Luppa faz balanço, homenagens e diz que não sai do Turismo
Luís Paulo Luppa, da Trend, se despede da CVC Corp e fala de planos, passado e da transição em entrevista ao Portal PANROTAS
Acompanhamos de perto a chegada e o crescimento do Vendedor Pit Bull na indústria de Viagens e Turismo e sabemos que apesar de ser uma semana de despedida (ele deixa a direção da Trend, uma empresa CVC Corp, na próxima sexta-feira), não será uma saída desse setor que ele aprendeu a respeitar e amar e onde teve grandes ideias, especialmente na distribuição de hotéis por meio dos agentes de viagens.
Aliás, Luppa foi um dos grandes incentivadores desse profissional, e o estimulou, capacitou e alavancou o quanto pôde. É dele também o mérito de profissionalizar a Trend Operadora, transformada em Grupo Trend, valorizando o legado dos seus fundadores, Washington Pretti, falecido na semana passada, e José Anjos, e a preparando para integrar o maior grupo de Viagens da América Latina.
O ano era 2009, e Luppa, então um reconhecido palestrante internacional , especialista em vendas e comum best seller de respeito com mais de dois milhões de exemplares vendidos, O Vendedor Pit Bull, realizou uma consultoria que resultou em convite para presidir a Trend. Ingressar no Turismo de vez.
Com passagens em grandes empresas durante seus 17 anos como executivo, Luppa diz que foi “enfeitiçado pelo saudoso Washington Pretti e pelo astuto José dos Anjos” a comandar a Trend. O desafio começou em 4 de janeiro de 2010, como presidente e acionista e com “carta branca para conduzir a Trend a outro patamar”.
Transformar negócios é uma das especialidades de Luppa, mas o Turismo só conhecia isso de ouvir falar. Era a hora da prática. De ver as cartas na manga do Vendedor Pit Bull para áreas como Vendas, Gente e Gestão.
O GRUPO TREND
Nove anos se passaram depois, o Grupo Trend chegou a um total de cinco empresas, sendo duas nos Estados Unidos, saiu de 237 funcionários para 945 colaboradores, de uma sede ocupando quatro andares em um prédio antigo na rua 7 de Abril para um de nove andares na Barra Funda, de uma empresa de dois produtos para um mix completo de uma operadora de porte, de nacional para global e de um resultado de vendas de R$ 245 milhões para R$ 1,5 bilhão.Primeiro executivo sul-americano a fazer parte do WTTC, premiado, polêmico e reconhecido no Turismo e fora dele, Luppa sai antes do fim de seu contrato com a CVC Corp, vendeu os 10% que tinha ao grupo e, com tantas realizações e, por que não, capitalizado, a pergunta é, o que vai fazer agora?
Luppa será substituído na direção da Trend pelo executivo Maurício Favoretto. Segundo ele, a diretoria continuará a mesma, com exceção do diretor de Vendas, Mario Antonio, que deixa a empresa no final do mês.
Nessa entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS o Pit Bull fala do passado, da transição e do que vem por aí.
PORTAL PANROTAS — O sentimento é de realização ou faltava fazer mais?
LUIS PAULO LUPPA — Posso dizer que sou uma pessoa feliz, íntegra, com muitos amigos e que faz bem feito aquilo que precisa ser feito.
PP — Como está sendo a triste coincidência da despedida da Trend com a perda do Washington?
LUPPA — “Washitinho”, como eu o chamava, foi muito importante em minha vida e ele influenciou positivamente muitas pessoas e gerações, ele sempre será único, uma perda irreparável. A Trend é um case de enorme sucesso e um grande caso de amor.
PP — Seus planos profissionais incluem o Turismo?
LUPPA — Nada é mais gratificante do que em menos de uma semana ser abordado por empresas nacionais e principalmente internacionais para discutir oportunidades e projetos. O Turismo é fascinante, aqui me sinto em casa e me considero com uma visão privilegiada por tudo que vivi e aprendi, seja de tendências de mercado, a aplicações tecnológicas e claro, aceleração de vendas, esse é o meu negócio, transformar negócios. Continuo com conselheiro da Trend, mas com certeza não deixarei o Turismo.
PP — Você tinha contrato até 2021, por que houve a antecipação do fim do mesmo e a venda de sua participação na empresa?
LUPPA — É muito difícil um empresário ficar sentado em uma cadeira de executivo. A única chance é na transição mesmo e entendemos que a transição estava consolidada.
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PP — Teve uma grande decepção nesses nove anos?
LUPPA — Ver que apesar da importância do Turismo, o governo ainda não percebeu que o nosso País foi desenhado para ser uma potência nessa área. É só ter uma gestão eficiente e colher os frutos. Aliás sempre cobrei isso em entrevistas a você mesmo, Artur, que o Ministério do Turismo tivesse gestão, tivesse um vendedor à frente.
PP — Dá para citar apenas uma grande alegria?
LUPPA — A consolidação do lazer da Trend, pois durante esses anos inovamos demais. Me recordo quando abrimos o departamento de estatística, muitos me criticaram e diziam, ele não é do ramo. Aliás uma frase que ouvi muito. E não apenas eu mas vários já mostraram que o Turismo não pode se fechar e tem tudo para beneficiar e se beneficiar de outras indústrias, seja com as pessoas e suas experiências e visões, seja com processos e tecnologia. Quando disse que nunca faríamos fretamentos, um operador me ligou e disse: Luppa esse é o básico no Lazer, sem isso não vai...
Implantamos a área de conectividade, de inteligência de mercado para prever períodos críticos e trabalhar o RM na hotelaria, diziam ele é um louco. Porém tudo isso deu muito certo e muitos nos copiaram. O mesmo vale para os agentes de viagens, que muitos disseram que iriam acabar e a Trend sempre os incentivou e investiu em ferramentas e eventos para capacitá-los e fazê-los mais competitivos e alinhados com o novo momento do mundo.
PP — Pode citar pessoas marcantes nesses nove anos de Turismo?
LUPPA — Luis Ferrinho, da Omnibees, um gênio. Marcelo Sanovicz, da Rextur Advance, um verdadeiro lorde. Emanuel, criador do nosso primeiro sistema on-line. Daniel Santos, um empreendedor. Leonardo Ortega, um controller diferenciado. Mario Antonio, nosso diretor de Vendas — ninguém conhece os clientes como ele. Guillermo Alcorta, da PANROTAS, um embaixador do Turismo. Valter Patriani, além de excelente vendedor, um cara muito legal. Luiz Fogaça, futuro CEO da CVC Corp, por sua integridade e inteligência de sobra. Eduardo Vasconcellos (Duda), da Kontik, um cara sério e competente. Fernando Slomp, da Avipam, um exemplo de empresário. Natália Abreu, da Casablanca, uma guerreira de grande personalidade. Tomás Ramos, da BHG, um craque da hotelaria. Agradeço a cada um deles pela convivência, ensinamentos, bons momentos juntos.
PP — Qual seu maior orgulho?
LUPPA — Mais do que o legado que fica, meu principal orgulho é ter sido reconhecido pelos agentes de viagens como alguém que em todos os momentos sempre defendeu a classe e sempre disse em alto e bom som: “os agentes de viagens são a mola propulsora do turismo nacional”, algo em que acredito firmemente.
PP — Qual seria uma mensagem de despedida?
LUPPA — Sabe Artur, certa vez cheguei na Trend e recebi na minha mesa um exemplar da revista PANROTAS com a minha foto na capa e o título: O Provocador. Você acertou na mosca mais uma vez, é isso mesmo, provocar pessoas para se tornarem melhores, provocar processos, para que sejam mais fluidos, provocar o concorrente para que o mercado fique mais agressivo e provocar a vida para que sejamos mais felizes.
Um ótimo Natal a todos e um 2019 com muita paz e nós juntos de novo.