Artur Luiz Andrade   |   04/06/2024 11:25
Atualizada em 04/06/2024 11:40

Debate sobre diversidade destaca transversalidade das causas LGBTQIA+

Evento Proud Experiences reúne agentes de viagens de 14 países, incluindo o Brasil

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Simon Mayle, ao centro, e os convidados da noite de abertura da Proud Experiences
Simon Mayle, ao centro, e os convidados da noite de abertura da Proud Experiences

LOS ANGELES – A quarta edição do evento Proud Experiences (segunda seguida em Los Angeles), começou na noite desta segunda-feira, 3 de junho, no Fairmont Century Plaza. A abertura, comandada pelo diretor Simon Mayle (também executivo responsável pelas ILTM nas Américas) levou ao placo do salão principal do hotel os primeiros insights e caminhos para as discussões, aprendizados e negócios que estão por vir nos dois dias que restam do evento.

Belong Everywhere (Pertencer a todos os lugares) traz a mensagem de pertencimento e ter o direito de ser quem você é em qualquer lugar e isso passa por ser bem aceito, respeitado e recebido por destinos e empresas de Turismo de todo o mundo.

Mayle, em suas palavras iniciais, relembrou que entender o viajante é o primeiro passo para recebê-lo bem e fazer com que ele se sinta bem durante toda a viagem, e ressaltou que ainda há um longo caminho para que esse pertencimento se espalhe pelo mundo. Aliás, a dica de todos os entrevistados para a indústria de Viagens e Turismo para bem receber o público LGBTQIA+ é: não deduza, não assuma nada de antemão baseado no que você acha que sabe – pergunte. Desde como os viajantes gostariam de ser chamados até o que querem fazer no destino ou ainda a infame barreira de alguns hoteleiros: cama de casal ou de solteiro? Não julgue ou classifique os outros baseados em sua experiência ou preconceitos: pergunte e a partir daí conheça o seu cliente.

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Simon Mayle em suas falas iniciais
Simon Mayle em suas falas iniciais

“Ainda temos muito a fazer além das grandes cidades como Los Angeles, Nova York e Londres. Ainda há 64 países que criminalizam a homoafetividade, ainda há muito a mudar culturalmente em cidades menores, em empresas... E o Turismo tem o poder de mudar isso. Nós aqui temos o poder de mudar essa cultura em nossas empresas, que são as que recebem os viajantes LGBTQ+ em todo o mundo. Ser bem recebido e respeitado não depende da cor da pele, forma do corpo, gênero, orientação sexual, religião... Vamos aqui na Proud Experiences nesses dois dias aprender uns com os outros, sem medo de errar”, disse o diretor do encontro.

Simon Mayle

O evento funciona em esquema de reuniões entre fornecedores e agentes de viagens (serão cerca de 6 mil), que somam quase 200, de 14 países, inclusive do Brasil, que enviou cerca de 30 profissionais.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Philip Ibrahim entrevista Raymond Braun
Philip Ibrahim entrevista Raymond Braun

Insights para atender o público LGBT

O viajante LGBTQIA+ viaja com mais frequência, e de forma mais espontânea (está nos planos dele viajar), gasta mais e é mais fiel às marcas e empresas (que lhe atendam bem, claro), e quer pertencer, ser bem recebido. Como fazer isso? Os entrevistados da primeira noite de Proud Experiences trouxeram alguns insights.

Além de Mayle, o palco de abertura contou com a participação de:

  • Albert Herrera, Executive Vice President, Partner Relations at Internova Travel Group;
  • Kirstie Pike, criadora de conteúdo;
  • Crissa Jackson, jogadora de basquete americana, atriz, influencer com 17 milhões de seguidores no TikTok e Instagram, modelo e apenas a 13a mulher a jogar para os Harlem Globetrotters.
  • Raymond Braun, personalidade americana, jornalista e influencer social, listado como uma das 100 Pessoas LGBT Mais Influentes pela revista OUT ;
  • E Philip Ibrahim, gerente geral do Social Hub Berlin.
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Simon Mayle e Crissa Jackson
Simon Mayle e Crissa Jackson

E algumas dicas e aprendizados que tiramos da história de cada um incluem:

  1. Turismo LGBT não se resume ao homem branco gay. Há uma diversidade grande de público, que quer e tem o direito de ser reconhecida. Pergunte como. Invista em educação para sua equipe. São casais, grupos de amigos, famílias, indivíduos que amam viajar e explorar o mundo. Crissa Jackson, que viaja bastante com sua mulher, contou que uma vez, em um hotel, foi chamada de “marido” e viu que o funcionário fez na intenção de acertar, mas o acerto nesse caso seria perguntar como ela gostaria de ser chamada.
  2. Turista LGBT visita os lugares turísticos populares de todos os destinos. Não assuma que esse viajante está interessado apenas em locais LGBT. Mais uma vez: pergunte. Raymond Braun lembra que ainda adolescente, criado no interior de Ohio (que já é interior dos Estados Unidos), em uma viagem com um grupo chegou no hotel e perguntaram se ele estava ali por causa da Pride. “Eu nem sabia o que era Pride. Ele julgou meu jeito afeminado e assumiu isso. Podia ter perguntado o que eu tinha ido fazer na cidade, ou outra coisa.”
  3. Respeito à cultura local dos destinos. O agente de viagens precisa informar o viajante sobre o que vai encontrar na viagem e saber dos hábitos e leis locais. “A mudança virá. De forma lenta, talvez. Mais virá”, disse Philip Ibrahim.
  4. As redes sociais são uma inspiração para a nova geração e isso inclui na representatividade LGBTQIA+. Quando Crissa e Raymond eram novos, não tinham figuras como eles na palma da mão, mostrando ser possível. Especialmente via TikTok. Ambos fazem questão de frisar que usam as redes para inspirar os jovens, mostrar que eles podem ser quem queiram ser, e também que as causas LGBT não estão isoladas das demais.
  5. Transversalidade de causas. Crissa Jackson é negra, esportista (em uma modalidade dominada por homens – em 100 anos de Harlem Globe Trotters ela foi a 13ª mulher a jogar), casada e tem uma filha. Raymond Braun teve um colapso mental durante a pandemia (acumulado de anos de transtornos desde a infância, como mania de limpeza, medo de acidentes, medo de se relacionar) e iniciou um tratamento para cuidar de sua saúde mental e em dois anos se transformou em um recordista mundial ao fazer sete provas de triatlo olímpico em sete dias e sete continentes. Racismo, machismo, saúde mental, bullying na infância... as causas LGBTQIA+ nunca estão sozinhas, porque as pessoas são diversas e únicas e o atendimento a elas no Turismo precisa ser empático, sensível, respeitoso.
  6. O diferencial estará nos detalhes. Para atender bem o público LGBTQIA+, use a dica que vale para todos os públicos: conheça as preferências do hóspede, e o surpreenda nos detalhes, no atendimento com empatia.

A PANROTAS viaja a convite da Proud Experiences, voando Latam e com proteção GTA

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Gay Men's Chorus od Los Angeles
Gay Men's Chorus od Los Angeles


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