Fohb prevê cenário devastador se poder público não agir pelo Turismo
Hotelaria pede que governo tome medidas para salvar o Turismo
Um olhar de empatia com o Turismo. Um olhar que entenda como funciona e o que representa essa indústria. Estabilidade para planejar um ano que por si só será muito difícil e que não pode ser atrapalhado pela falta de uma política nacional de combate à pandemia e incentivo às empresas. É o que pede, em artigo, o presidente executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), Orlando Souza.
Segundo ele, citando artigo do presidente da FBHA, Alexandre Sampaio, o Turismo precisa de paz e isso inclui condições para trabalhar e não a disparidade de medidas de municípios e Estados, abrindo e fechando os destinos sem qualquer planejamento.
“Desemprego, queda na arrecadação – principalmente de municípios onde o Turismo é a fonte primeira de receita – são alguns dos mais imediatos e perversos resultados da falta de ação do poder público. Mas há outros piores. Se não houver condições do Turismo trabalhar em paz, não faltará placa de R.I.P. (descanse em paz) nas portas de muitas empresas importantes de nossa indústria”, prevê e apela o presidente do Fohb.
Confira abaixo o artigo na íntegra.
"A real paz de que o Turismo precisa
Por Orlando de Souza, presidente executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb)
Estabilidade é uma palavra desconhecida pelos brasileiros adultos. Certamente esta é a razão que fez dos profissionais desse País os maiores especialistas em gestão de crises e capacidade de adaptação do planeta. Sem exagero algum. Nunca pudemos ter um planejamento para mais de 20 anos. Não que faltasse vontade, disposição e até competência técnica por parte da iniciativa privada. Mas um projeto de país e futuro sempre foi trocado por projetos de poder e falta de continuidade de políticas públicas.
Nesse sentido, a microeconomia sempre esteve mais em evidência que a macroeconomia. A cada governo que assumia, a beleza e a hospitalidade do País eram louvadas, o Turismo era exaltado e a esperança do setor reacendia. Ministros de diversos partidos e Estados, senadores e deputados abriam as portas dos gabinetes para empresários e entidades setoriais, mas nada acontecia como esperado. É bem verdade que, sempre, a esperança é maior que a realidade. Mas no caso do nosso segmento, a desproporção entre a expectativa e o resultado sempre foi e continua abissal.
Não faltaram números. O Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), a CNC, o Sebrae e tantas outras importantes associações conduziram nos últimos anos uma série de estudos e gastaram dias, sola de sapato, telefonemas para mostrar o peso do Turismo na criação de empregos diretos e indiretos no País e seu impacto na cadeia de serviços.
Se o desemprego, a distribuição de renda, o desenvolvimento do Norte e Nordeste, a entrada de capital estrangeiro sempre foram e continuam sendo temas preocupantes nas reuniões do Planalto e nos plenários do Congresso, o Turismo – a solução mais óbvia e fácil – nunca recebia a atenção.
O Turismo sempre foi a vítima de todas as crises nacionais e internacionais nos últimos 20 anos. Do terrorismo internacional à desvalorização da moeda, sem esquecer dos problemas graves de infraestrutura até culminar na pandemia de 2020. Sem receber a atenção merecida. Talvez seja por isso que ainda se bata cabeça com soluções para melhorar índices sociais e econômicos e não se obtenham resultados. Por teimosia ou miopia.
No entanto, nunca faltou união, predisposição ao trabalho, disciplina financeira e otimismo por parte do setor. Do mensageiro do hotel até o chef renomado, passando pelo atendente do aeroporto até o diretor da operadora, todos fizeram seu sacrifício para manter nossa indústria de pé. Profissionais estrangeiros expatriados mandados para cuidar de grandes marcas no Brasil admiram a resiliência e criatividade com que lidamos com os obstáculos.
Mas os recursos estão próximos ao esgotamento. Um cenário dramático é observado sem que haja o socorro necessário por parte da gestão pública. Em recente e brilhante artigo, meu estimado amigo Alexandre Sampaio pede que deixem o Turismo em paz. Nesta mesma linha reforço a necessidade de darem paz ao nosso segmento. Paz, no sentido da estabilidade, de condições para que o trabalho siga sem altos e baixos.
Neste final de ano o que se viu foi o resumo do que vivemos. A cada dia uma notícia sobre abertura e fechamento de hotéis. Criando medo, instabilidade e prejuízos. Hóspedes e hoteleiros não sabiam como seria a temporada porque decretos municipais e estaduais brigavam com liminares na justiça. Impossível planejar em um cenário similar.
Passou da hora dos governos enxergarem as diferentes realidades setoriais. As empresas de tecnologia, assim como as empresas farmacêuticas tiveram desempenho muito além do esperado. Assim como o agronegócio. O comércio retomou suas atividades, assim como a indústria e a construção civil. Os números estão aquém do desejado, mas se vislumbra a luz no final do túnel e um caminho seguro a ser trilhado para alcançá-la.
O Turismo segue sem a direção e a segurança mínima para sua recuperação. Os números conservadores da hotelaria apontam um primeiro semestre de 2021 similar aos dados do último trimestre de 2020, ou seja, uma ocupação média em torno de 33%, contra 65% no mesmo período de 2019. Um recente estudo do Fohb aponta que a queda na receita de hospedagem de seus associados, e que dá um norte para toda a hotelaria, foi de quase 60%, em comparação ao ano anterior.
Os 17 setores que foram beneficiados pelo Governo Federal com desoneração na folha de pagamento geram aproximadamente 6,8 milhões de empregos. Por outro lado, o Turismo, responsável por 2,9 milhões de empregos, não foi contemplado com o apoio.
A nossa cadeia, que envolve hotéis, resorts, pousadas, agências de viagens, operadoras, parques temáticos, organizadores e pavilhões de eventos, começa 2021 no vermelho, sem condições de recontratar pessoal . Muito pelo contrário. A tendência é de mais demissões. A medida provisória que garantia o não reembolso imediato de reservas antecipadas está prestes a caducar. Não haverá caixa para os reembolsos e a situação, ainda nebulosa, da pandemia não encoraja os turistas a planejarem viagens tão cedo.
Desemprego e queda na arrecadação – principalmente de municípios onde o Turismo é a fonte primeira de receitas – são alguns dos mais imediatos e perversos resultados da falta de ação do poder público. Mas há outros piores. Se não houver condições do Turismo trabalhar em paz, não faltará placa de R.I.P. (descanse em paz) nas portas de muitas empresas importantes de nossa indústria."
Segundo ele, citando artigo do presidente da FBHA, Alexandre Sampaio, o Turismo precisa de paz e isso inclui condições para trabalhar e não a disparidade de medidas de municípios e Estados, abrindo e fechando os destinos sem qualquer planejamento.
“Desemprego, queda na arrecadação – principalmente de municípios onde o Turismo é a fonte primeira de receita – são alguns dos mais imediatos e perversos resultados da falta de ação do poder público. Mas há outros piores. Se não houver condições do Turismo trabalhar em paz, não faltará placa de R.I.P. (descanse em paz) nas portas de muitas empresas importantes de nossa indústria”, prevê e apela o presidente do Fohb.
Confira abaixo o artigo na íntegra.
"A real paz de que o Turismo precisa
Por Orlando de Souza, presidente executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb)
Estabilidade é uma palavra desconhecida pelos brasileiros adultos. Certamente esta é a razão que fez dos profissionais desse País os maiores especialistas em gestão de crises e capacidade de adaptação do planeta. Sem exagero algum. Nunca pudemos ter um planejamento para mais de 20 anos. Não que faltasse vontade, disposição e até competência técnica por parte da iniciativa privada. Mas um projeto de país e futuro sempre foi trocado por projetos de poder e falta de continuidade de políticas públicas.
Nesse sentido, a microeconomia sempre esteve mais em evidência que a macroeconomia. A cada governo que assumia, a beleza e a hospitalidade do País eram louvadas, o Turismo era exaltado e a esperança do setor reacendia. Ministros de diversos partidos e Estados, senadores e deputados abriam as portas dos gabinetes para empresários e entidades setoriais, mas nada acontecia como esperado. É bem verdade que, sempre, a esperança é maior que a realidade. Mas no caso do nosso segmento, a desproporção entre a expectativa e o resultado sempre foi e continua abissal.
Não faltaram números. O Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), a CNC, o Sebrae e tantas outras importantes associações conduziram nos últimos anos uma série de estudos e gastaram dias, sola de sapato, telefonemas para mostrar o peso do Turismo na criação de empregos diretos e indiretos no País e seu impacto na cadeia de serviços.
Se o desemprego, a distribuição de renda, o desenvolvimento do Norte e Nordeste, a entrada de capital estrangeiro sempre foram e continuam sendo temas preocupantes nas reuniões do Planalto e nos plenários do Congresso, o Turismo – a solução mais óbvia e fácil – nunca recebia a atenção.
O Turismo sempre foi a vítima de todas as crises nacionais e internacionais nos últimos 20 anos. Do terrorismo internacional à desvalorização da moeda, sem esquecer dos problemas graves de infraestrutura até culminar na pandemia de 2020. Sem receber a atenção merecida. Talvez seja por isso que ainda se bata cabeça com soluções para melhorar índices sociais e econômicos e não se obtenham resultados. Por teimosia ou miopia.
No entanto, nunca faltou união, predisposição ao trabalho, disciplina financeira e otimismo por parte do setor. Do mensageiro do hotel até o chef renomado, passando pelo atendente do aeroporto até o diretor da operadora, todos fizeram seu sacrifício para manter nossa indústria de pé. Profissionais estrangeiros expatriados mandados para cuidar de grandes marcas no Brasil admiram a resiliência e criatividade com que lidamos com os obstáculos.
Mas os recursos estão próximos ao esgotamento. Um cenário dramático é observado sem que haja o socorro necessário por parte da gestão pública. Em recente e brilhante artigo, meu estimado amigo Alexandre Sampaio pede que deixem o Turismo em paz. Nesta mesma linha reforço a necessidade de darem paz ao nosso segmento. Paz, no sentido da estabilidade, de condições para que o trabalho siga sem altos e baixos.
Neste final de ano o que se viu foi o resumo do que vivemos. A cada dia uma notícia sobre abertura e fechamento de hotéis. Criando medo, instabilidade e prejuízos. Hóspedes e hoteleiros não sabiam como seria a temporada porque decretos municipais e estaduais brigavam com liminares na justiça. Impossível planejar em um cenário similar.
Passou da hora dos governos enxergarem as diferentes realidades setoriais. As empresas de tecnologia, assim como as empresas farmacêuticas tiveram desempenho muito além do esperado. Assim como o agronegócio. O comércio retomou suas atividades, assim como a indústria e a construção civil. Os números estão aquém do desejado, mas se vislumbra a luz no final do túnel e um caminho seguro a ser trilhado para alcançá-la.
O Turismo segue sem a direção e a segurança mínima para sua recuperação. Os números conservadores da hotelaria apontam um primeiro semestre de 2021 similar aos dados do último trimestre de 2020, ou seja, uma ocupação média em torno de 33%, contra 65% no mesmo período de 2019. Um recente estudo do Fohb aponta que a queda na receita de hospedagem de seus associados, e que dá um norte para toda a hotelaria, foi de quase 60%, em comparação ao ano anterior.
Os 17 setores que foram beneficiados pelo Governo Federal com desoneração na folha de pagamento geram aproximadamente 6,8 milhões de empregos. Por outro lado, o Turismo, responsável por 2,9 milhões de empregos, não foi contemplado com o apoio.
A nossa cadeia, que envolve hotéis, resorts, pousadas, agências de viagens, operadoras, parques temáticos, organizadores e pavilhões de eventos, começa 2021 no vermelho, sem condições de recontratar pessoal . Muito pelo contrário. A tendência é de mais demissões. A medida provisória que garantia o não reembolso imediato de reservas antecipadas está prestes a caducar. Não haverá caixa para os reembolsos e a situação, ainda nebulosa, da pandemia não encoraja os turistas a planejarem viagens tão cedo.
Desemprego e queda na arrecadação – principalmente de municípios onde o Turismo é a fonte primeira de receitas – são alguns dos mais imediatos e perversos resultados da falta de ação do poder público. Mas há outros piores. Se não houver condições do Turismo trabalhar em paz, não faltará placa de R.I.P. (descanse em paz) nas portas de muitas empresas importantes de nossa indústria."