VP da Disney conta estratégia para fazer brasileiros ficarem mais noites nos parques
Jeff van Langeveld esteve no Brasil para a D23 e falou à PANROTAS
O vice-presidente de Vendas e Marketing da Disney Destinations, Jeff van Langeveld, foi um dos executivos da Disney Destinations que estiveram em São Paulo para a primeira edição da D23 Brasil, realizada no último final de semana. O chairman da Disney Experiences, Josh D’Amaro, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, e o vice-presidente da Walt Disney Imagineering para o portfólio de Walt Disney World, Michael Hundgen, também estiveram na D23 Brasil, que não poupou esforços e recursos para trazer estrelas de filmes e séries, como Rami Malek, David Harbour, Charlie Cox e Anthony Mackie, o novo Capitão América.
O trade turístico esteve presente no sábado, 9/11, de manhã, tendo sido recepcionado por personagens Disney, liderados por Mickey, além de Josh, Jeff, Cinthia Douglas, diretora de Vendas e Marketing para a América Latina da Disney Destinations, e sua equipe de Vendas, com Alejandro Flores, diretor regional, e Alexander Haim, gerente de Vendas Brasil, à frente.
Além da entrevista exclusiva com Josh D’Amaro, a PANROTAS também conversou com Jeff van Langeveld sobre as novidades e investimentos da Disney em seus parques e navios nos próximos anos.
PANROTAS – Podemos começar com a primeira D23 no Brasil. Que impacto esse evento tem para parques e navios da Disney?
JEFF VAN LANGEVELD – Estamos muito entusiasmados com a D23 e por ser a primeira vez no Brasil. Os comentários que ouvi do nosso chaiman, Josh D’Amaro, que também está aqui conosco, dizendo como isso abriu seus olhos para o mercado brasileiro. Já dizemos isso há muito tempo. Tipo, o povo brasileiro é um dos fãs mais apaixonados da Disney que existem. Mas acho que até você vir aqui e realmente ver, você vivenciar... Do meu motorista de táxi, às pessoas dos hotéis, qualquer um que visse nossas camisas fazia comentários sobre isso. É que há claramente uma paixão e um amor pela Disney aqui. Quanto aos parques, essa é a nossa forma de trazer um pouquinho, só um gostinho dos parques. Mas é claro que queremos que eles fiquem entusiasmados e a partir daí venham nos visitar no Walt Disney World.
PANROTAS – Inclusive o Josh foi tratado como uma celebridade pelos fãs, que o reconheceram e pediram fotos...
VAN LANGEVELD – Sim, bem, tive a oportunidade de caminhar com Josh no evento. E eu estava tentando contar a ele coisas sobre o estande e sobre o mercado. E é como se a cada 10 ou 15 segundos alguém o agarrasse e perguntassse: podemos tirar uma foto? Mas você pôde ver novamente a paixão e o amor pela Disney e o quanto eles sabem sobre a empresa e sobre a marca.
PANROTAS – Estávamos conversando com o Josh mais cedo, ele falou sobre essa expansão, a maior expansão, o melhor momento para a Disney. Como está essa expansão, como vocês, em Vendas e Marketing, se preparam para esse crescimento?
VAN LANGEVELD – Do ponto de vista de Vendas e Marketing, não tem nada melhor né, do que uma empresa que vai investir na gente. Novas terras, novos navios. Eu estava na D23, em Anaheim, quando muitos dos projetos foram anunciados. Foi simplesmente incrível. E é que há tantas coisas que estão por vir, tantas coisas que estão planejadas e o nível de investimento de quase US$ 60 bilhões planejado para esse segmento. Há muitas atrações, muitas ofertas de entretenimento que chegarão a todos os parques, mas principalmente ao Walt Disney World e na Disney Cruise Line. Então, do ponto de vista da preparação, ainda estamos aprendendo mais sobre o que vem por aí. Trabalhamos em estreita colaboração com a equipe de Marketing para determinar o momento certo, as mensagens certas, a cadência de nossas mensagens. Estamos muito animados e mal podemos esperar para começar a comercializar isso e trazer hóspedes do Brasil e de outras partes do mundo para poderem vivenciar todas as novidades da expansão nos parqus.
PANROTAS – Como o mercado brasileiro está respondendo após a pandemia?
VAN LANGEVELD – O Brasil voltou muito forte. Muitos dos mercados lutaram em 2020 e 2021. Começamos a ver o fuxo voltar em 2022, mas 2023 e depois 2024 só vemos crescimento ano após ano. Então, me sinto muito, muito bem com a situação. Posso dizer que em Orlando, o Brasil está sempre em nossos principais mercados. Reino Unido e Canadá são os dois primeiros e o Brasil vem logo em seguida.
PANROTAS – E o perfil dos visitantes brasileiros mudou?
VAN LANGEVELD – Não mudou muito. Ainda vemos que a maioria fica sim em hotéis econômicos. Alguns ficam dentro do complexo, outros fora. O mix não mudou muito, incluindo de quantidades de noite. Mas a gente está reforçando a mensagem para os brasileiros ficarem no mínimo quatro noites, para aproveitarem todos os parques e seus benefícios. Quero dizer, se eles ficarem quatro dias ou mais, você pode ver o impacto positivo na experiência do hóspede porque eles podem levar mais tempo, podem ver todos os quatro parques e ir ao Disney Springs e talvez a um dos parques aquáticos também. Então, acho que quanto mais tempo eles ficarem, melhor será a experiência.
Para isso temos o ingresso de quatro dias, quatro parques, feito para o mercado internacional e vendido aqui no Brasil.
PANROTAS – Como foi a implementação das novidades da Lightning Lane? Como escolher a melhor opção?
VAN LANGEVELD – Isso é um equilíbrio, obviamente, porque você tem um número significativo de convidados nos parques. Então, há várias maneiras de planejar seu dia. Tudo depende muito de como você quer ficar, quanto tempo você vai ficar, o que você quer obter dessa experiência. Mas, no geral, a resposta tem sido muito positiva.
PANROTAS – A busca por experiências premium tem crescido nos parques e resorts Disney?
VAN LANGEVELD – Nós definitivamente temos um nicho para experiências premium. E você verá isso por todos os parques e produtos. Há uma série de experiências, que podem ser vivenciadas de forma exclusiva, seja nos parques, nos cruzeiros ou nas Aventuras by Disney. Acho que todas essas são experiências que atraem consumidores de vários tipos. É um consumidor semelhante, mas com base em como eles querem experimentar e seus orçamentos e quanto tempo eles têm que ficar e todas essas coisas, terão experiências distintas. Então sim, definitivamente há demanda por experiências premium e estamos tentando segmentar a experiência para que possamos fornecer aos hóspedes o que eles querem e para o máximo de pessoas possível.
PANROTAS – Disney Cruise Line anunciou planos para chegar a 13 navios até 2031. Quais os planos da Disney para a DCL?
VAN LANGEVELD – Sim, para a DCL, você está certo, estaremos com 13 navios. Atualmente, temos cinco navios e o sexto, o Disney Treasure está chegando, agora em dezembro.
E então teremos o Disney Destiny, que chega no ano que vem. Temos o Disney Adventure em Singapura, um que foi anunciado que irá para o Japão, e então alguns outros navios que estão chegando depois disso. Então, o crescimento da frota está muito associado ao crescimento, à demanda e ao interesse em navegar em um cruzeiro Disney. Então, para nós, é ótimo. Isso é maravilhoso para nossas equipes internacionais. Nossos itinerários incluem a Europa no Mediterrâneo, no Báltico, vamos para o Alasca, para o México, e para os EUA e Caribe e Bahamas, assim como agora Ásia. Temos o Disney Wonder que passa parte do ano na Austrália e agora no Japão. Então você pode ver como a frota que estava em talvez dois ou três países há apenas alguns anos agora é verdadeiramente global...
PANROTAS – A última fronteira é a América do Sul?
VAN LANGEVELD – Sim. Quem sabe? Você sabe como me sinto sobre isso. Nós amamos o mercado latino-americano e amamos a Disney Cruise Lines e nossos hóspedes dão algumas das maiores avaliações de experiência a bordo. Acho que termos o Josh (D’Amaro) aqui e outros vindo para ver este mercado de perto, espero que apenas reforcemos isso, o quanto acreditamos no mercado e sabemos que há tantas oportunidades aqui.
PANROTAS – A venda de DCL também está aumentando dentre as operadoras? Qual a estratégia?
ALEXANDER HAIM – Temos uma estratégia para aumentar a cada dia nossa distribuição no Brasil. Já há um ano a Qualitours, do grupo BeFly, vende Disney Cruise Line e recentemente fizemos um evento de lançamento. Também estamos ampliando a venda via Krooze, e por isso na semana passada houve o anúncio de que a Agaxtur estaria vendendo DCL. Através da Krooze, que tem nossa disponibilidade no sistema. Então, precisamos expandir nossa distribuição e estar mais presentes para facilitar a vida dos agentes de viagens. Não apenas em termos de como vender, mas também em termos de treinamento.
VAN LANGEVELD – Para a América Latina em geral, o foco é continuar a expandir os mercados para o Walt Disney World e a Disney Cruise Line, bem como a Disneyland, na Califórnia. Quer dizer, certos mercados variam, mas, em geral, é uma região de crescimento para nós, e continuamos a investir do ponto de vista de vendas de marketing. Eu havia mencionado anteriormente que temos Alexander agora, que se juntou à nossa equipe e que ficará baseado no Brasil. Achamos importante estar mais perto dos nossos clientes, mais perto dos consumidores, mais perto do mercado em geral. Então, acho que esses são todos os esforços que fazemos. Alejandro (Flores) está baseado na Cidade do México e também é responsável por outros mercados na América Latina. Temos Julieta, que está na Argentina. Então, estamos tentando estar mais perto do consumidor e do mercado como parte do nosso plano de crescimento aqui.
PANROTAS – Falamos muito de Orlando, já que WDW é a que recebe mais brasileiros. Mas você vê crescimento também de brasileiros em outros parques, como Disneyland, em Anaheim? Ainda mais agora que temos voo direto de São Paulo para Los Angeles, com a Latam.
VAN LANGEVELD – Cada parque tem uma experiência diferente e vemos sim a presença do brasileiro crescendo, por exemplo em Anaheim e em Paris. Em volumes bem menores que em Orlando ou Disney Cruise Line, claro, mas vemos crescimento.
PANROTAS – Com tanta oferta em Orlando, como garantir que o brasileiro continue sendo atraído para a Disney e para os quatro parques de WDW, como você mencionou no começo?
VAN LANGEVELD – Acho que há algumas maneiras de fazermos isso, uma delas é que temos produtos como o ingresso de quatro dias, quatro parques, que mencionei. Queremos que eles tenham esse ingresso em mãos porque é muito mais provável que venham e realmente o usem pelos dias e planejem dessa forma. A outra é todas as coisas que temos dito sobre o investimento. Enquanto continuarmos a investir (são US$ 60 bilhões nos parques nos próximos anos), e temos falado muito sobre o futuro, sempre penso em quantas novidades surgiram, mesmo nos últimos cinco anos. Se você é uma família brasileira e não foi ao Walt Disney World nos últimos cinco anos, tem Tron, tem Remy, tem Journey of Water, tem Guardiões da Galáxia, tem tantas atrações novas que talvez os brasileiros nunca tenham experimentado ainda. Então, acho que é continuar investindo na experiência e garantir que seja a melhor experiência possível e, então, encorajar e educar sobre a necessidade de ficar mais tempo para uma experiência melhor e, então, tentar fornecer incentivos quando pudermos, como as promoções.