Da adrenalina à conscientização: entenda a nova fase do Sea World
Mais montanhas-russas e atrações radicais, com direito a recordes, e menos shows com animais, incluindo o fim do espetáculo das orcas: a nova era do Sea World
ORLANDO - Oferecer atrações radicais para todos os tamanhos, idades e tipos de gostos. Esta tem sido nova diretriz do Sea World nos últimos anos.
O parque de Orlando, historicamente conhecido por seu foco na vida animal dentro dos mares e shows de alguns de seus exemplares mais populares – isso desde golfinhos e leões marinhos até as orcas, como a famosa Shamu -, deixou faz algum tempo de desenvolver novas apresentações envolvendo as criaturas marinhas. A mudança de rumo fez, enfim, com que um novo desejo levasse os visitantes ao parque: a adrenalina.
São muitos os exemplos dessa nova fase. A Manta, montanha-russa inspirada nas arraias e aberta em 2009, foi responsável por dar a largada na mudança de ares do Sea World. Marcado pela inovação, o brinquedo leva o visitante basicamente deitado, com o corpo inteiro voltado para o chão, o que proporciona uma visão completamente inusitada, já que a sensação é que de fato você se sobrevoa o parque.
A sequência veio com a Mako, em 2016. Dessa vez inspirada em tubarões, a hypercoaster foi lançada com direito a três recordes invejáveis, se considerar que fica na capital dos parques temáticos: é a montanha-russa mais alta, mais veloz e mais longa de Orlando, com 61 metros de altura, 118 quilômetros por hora de velocidade em seu ápice, e extensão de 1.451 metros. Não é qualquer coisa, e não é à toa que seu lançamento colocou de vez o parque na mira dos fanáticos por adrenalina que vão à cidade da Flórida.
E mais um passo nesse sentido foi dado na última semana, com a abertura do Infinity Falls. A atração conta com pouco mais de cinco minutos de corredeiras rápidas que cruzam o parque, antes de chegar à maior queda do mundo neste tipo de atração – são 12 metros de descida em uma espécie de cachoeira.
Para até oito pessoas dentro de um bote, a atração permite levar a adrenalina a grupos maiores, seja de amigos ou famílias, e até para um novo público, já que pequenas crianças, limitadas pela altura mínima de outras atrações radicais do local, são permitidas.
Essas três se somaram às já existentes Atlantis, descida de barco em uma cachoeira, e Kraken, montanha-russa inaugurada em 2000, atrações radicais mais antigas do Sea World Orlando.
SHOWS X CONSCIENTIZAÇÃO
Os animais marinhos não foram, porém, esquecidos pelo Sea World. Os shows mais clássicos (e controversos) do parque, como o da Shamu e o dos golfinhos, seguem acontecendo nos parques do grupo, e a área de pinguins continua a mostra, em ambiente com temperatura de zero graus.Mas uma mudança foi observada quando se pensa em novos espaços dedicados a eles. Sim, as apresentações mais tradicionais continuaram, mas nenhum novo show surgiu nos últimos anos no parque. Isso porque o foco mudou: de demonstrações espetaculares dos animais para o público, o investimento passou a ser em espaços que focam na conscientização e preservação da vida marinha.
O primeiro passo para essa virada de jogo aconteceu em 2016. No início daquele ano, o Sea World decretou o encerramento da reprodução de orcas em cativeiro em seus parques. Alguns meses mais tarde, o então diretor executivo do Sea World Entertainment, Joel Manby, determinou ainda que as baleias não iriam mais “posar, dançar ou se beijar” em qualquer apresentação.
“Pense no Discovery Chanel, pense no Nat Geo, pense em um documentário realmente bom sobre a natureza que é educacional, mas fascinante. É divertido porque é fascinante, não porque eles estão pulando cinco vezes ao som de uma bela música”, explicou Manby na época – ele saiu do cargo de diretor executivo do grupo no início deste ano, após uma sequência de maus resultados.
A troca disso por shows mais educacionais e com foco na natureza do animal, como em ações que fazem em seu habital natural, foi também uma forma de resposta devido à perda de público com o lançamento do documentário Blackfish, que na época denunciou maus tratos às baleias do complexo e na indústria de entretenimento como um todo.
ISSO TEM DADO CERTO?
Se os números positivos forem a resposta, então sim. Só no acumulado deste ano até o final de setembro, já eram 1,4 milhão de turistas a mais que no mesmo período do ano passado, alta de 9% – lembrando que os números tratam-se de todos os parques do Sea World, e não apenas do seu principal empreendimento de Orlando.Já a receita total dos nove primeiros meses do ano ficou US$ 90 milhões acima do mesmo período de 2017, aumento também de 9% no comparativo. É um indício de recuperação, já que de 2014 até o ano passado o grupo enfrentou quedas em sequência de lucro.
O que se sabe, enfim, é que mudanças foram realizadas no parque nos últimos anos diante deste cenário, com a aposta em atrações que visam a conscientização e lado educacional das espécies marítimas. E o movimento deve continuar, já que com o fim de reprodução de orcas deve levar, após um bom número de anos, ao final do show das baleias do parque – os de leões marinhos e golfinhos devem ser mantidos.
Enquanto isso a adrenalina roubou a cena, ao menos no empreendimento de Orlando. E se depender dos bons números de 2018, os anos de queda do Sea World ficaram para trás.
O Portal PANROTAS viajou a convite do Sea World Parks