Marcos Martins   |   10/01/2019 09:00

Como a aviação global sofrerá com as mudanças climáticas

Companhias aéreas terão desafios com as mudanças no clima do planeta, que já têm provocado problemas nas operações de voos

Reprodução/ Instagram/ Ianservin
Mais de 1,5 mil voos foram cancelados no início de 2018, nos Estados Unidos, por causa de uma tempestade de neve
Mais de 1,5 mil voos foram cancelados no início de 2018, nos Estados Unidos, por causa de uma tempestade de neve
As mudanças de temperatura, nível do mar e precipitações (chuva e neve) são alguns elementos da natureza que deverão afetar, cada vez mais, a aviação nos próximos anos. De acordo com a Centre for Aviation (Capa), estão em jogo o desempenho, infraestrutura e padrões de demanda das aeronaves.

Além disso, há riscos de pontualidade, turbulências e possíveis cancelamentos de voos, prejudicando o rendimento das empresas. Para evitar problemas significativos, será necessário um planejamento rápido das companhias aéreas globais.

Segundo pesquisa da Eurocontrol, organização europeia de segurança na aviação, 86% dos entrevistados do mercado local consideram que as ações para reduzir os impactos da mudança climática podem ser necessárias agora ou no futuro. No entanto, quase a metade (48%) ainda não começou a planejar algum tipo de adaptação.

ALTAS TEMPERATURAS

De maneira geral, a Europa sofre com um aquecimento climático a uma taxa mais rápida que a média global. A previsão é que algumas partes do continente sofram aumentos de 4ºC a 5ºC na temperatura até o final do século, com expectativa mínima de pelo menos 2ºC de alta, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC).

Além dos aumentos médios, a mudança climática está levando a um maior intervalo de temperaturas extremas, que têm impacto no desempenho das aeronaves, por exemplo, reduzindo a elevação. A carga útil e o alcance dos aviões também serão afetados, além da infraestrutura dos aeroportos, incluindo danos por calor nas pistas.

CHUVA, NEVE E VENTOS

Ainda sobre o continente europeu, devem ocorrer menos chuvas no Sul e mais no Norte sendo que, globalmente, haverá mais precipitação forte tanto de chuva quanto de neve. Esses padrões elevados deverão gerar atrasos e cancelamentos de voos, além de possíveis ocorrências de inundação de aeroportos, em cenários extremos, complicando o acesso.

Ainda há muita incerteza no tipo de tempestades, mas a frequência deve aumentar, particularmente no outono e inverno no Atlântico Norte e centro da Europa. No Mediterrâneo, é possível que tenha menos ciclones tropicais, mas a intensidade destes deve aumentar.

Outro elemento preocupante é a intensidade dos ventos, que são capazes de gerar turbulências mais frequentes e fortes. Vale lembrar que a prevenção desses impactos, incluindo a realocação de aeroportos, mudanças de cronograma e desenvolvimento de terminais secundários, significará aumento de custos.

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