Hotelaria consolida tendência de forte crescimento das diárias em 2023
Com relação aos resorts, a taxa de ocupação alcançada de 60,7% é a maior da série histórica desde 2010
Como foi a performance dos hotéis brasileiros em 2023? Como fechamos na média de ocupação? E a diária média? O RevPAR? Todos estas respostas estão num estudo divulgado pela JLL, com dados da Resorts Brasil e Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), chamado de Hotelaria em Números - Brasil 2024.
O estudo da JLL mostra uma consolidação da tendência iniciada em 2022 de crescimento forte das diárias e moderado das taxas de ocupação.
Tanto é que a média de ocupação dos hotéis no ano de 2023 foi de 60,8%, acima do nível pré-pandemia, enquanto a diária média foi de R$ 390,80, com um crescimento de quase 35% em relação a 2022. Como consequência, o RevPAR apresentou um crescimento de quase 40%.
No entanto, esse alto crescimento do RevPAR não refletiu no aumento do Lucro Operacional (GOP) dos hotéis urbanos, com o mostra o estudo. O GOP médio de 2023, por exemplo, foi de 37% em relação à Receita Total, ligeiramente acima do alcançado em 2022.
"As principais explicações para esse baixo crescimento da lucratividade apesar do alto crescimento do RevPAR foram a inflação e o aumento significativo da folha de pagamento. Um fenômeno mundial que está afetando a hotelaria no pós-pandemia também está acontecendo no Brasil, que é a falta de interesse pelo trabalho no setor de serviços. Como consequência, os hotéis tiveram que contratar funcionários extras, que são mais caros que funcionários contratado"
Estudo da JLL
Isso pode ser observado, por exemplo, nos resultados dos hotéis urbanos, que tiveram um crescimento de despesas com salários e encargos de cerca de 1,4 ponto percentual em hospedagem e 2 p.p em Alimentos e Bebidas em relação a 2022.
"Os dados falam - ou gritam - por si. A diária média do ano passado e o RevPAR do mesmo período mostram sustentada recuperação muito embora ainda não tenha atingido seu benchmarking o ano de 2013. E ainda que a taxa de ocupação não seja a melhor desde que o estudo começou, isso mostra claramente que a nossa indústria aprendeu a negociar, não aceitando pressão de grandes empresas e dos maiores distribuidores de viagens do planeta. Dados dessa envergadura indicam também que diretores de vendas dos hotéis aprenderam a competir lembrando que cliente se ganha com bons produtos e serviços e negociações equidistantes. A taxa de ocupação registrada, 60,8%, é a maior dos últimos 9 anos. E sabemos que há um potencial de crescer ao menos 8,5 pontos percentuais, em pouco tempo"
Orlando de Souza, presidente-executivo do Fohb
Ele lembra que a pandemia, o preço das passagens aéreas em todo o mundo e o surgimento de plataformas eletrônicas para aluguéis de curta duração bagunçaram o mercado. No entanto, o setor aprendeu com a maior crise sanitária da história recente.
"As companhias aéreas, por sua vez, começam a rever tarifas por conta da pressão dos consumidores e governos de todo o mundo começam mudar toda regulamentação em relação aos aluguéis temporários. Na Europa, com Barcelona à frente, moradores da cidade combatem hospedagens fora de hotéis. Por duas razões: essas plataformas eletrônicas inflacionam aluguéis e geram muito menos receita para os destinos, colocando em risco o emprego de milhares de pessoas", destacou Orlando.
Resorts alcançam maior ocupação da série histórica
Já com relação aos resorts, a taxa de ocupação alcançada de 60,7% é a maior da série histórica desde 2010, representando um crescimento de 10,2% em relação a 2022. A Receita total por apartamento ocupado também apresentou um crescimento de 10%.
O GOP obtido em 2023 de foi 30% versus 22,8% em 2022, o que reflete o crescimento das receitas e um maior controle das despesas. Foi possível observar uma maior procura por resorts de praia, que apresentaram um crescimento de sua ocupação de cerca de 9,5 pontos percentuais em relação a 2022.
"O setor de hotelaria é um dos principais pilares do mercado turístico-imobiliário no Brasil. Os resorts têm se consolidado cada vez mais como um segmento relevante nesse cenário e em todas as regiões do País. Com o objetivo de manter um crescimento ordenado do setor, um olhar aprofundado a respeito da competitividade e da sustentabilidade se tornam cada vez urgente"
Ana Biselli, presidente-executiva da Resorts Brasil, sobre o estudo
Tendências na indústria hoteleira
Dados preliminares da performance de 2024 comprovam a tendência de crescimento do RevPAR dos hotéis do Brasil iniciada em 2022. O principal fator que deve contribuir para a melhora da performance dos hotéis é a perspectiva do baixo crescimento da oferta hoteleira e o forte crescimento da demanda.
O fenômeno inflacionário global causado pela quebra da corrente produtiva pós-pandemia gerou um crescimento significativo das taxas de juros nas principais economias do mundo. Como o desenvolvimento da indústria hoteleira é fortemente alavancada em dívidas, os altos juros têm freado os novos projetos hoteleiros.
"As receitas devem ter um crescimento, mas é importante haver um controle rigoroso dos custos para a manutenção das margens dos resultados. Isso é especialmente importante em razão da insegurança sobre até quando poderão ser obtidos os benefícios do Perse"
Estudo da JLL