Rodrigo Vieira   |   11/01/2021 12:59

Novas regras atrapalham evolução da aviação latina, dizem entidades

Associações de companhias aéreas e aeroportos da região, como a Alta e a Iata, demonstram preocupação


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José Ricardo Botelho, CEO da Alta
José Ricardo Botelho, CEO da Alta
Novas regras de viagens na América Latina preocupam a aviação local. A Alta, Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo, a Iata e entidades parceiras expressam preocupação e acreditam que medidas como quarentenas obrigatórias, apresentação de testes e falta de padronização em normas e protocolos enfraquecem o ritmo de uma retomada que vem acontecendo e toma ainda mais corpo conforme as notícias sobre vacinação em vários países são difundidas.

Segundo as associações, a implementação de quarentenas anula a demanda por viagens e aumenta o número de empregos em risco. O grupo pede um trabalho estreito e bem articulado entre poder público e indústria, o que considera "essencial" para dar confiança aos passageiros e manter uma operação segura e eficiente em conformidade com os regulamentos.

As entidades reforçam que, desde que a covid-19 foi decretada pandemia, o setor de aviação civil tem apoiado e acompanhado os Estados em seus esforços para evitar a disseminação da doença, implementando rigorosos protocolos de biossegurança em todas as etapas da viagem, motivo pelo qual 2021 começou como um ano promissor para o setor.

"Entretanto, por mais que haja um sistema de rastreamento, observamos uma nova imposição de
medidas que estavam suspensas, como quarentenas, além da exigência de testes, bem como novas proibições de voos para determinados destinos. Tudo isso supõe um retrocesso nos esforços de recuperação de inúmeros
setores da economia, como Viagens e Turismo, entre outros", alerta o CEO da Alta, José Ricardo Botelho.

MEDIDAS EQUILIBRADAS E PADRONIZADAS
"É neste sentido que o Conselho Internacional de Aeroportos da América Latina e do Caribe (ACI-LAC), a Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA), a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e a Organização de Serviços de Navegação Aérea Civil (CANSO) expressam profunda preocupação com as medidas e restrições prematuras que afetam as viagens aéreas na região da América Latina e do Caribe e reitera o apelo aos governos para que trabalhem em conjunto na adoção de medidas equilibradas e padronizadas com base na avaliação de riscos e custos de oportunidades para a população, diretamente prejudicada pelas restrições que afetam milhões de empregos nos países."

AEROPORTOS
Em novembro de 2020, os aeroportos da região somaram 45% do total de passageiros em relação a novembro de 2019. "Tem havido um esforço conjunto para reconquistar a confiança dos passageiros e proporcionar uma experiência de viagem totalmente segura. Os aeroportos têm sido muito rigorosos na implementação de protocolos sanitários", garante o diretor geral da ACI-LAC, Rafael Echevarne. "Além disso, a aplicação de pré-testes ao invés de quarentenas tem se mostrado uma alternativa altamente eficaz, gerando confiança nos viajantes e contribuindo para a reativação do setor de Viagens e Turismo. Com a chegada dos meses de verão no Cone Sul da região, esperávamos uma recuperação mais acelerada, porém a imposição de novas medidas e restrições reduzirá os incentivos às viagens."

COMPANHIAS AÉREAS
“Entre janeiro e novembro de 2020, as companhias aéreas que operam na região transportaram cerca de 40% do total de passageiros transportados no mesmo período de 2019. Novembro foi um marco, com cerca de 16 milhões
de passageiros na região (45% do total de novembro de 2019) graças à reativação de praticamente todos os países da região. Isso mostra que há interesse e necessidade em viajar, portanto, não podemos voltar ao
fechamento de fronteiras ou impor novamente obstáculos aos passageiros", afirma o CEO da Alta, José Ricardo Botelho. "Reiteramos a nossa vontade de trabalhar com os governos na implementação de mecanismos eficazes e sustentáveis que garantam a saúde dos passageiros e cidadãos, enquanto recuperamos a conectividade e este
importante setor econômico”, conclui.


Antonio Maciel
Peter Cerda, vice-presidente da Iata para América Latina
Peter Cerda, vice-presidente da Iata para América Latina

Quem também se manifestou foi o vice-presidente regional da IATA para as Américas, Peter Cerdá, que vai ao encontro dos outros líderes regionais e faz um apelo aos governos para que apliquem as normas internacionais para a detecção da covid-19. "Não podemos agir novamente como no início da pandemia, fechando fronteiras ou aplicando quarentenas quando até a própria Organização Mundial de Saúde ressalta que o vírus não é controlado desta forma. É impossível reduzir a exposição a zero, mas existem estratégias imediatas de gestão de riscos.", afirma Cerdá. "Como indústria, estabelecemos protocolos que garantem a segurança nas viagens, nossa prioridade. Por isso, devemos administrar a forma como vivemos com o vírus, sem colocar em risco milhões de empregos, sem paralisar as economias que dependem da aviação, porque não há outras alternativas de transporte rápido, seguro e confiável. O transporte aéreo é fundamental para a conectividade dos países, ainda mais quando a logística das vacinas exige ligações eficientes para garantir as entregas”, conclui.

PADRÃO DE NORMAS

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Em linha com uma das prioridades pedidas pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) no meio do ano passado, as entidades reiteram também a importância da previsibilidade regulatória para esta indústria, tanto para garantir o cumprimento das normas quanto para dar confiança aos passageiros. "Companhias aéreas, aeroportos e fornecedores precisam aviso prévio que permita um planejamento adequado para operar de forma eficiente e segura. Por outro lado, os passageiros planejam suas viagens com antecedência e a mudança nos requisitos cria incertezas e desincentivos para viajar", aponta o comunicado.

De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), em 2020 a indústria do Turismo global regrediu 30 anos, com 1 bilhão a menos de chegadas de viajantes e perdas de aproximadamente US $ 1,1 trilhão em receitas do Turismo internacional. Por sua vez, o WTTC informou que cerca de seis milhões de empregos na indústria de viagens e turismo e mais de US$ 110 bilhões de contribuição para o PIB estão em risco apenas na América Latina e no Caribe.

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