Beatrice Teizen   |   10/11/2020 10:35

Europa pode enfrentar queda de 61% nas chegadas internacionais

Aumento de casos de covid-19 e reintrodução de restrições de viagens interromperam recuperação do Turismo

Um novo aumento de casos de covid-19 e a reintrodução de restrições de viagens interromperam a recuperação do Turismo europeu, com as chegadas de turistas internacionais na Europa caindo 68% na metade do ano em relação a 2019. Os dados são do último relatório da Comissão Europeia de Viagens (ETC).

Divulgação
Com nova onda de casos de covid-19, chegadas de turistas internacionais na Europa caíram 68% na metade do ano em relação a 2019
Com nova onda de casos de covid-19, chegadas de turistas internacionais na Europa caíram 68% na metade do ano em relação a 2019
O abrandamento das restrições à pandemia em toda a Europa levou a uma ligeira recuperação em julho e agosto, em comparação com os meses anteriores, sinalizando a confiança das pessoas e o desejo de viajar novamente. No entanto, a recente reimposição de bloqueios e restrições de viagens interrompeu rapidamente qualquer chance de uma recuperação rápida. Nos próximos meses, o aumento da incerteza e os riscos de baixa continuam a prejudicar as perspectivas, com as chegadas europeias definidas para diminuir 61% (quase 1 bilhão) neste ano.

“À medida que a segunda onda da pandemia atinge a Europa e antes da temporada de inverno, agora é mais importante do que nunca que as nações europeias unam forças para chegar a um acordo em soluções comuns, não apenas para conter a propagação do vírus, mas também para apoiar a recuperação sustentável do Turismo, restaurar a confiança dos viajantes e proteger os negócios, empregos e empresas que estão em risco. A recuperação econômica no continente dependerá significativamente da retomada do setor do Turismo, que gera cerca de 10% do PIB da UE e é responsável por mais de 22 milhões de empregos”, diz o diretor executivo da ETC, Eduardo Santander.

DESTINOS AO SUL E ILHAS MAIS AFETADOS
Os destinos do Mediterrâneo, Chipre e Montenegro viram as quedas mais acentuadas nas chegadas, de 85% e 84%, respectivamente, atribuíveis a uma maior dependência de viajantes estrangeiros. Entre os outros países mais afetados estão a Romênia, onde as chegadas despencaram 80%, Turquia, com -77% e Portugal e Sérvia, ambos com uma queda de 74%. Já os insulares Islândia e Malta registraram uma diminuição de 71%, principalmente por conta da localização geográfica e restrições de fronteira mais rigorosas.

Por outro lado, a Áustria parece ter se beneficiado das viagens de inverno anteriores à covid-19 no início do ano, resultando em um declínio de apenas 44% no ano até setembro. Uma maior dependência de viagens de curta distância também colocou o país em uma posição forte para obter uma recuperação menos volátil, visto que as restrições diminuíram muito mais rapidamente do que em outras regiões.

Isso destaca ainda mais a necessidade de cooperação dos estados membros em toda a Europa, visto que a disparidade de abordagens em relação às restrições de viagens diminuiu a demanda e a confiança do viajante. Soluções harmonizadas para teste e rastreamento, juntamente com medidas de quarentena, serão cruciais para mitigar os riscos negativos em todo o continente.

PERSPECTIVAS
A importância das viagens domésticas e intra-europeias não pode ser subestimada em termos do papel que irá desempenhar na recuperação do Turismo nos próximos meses. As últimas atualizações preveem uma recuperação mais rápida para viagens domésticas na Europa, superando os níveis de 2019 em 2022. As chegadas de curta distância também devem se recuperar mais rapidamente em 2023, sendo ajudadas por uma flexibilização mais rápida das restrições de viagens e um menor risco percebido em comparação com deslocamentos de longa distância. O volume geral de viagens agora está projetado para retornar aos níveis pré-pandêmicos apenas em 2024.

A pandemia também está afetando as opções de destino em determinados países europeus. A temporada de verão tem apresentado um aumento significativo de quem busca viajar para localidades rurais e litorâneas, claramente devido à preocupação com as visitas a localidades urbanas populosas, onde é mais difícil praticar o distanciamento social.

Essa mudança nas preferências de viagem pode, em última análise, mitigar a questão do excesso de turistas e permitir que os destinos aumentem a demanda por Turismo sustentável. O aumento do interesse por viagens para destinos secundários aliviará alguns pontos turísticos populares que antes lutavam para lidar com a demanda excessiva de viagens e ajudará a espalhar os benefícios econômicos do setor de maneira mais uniforme nos países.

O relatório “Turismo Europeu: Tendências e Perspectivas" completo da Comissão Europeia de Viagens (ETC) pode ser baixado neste link.

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