Turismo será um grande fator da retomada do crescimento
Hilário Pelizzer é um dos principais nomes do setor no País, com mais de meio século de experiência
A relação do professor e mestre em Turismo Hilário Angelo Pelizzer com o segmento já tem mais de 50 anos de história. E tanto tempo trabalhando nesse que é um dos principais segmentos da economia do Brasil faz o especialista acreditar que o Turismo será um grande fator na retomada do crescimento.
Isso porque, segundo ele, o setor estará “tecnicamente organizado, estruturado e pronto para somar os esforços com os demais parceiros”. No entanto, ele aponta que será preciso unificar os esforços de todas as áreas do Turismo para, enfim, recomeçar.
Mas, nesta entrevista, Pelizzer vai muito mais além da pandemia e suas consequências no mercado. Ele relembra como foi o início de sua carreira e faz uma viagem ao passado.
Confira!
Hoje, o Turismo vive um momento difícil, devido às consequências da pandemia. Quais são os caminhos para que o setor saia o quanto antes dessa crise?
A única alternativa, infelizmente, é o surgimento de uma vacina que possa colocar um fim a esta hostilidade para todos nós seres humanos. Estamos presenciando os esforçose todos os envolvidos nesta triste realidade. Estamos chegando a um limite muito perigoso, caso não possamos reorganizar nossa retomada das atividades até janeiro de 2021. Estamos baseados em hipóteses e não em fatos concretos do reinício da vida normal. O Turismo será um grande fator de retomada do crescimento, pois estará tecnicamente organizado, estruturado e pronto para somar os esforços com os demais parceiros. Agora será o momento da unificação de esforços de todos os setores do Turismo, para podermos recomeçar com novas alternativas e metodologias de base científica. Entendo que não podemos mais repetir os erros do passado recente, a pandemia está nos dando este recado a um alto custo.
Você acredita que o setor irá se recuperar em quanto tempo?
Esta é uma crise sem precedentes e sem aviso prévio. Tudo ainda é uma incógnita. Definir uma data é viver no “achometro”. Definida uma vacina segura, o Turismo se recuperará a partir do sexto mês da liberação ou da liberdade de ir e vir, sem regras ou exigências custosas para os viajantes. Entendo que cada setor terá um tipo de agilidade de entrar em operação imediata e com a carga plena – os meios de transportes, os meios de hospedagem, os cruzeiros marítimos, feiras e congressos. As evidências do momento indicam que o reinício dar-se-á em viagens curtas ou regionais, de automóvel, ônibus linhas regulares, fretamentos de vans, sem grandes aglomerações.
Em qual momento da sua vida você decidiu que o Turismo seria o seu caminho?
O Turismo surgiu de forma muito curiosa e inesperada. Eu tinha eu terminado o colegial e estava procurando um novo emprego. Residia na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo, e andando na rua vi um jato cruzando os céus e isso me aguçou – trabalhar a aviação, devido ao domínio de línguas. Cheguei em casa abri as páginas amarelas e achei a SAC-Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul – Departamento Pessoal e me indicaram vaga no Aeroporto de Congonhas para o cargo de DOV-Despachante Operacional de Voo. Fiz uma prova imensa, basicamente de física e de moedas estrangeiras, duas entrevistas. Fui aprovado e fiz uma semana de treinamento no Rio de Janeiro para atender as tarefas de DOV, viagem de avião e tudo por conta da SAC. O avião Caravelle foi o primeiro jato a operar no Brasil. De DOV fui promovido para setor de Marketing-Vendas e já no primeiro ano conquistei o primeiro lugar de vendas Brasil da Cruzeiro do Sul. Este prêmio abriu as portas para o mundo do Turismo: recebi convites para atuar na JAL, Air France, BAC, Swissair e a menor de todas – a recém criada Transbrasil. Optei pela Transbrasil com a chegada do famoso e esquecido Jatão-Colorido, que fazia dupla com o saudoso Dart-Herald.
Qual foi a sua primeira experiência nesse mercado?
Poderia dizer que foram várias experiências neste processo de atuação no mercado do Turismo. Optei por um setor que pouco ou quase nada existia de suporte aos empresários e aos funcionários do setor de Turismo, e atuar como professor das faculdades de Turismo. A Transbrasil iniciou operar com jato, saindo da singeleza do Dart-Herald. Tinha eu toda vivência e experiência de aeroporto, loja e setor de vendas. Fazia-se um pouco de tudo. Havia um presidente inigualável e único no Brasil – Omar Fontana - como “patrão”, uma convivência muito próxima devido a estrutura familiar da empresa. Tive, por outro lado, uma sadia e profícua convivência profissional com o Vice-Presidente – Osório Henrique Furlan. Tinha tino e faro de grandes negócios, era incentivador, apoiador e uma qualidade/competência ímpar, a de delegar o poder. Em certa ocasião, numa discussão de trabalho, rendeu-me, semanas depois, um livro, para acertos das arestas, sob o título “Todo Mundo é Incompetente, inclusive Você”. Foi marcante este episódio para a vida profissional.
Como você avalia a evolução do Turismo no País e os pontos que ainda precisam melhorar?
Tivemos muito avanços e muitos retrocessos em função de gestores responsáveis pelo Turismo, não serem profissionais de/do Turismo, bem como das turbulências que sempre afetam o setor. Os empresários brasileiros foram heróis na luta para ver e ter um Turismo profissionalmente competitivo e fazer jus ao que temos. A maioria dos setores que movimentam nosso segmento não possuem linhas de financiamento/crédito para a melhoria de cada setor. Tudo é feito pelo esforço e risco de cada um. Tivemos pequenos avanços com a Lei Geral do Turismo, recentemente.
A área educacional do Turismo é relativamente nova, com início por volta da década de 1970. Como foi o surgimento dessa área no Brasil?
Surgiu de pessoas sonhadoras e com visão de futuro. Não tínhamos referenciais teóricos, equipes de professores vocacionados para este setor do Turismo. A primeira década dos cursos superiores foram bastante difíceis, mas sempre com uma demanda crescente e, assim, os cursos superiores foram se expandindo pelo Brasil. O fato de termos faculdades de Turismo demonstra a seriedade que este setor representa. Entendo que o Turismo, sem uma base científica, não pode se fortalecer e cumprir seus objetivos. Hoje temos um Turismo forte e com bases teóricas fundamentadas, que podem suprir as carências do mercado. Temos as faculdades de Turismo, os cursos superiores tecnológicos, as escolas técnicas, os cursos de Guias de Turismo, os cursos de pós-graduação, os cursos de Mestrado e de Doutorado em diversos segmentos do Turismo, mantidos por diferentes universidades de renome. Destaco o pioneirismo da Universidade Anhembi Morumbi em criar o primeiro curso superior de Turismo no País e o curso de Mestrado em Hospitalidade. Tive a honra de ser um dos professores deste curso de mestrado em Hospitalidade por seis anos. Temos professores mestres e doutores em Turismo que podem assumir qualquer cargo nas esferas do governo e iniciativa privada, com muita competência e profissionalismo.
Isso porque, segundo ele, o setor estará “tecnicamente organizado, estruturado e pronto para somar os esforços com os demais parceiros”. No entanto, ele aponta que será preciso unificar os esforços de todas as áreas do Turismo para, enfim, recomeçar.
Mas, nesta entrevista, Pelizzer vai muito mais além da pandemia e suas consequências no mercado. Ele relembra como foi o início de sua carreira e faz uma viagem ao passado.
Confira!
Hoje, o Turismo vive um momento difícil, devido às consequências da pandemia. Quais são os caminhos para que o setor saia o quanto antes dessa crise?
A única alternativa, infelizmente, é o surgimento de uma vacina que possa colocar um fim a esta hostilidade para todos nós seres humanos. Estamos presenciando os esforçose todos os envolvidos nesta triste realidade. Estamos chegando a um limite muito perigoso, caso não possamos reorganizar nossa retomada das atividades até janeiro de 2021. Estamos baseados em hipóteses e não em fatos concretos do reinício da vida normal. O Turismo será um grande fator de retomada do crescimento, pois estará tecnicamente organizado, estruturado e pronto para somar os esforços com os demais parceiros. Agora será o momento da unificação de esforços de todos os setores do Turismo, para podermos recomeçar com novas alternativas e metodologias de base científica. Entendo que não podemos mais repetir os erros do passado recente, a pandemia está nos dando este recado a um alto custo.
Você acredita que o setor irá se recuperar em quanto tempo?
Esta é uma crise sem precedentes e sem aviso prévio. Tudo ainda é uma incógnita. Definir uma data é viver no “achometro”. Definida uma vacina segura, o Turismo se recuperará a partir do sexto mês da liberação ou da liberdade de ir e vir, sem regras ou exigências custosas para os viajantes. Entendo que cada setor terá um tipo de agilidade de entrar em operação imediata e com a carga plena – os meios de transportes, os meios de hospedagem, os cruzeiros marítimos, feiras e congressos. As evidências do momento indicam que o reinício dar-se-á em viagens curtas ou regionais, de automóvel, ônibus linhas regulares, fretamentos de vans, sem grandes aglomerações.
Em qual momento da sua vida você decidiu que o Turismo seria o seu caminho?
O Turismo surgiu de forma muito curiosa e inesperada. Eu tinha eu terminado o colegial e estava procurando um novo emprego. Residia na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo, e andando na rua vi um jato cruzando os céus e isso me aguçou – trabalhar a aviação, devido ao domínio de línguas. Cheguei em casa abri as páginas amarelas e achei a SAC-Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul – Departamento Pessoal e me indicaram vaga no Aeroporto de Congonhas para o cargo de DOV-Despachante Operacional de Voo. Fiz uma prova imensa, basicamente de física e de moedas estrangeiras, duas entrevistas. Fui aprovado e fiz uma semana de treinamento no Rio de Janeiro para atender as tarefas de DOV, viagem de avião e tudo por conta da SAC. O avião Caravelle foi o primeiro jato a operar no Brasil. De DOV fui promovido para setor de Marketing-Vendas e já no primeiro ano conquistei o primeiro lugar de vendas Brasil da Cruzeiro do Sul. Este prêmio abriu as portas para o mundo do Turismo: recebi convites para atuar na JAL, Air France, BAC, Swissair e a menor de todas – a recém criada Transbrasil. Optei pela Transbrasil com a chegada do famoso e esquecido Jatão-Colorido, que fazia dupla com o saudoso Dart-Herald.
Qual foi a sua primeira experiência nesse mercado?
Poderia dizer que foram várias experiências neste processo de atuação no mercado do Turismo. Optei por um setor que pouco ou quase nada existia de suporte aos empresários e aos funcionários do setor de Turismo, e atuar como professor das faculdades de Turismo. A Transbrasil iniciou operar com jato, saindo da singeleza do Dart-Herald. Tinha eu toda vivência e experiência de aeroporto, loja e setor de vendas. Fazia-se um pouco de tudo. Havia um presidente inigualável e único no Brasil – Omar Fontana - como “patrão”, uma convivência muito próxima devido a estrutura familiar da empresa. Tive, por outro lado, uma sadia e profícua convivência profissional com o Vice-Presidente – Osório Henrique Furlan. Tinha tino e faro de grandes negócios, era incentivador, apoiador e uma qualidade/competência ímpar, a de delegar o poder. Em certa ocasião, numa discussão de trabalho, rendeu-me, semanas depois, um livro, para acertos das arestas, sob o título “Todo Mundo é Incompetente, inclusive Você”. Foi marcante este episódio para a vida profissional.
Como você avalia a evolução do Turismo no País e os pontos que ainda precisam melhorar?
Tivemos muito avanços e muitos retrocessos em função de gestores responsáveis pelo Turismo, não serem profissionais de/do Turismo, bem como das turbulências que sempre afetam o setor. Os empresários brasileiros foram heróis na luta para ver e ter um Turismo profissionalmente competitivo e fazer jus ao que temos. A maioria dos setores que movimentam nosso segmento não possuem linhas de financiamento/crédito para a melhoria de cada setor. Tudo é feito pelo esforço e risco de cada um. Tivemos pequenos avanços com a Lei Geral do Turismo, recentemente.
A área educacional do Turismo é relativamente nova, com início por volta da década de 1970. Como foi o surgimento dessa área no Brasil?
Surgiu de pessoas sonhadoras e com visão de futuro. Não tínhamos referenciais teóricos, equipes de professores vocacionados para este setor do Turismo. A primeira década dos cursos superiores foram bastante difíceis, mas sempre com uma demanda crescente e, assim, os cursos superiores foram se expandindo pelo Brasil. O fato de termos faculdades de Turismo demonstra a seriedade que este setor representa. Entendo que o Turismo, sem uma base científica, não pode se fortalecer e cumprir seus objetivos. Hoje temos um Turismo forte e com bases teóricas fundamentadas, que podem suprir as carências do mercado. Temos as faculdades de Turismo, os cursos superiores tecnológicos, as escolas técnicas, os cursos de Guias de Turismo, os cursos de pós-graduação, os cursos de Mestrado e de Doutorado em diversos segmentos do Turismo, mantidos por diferentes universidades de renome. Destaco o pioneirismo da Universidade Anhembi Morumbi em criar o primeiro curso superior de Turismo no País e o curso de Mestrado em Hospitalidade. Tive a honra de ser um dos professores deste curso de mestrado em Hospitalidade por seis anos. Temos professores mestres e doutores em Turismo que podem assumir qualquer cargo nas esferas do governo e iniciativa privada, com muita competência e profissionalismo.