Hotelaria no Brasil alcançará níveis pré-pandemia apenas em 2022
O cenário é mais otimista para o mercado de lazer, com expectativa de retomar o RevPAR ainda em 2021
Embora a hotelaria nacional já esteja em um processo de retomada um pouco mais acelerado, ainda há um longo caminho para que o setor recupere os níveis pré-pandemia. O cenário é mais otimista para o mercado de lazer, com expectativa de retomar o RevPAR ainda em 2021 e alcançar patamares acima de 2019 a partir de 2022. O futuro da hotelaria brasileira foi tema de um dos painéis do Expo Forum Visit SP, organizado pelo SPCVB (São Paulo Convention & Visitors Bureau), em parceria com a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo e a Abear, nesta quarta-feira (4).
Atualmente, a taxa de ocupação da hotelaria mundial é de aproximadamente 40%, em relação ao ano passado. Na China, a ocupação dos hotéis já se aproxima a patamares pré-pandemia, registrando 62% de ocupação em setembro (comparado a 63% em 2019). Esse crescimento se deve, principalmente, à confiança dos chineses em voltar a viajar.
“O exemplo da China me alimenta uma esperança de que outros países também consigam obter taxas de ocupação razoáveis. No Brasil, o número de casos e óbitos por covid-19 começou a diminuir em setembro, mesmo mês em que começamos a observar um aumento nas buscas por hotéis em diversas regiões do País”, afirmou o managing partner da HotelInvest, Pedro Cypriano.
O faturamento do Turismo tem o quinto mês de recuperação, mas segue 34,7% abaixo do nível pré-pandemia. Já a busca por hotéis no Google se aproxima dos padrões naturais, porém a recuperação dos voos segue em ritmo mais lento. Em outubro, a busca por hotéis foi 19% abaixo do mesmo período do ano passado, enquanto por voos foi 50% menor. Um dos principais motivos por essa diferença nas buscas é o aumento da demanda por destinos regionais, também presente no mercado de aluguéis por temporada, que já está mais aquecido que no início de 2020.
HOTÉIS URBANOS
Na hotelaria urbana, os estados do Nordeste e do Norte estão registrando índices de ocupação acima da média nacional, especialmente as cidades do interior. No Rio de Janeiro, por exemplo, 25% dos hotéis do interior estão com ocupação acima de 63%. Já as cidades maiores estão em patamares mais modestos de ocupação, como São Paulo e Campinas (SP). Em setembro, as capitais atingiram 20% da ocupação, enquanto as cidades do interior chegaram a 27% em razão da demanda regionalizada.Em curto prazo, as capitais estão mais propensas a seguir a curva conservadora de recuperação. A diária média já registra a queda esperada, especialmente nas capitais. Como a intensificação dos eventos é pouco provável antes do segundo semestre de 2021, a expectativa é que o setor atinja uma ocupação média de 50% no próximo ano.
“Com base no estudo que fizemos, a perspectiva é que teremos mais viagens corporativas a partir de 2021. No entanto, até o ano de 2023, dificilmente conseguiremos atingir os valores pré-crise na hotelaria de negócios. Por isso, o controle da covid-19 e o reaquecimento econômico são essenciais para decolarmos do cenário conservador”, ressaltou Cipriano.
HOTÉIS DE LAZER
O cenário da hotelaria de lazer já é mais otimista do que a da urbana. Isso porque parte da queda no consumo turístico de brasileiros no Exterior deve ser redirecionada a viagens domésticas em 2020 e 2021. Neste ano, haverá uma queda de quase 70% dos gastos de brasileiros no Exterior, o que contribui para acelerar a retomada da hotelaria doméstica.Além disso, será favorável à hotelaria brasileira a propensão à substituição de cruzeiros por resorts, que já era alta no pré-pandemia (62%) e deve se intensificar. Com isso, a recuperação total dos resorts mais provável será entre 2021 e 2022, dependendo dos destinos e do perfil de demanda.
Ainda que o cenário para a hotelaria de lazer seja mais otimista, o managing partner da HotelInvest alerta que o mercado deve se atentar a alguns pontos, como os sinais de queda de tarifa, com risco de estender a recuperação do setor; o equilíbrio operacional, que deve ser mais claro no final do ano; e o cenário conservador para os hotéis urbanos, ao menos às perspectivas de curto prazo. “É importante também a gente não fechar os olhos para o que está acontecendo fora do Brasil. A curva de segunda onde que está atingindo países da Europa e os Estados Unidos pode atingir outros mercados. É importante criar algumas reservas para eventuais problemas que possam surgir no futuro”, ressaltou Cipriano.