinados sejam importantes passos para alcançarmos patamares atingidos antes da pandemia”, finaliza.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados